quarta-feira, 29 de junho de 2011

Vasco da Gama X Cruzeiro: esperava diferente...

Olá amigos,

Ao final do primeiro tempo já havia decidido qual seria a temática da análise da partida entre Vasco e Raposinha. Ficará nítido: o Vasco entra em campo e se posiciona no 4-4-2 mais clássico de todos.



Tudo friamente calculado, já sabendo que enfrentaríamos o técnico brasileiro mais retranqueiro de todos os tempos. Tão calculado, que Ricardo Gomes não previu apenas a retranca, mas sua eficiência nos contra-ataques. Para neutralizar, simples: marcação adiantada por setores, de maneira que quando nosso flanco direito avançava na marcação, o esquerdo recuava e se centralizava para fechar os espaços: essa é a cautela necessária numa situação de marcação avançada e pressionando, pois os lançamentos tornam-se perigosos demais.

Ofensivamente, favorecemos o jogo pelas laterais e pontas para tentar furar a retranca joelina. Se não fosse a aversão de Éder Luís a algo chamado GOL, teríamos saído do primeiro tempo com um número diferente de zero ao lado do nosso nome no placar eletrônico. Éder foi altamente eficiente para furar em velocidade e com habilidade a retranca da formação em duas linhas defensivas de Joel, porque ao cair pelas duas pontas para receber lançamentos (novamente, destaque para Dedé), enfiadas e bola e triangulações principalmente com os laterais (que estão bastante avançados) as oportunidades apareceram de maneira bastante nítida. Mas não coloquemos toda a responsabilidade sobre o Éder, pois apesar de um início mais difícil, as bolas começaram a chegar ao Alecsandro e ele também não fez sua principal função.

Ainda ofensivamente, setor que mais temos que falar pois foi o que mais trabalhou, gostaria de destacar a variação de posicionamento dos meias e a chegada "surpresa" de Eduardo Costa. Em articulação com os laterais, foi isso que nos possibilitou criar algum perigo. Ainda assim, terminamos o primeiro tempo inoperantes.

Terminamos de um jeito, começamos do mesmo. Mesma formação, inicialmente a mesma pressão. Mas um descuido exatamente com a eficiência dos times do Joel, com sua fórmula mágica (nada mágica) que todos conhecem: retranca e bola parada. Um gol que levamos de maneira recorrente nos últimos jogos. E por isso, não podemos culpar nosso técnico. Infelizmente, nossa defesa teve uma atuação rídícula naquele lance. Gol por bola alçada na área: isso dará margem a inúmeras reclamações sobre a falta de qualidade dos cruzamentos dos nossos laterais, mas sustento a posição de que essa não é a principal característica deles e que, portanto, não podemos esperar cruzamentos magistrais.

Hoje, porém, não posso deixar de comentar as mudanças de Ricardo Gomes. Seu estilo "seis por meia duzia" sempre na metade do segundo tempo não foi nada interessante para um Vasco perdendo e ensaiando uma pressão sobre o Cruzeiro. Ramon por Marcio Careca e Elton por Alecsandro não muda nosso time em absolutamente nada. Por que não fazer algo mais ousado, por mais que nosso banco de reservas estivesse desfalcado do nosso maior trunfo?

Ricardo Gomes continua reproduzindo o clássico 4-4-2 que não estava sendo efetivo, mantém a formação e depois vai para o "tudo ou nada" colocando Leandro em campo, no lugar de Eduardo Costa. E é no tudo ou nada que levamos mais dois gols em falhas defensivas totalmente compreensíveis num momento em que o desmonte do esquema tático vascaíno, que atacava desorganizado e com quase todos os jogadores, já era nítido por questões emocionais. Tanto no lance do belo gol de Montillo e no lance do penalty de Dedé nosso sistema defensivo se resumia a Fernando Prass, Anderson Martins e Dedé, por onde sairam os gols.

Diego Souza não existiu em campo. Por que não colocar o Leandro no seu lugar e partir para o 4-3-3, centralizando o Felipe (que não vinha bem, mas costuma render por ali em seus lampejos)? Essa deveria ter sido a primeira substituição! A partir daí, teríamos a opção de colocar ainda o Allan no lugar do Eduardo Costa, atuando como um volante bem ofensivo, ou mesmo como meia ao lado do Felipe!

Ainda assim, resta dizer que foi uma vitória da eficiência. Isso resume o jogo.

Novamente, começamos muito eficientes na defesa e fomos pouco eficientes no ataque. É esse o padrão do Vasco da Gama que temos visto. E falo em padrão para introduzir o assunto da promessa da última postagem: havia três opções de temas para falar nessa partida. Como disse no início, logo escolhi falar da variação tática do Vasco, mas esperava falar com ânimo. O Vasco não apresenta um padrão nítido. Atuamos a cada partida em uma forma diferente de 4-4-2, com variações entre ataque e defesa em quase todas elas, e já utilizamos também um 4-5-1 pouco comum. Mas todas as formações taticamente muito bem organizadas: todos sabiam suas funções e foram disciplinados taticamente, ainda que possamos destacar boas e más atuações individuais.

O que gostaria de ressaltar é que isso demonstra uma atitude deliberada da comissão técnica. Tudo é pensado, treinado e planejado segundo o adversário que enfrentaremos. Hoje deu certo no primeiro tempo e em parte do segundo (se não fosse a falta de gols), até o momento em que ficamos em desvantagem. Contra o Dragão goiano, o mesmo: uma proposta para furar a retranca que deu certo rápido e uma proposta defensiva de contra-ataque. Para evitar descrições inócuas, imagens valem mais que mil palavras: revejamos algumas pranchetas representativas do que digo: para refrescar a memória melhor, sugiro que os que se interessarem dêem uma olhada nas análises anteriores. Ficará claro o que resumo abaixo.
Ceará X Vasco











Grêmio X Vasco











Atlético - GO X Vasco:











Notemos, então, amigos que em cada uma dessas partidas, e também na de hoje, utilizamos formações e variações diferentes. Contra o Ceará, ficamos no 4-4-2, variando de losango para quadrado no meio; contra o Grêmio saimos do 4-4-2 em losango para terminar a partida num 4-5-1 com Éder Luís compondo o meio; e contra o Atlético - GO jogamos quase o tempo todo em 4-5-1. Ora, vemos que Ricardo Gomes usa bem as variações do 4-4-2, e traz um diferencial europeu: o forte treinamento tático. Nosso time se organizou bem de acordo com a proposta em cada uma dessas oportunidades. A variabilidade aumenta se lembrarmos a semi-final contra o Avaí na Ressacada, onde usamos o 4-4-2 clássico, algo próximo de um 4-3-3 e uma formação que daria para chamar de 4-5-1, posicionando Rômulo como zagueiro.

Termino, então a porção temática do post com uma pergunta: um padrão tático específico é realmente necessário? 

Acho que minha resposta a essa questão fica óbvia.

Um abraço,
nos recuperaremos contra o Corinthians!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Atlético - GO X Vasco da Gama: gosto de...

Vitória!

Dessa vez, tivemos uma vitória com gosto de vitória, temperada com uma boa dose de emoção! Foi a típica vitória difícil fora de casa, como imaginado no post anterior: um gol bastante inesperado, um Vasco excessivamente recuado (mas extremamente bem postado na sua defesa), chances claras de gol para os dois lados.

Não podemos deixar de elogiar, mas temos hoje o que criticar na nossa postura. Se contra o Grêmio jogamos como gigantes, hoje tivemos muito mais dificuldades para dizer ao pequeno time goiano que somos o Club de Regatas Vasco da Gama. A  principal diferença é que ao fim de tudo conseguimos um resultado muito importante e tivemos uma rodada favorável. Mas tivemos também diferenças táticas bastante consideráveis. Como se trata de um blog tático, vamos a elas!

Edit: Gostaria de destacar aqui, após ler as colunas do Julio Cesar (Blog do Torcedor, e Os 4 Grandes, altamente recomendadas, nos links ao lado direito), algo que dei pouca importância ao longo deste comentário, apesar de ter tocado no assunto. Nossas dificuldades no ataque não se devem apenas a uma postura taticamente defensiva imposta pelo técnico, mas também (e em uma medida não desprezível) à deficiências do nosso setor ofensivo, já que Diego Souza participou pouco, Felipe tinha obrigações de marcação importantes e Éder Luís tinha que se posicionar a partir da intermediária defensiva. Assim, não havia como esperar muito do Alecsandro além do seu esforço já conhecido pelos vascaínos.

Começo a análise desta partida constatando uma sorte que tive: fiz uma postagem pré-jogo sobre a função dos laterais. Sorte porque nosso gol saiu numa jogada pela lateral diferente daquela que chamei de "senso comum", que é o lateral cruzando da linha de fundo: nossos laterais raramente foram ao fundo, mas não se abstiveram completamente do ataque. Nosso gol saiu de uma jogada em que o atacante avança até o fundo pela ponta direita e cruza rasteiro para a penetração do centro-avante (que erra, mas a bola sobra para o Maestro, que soube muito bem o que fazer)! E esse gol com um minutinho de jogo já demonstra a proposta do Vasco para o primeiro tempo: pressionar na intermediária defensiva e sair em velocidade para o ataque. 

Apesar de termos iniciado a partida com o clássico quadrado no meio-campo e com Éder Luís se alternando entre a ponta direita e a ponta esquerda (como de costume), logo tivemos uma formação pouco vista por aí, mas bastante eficiente na defesa e saída para o contra-ataque. Como procuramos administrar o resultado por mais de 90 minutos de jogo, apresentamos basicamente uma formação durante quase toda a partida, sem grandes variações entre condições de ataque e defesa. Infelizmente, no decorrer da partida recuamos demais e passamos a correr mais riscos e a ameaçar menos. Vejamos, então, a disposição tática mais significativa do Vasco:

A prancheta de hoje, atípica e confusa pede esclarecimentos mais detalhados. A maior parte do tempo, o Vasco esteve posicionado em 4-5-1, com essa "cruz" no meio campo. Rômulo se posicionou entre os zagueiros, e na proteção deles, já que hoje a cobertura dos laterais não foi obrigação dos volantes, mas dos zagueiros. Por ali, Anderson Martins e Dedé fizeram um bom trabalho. Quando um deles saía na proteção, Rômulo ocupava seu lugar e Eduardo Costa ocupava o do nosso jovem volante.

Merece destaque também o alinhamento de Éder Luís, Eduardo Costa e Felipe. O que fazia o mineirinho ali naquela posição? Graças a seu grande fôlego, tinha a preocupação de ocupar espaços ali (mais efetivamente marcados pelo Costa), puxar contra-ataques e receber lançamentos pelo flanco direito do campo. Merecem destaque aí os bons lançamentos de Prass (que muito me surpreenderam) e do Dedé. Felipe, com mais obrigações defensivas desempenhava uma função semelhante pela esquerda fazendo, porém, a bola correr mais com enfiadas, articulação cadenciada e distribuindo com o Diego Souza. Nesses momentos de distribuição mais cadenciada (que tomam pouca porção da tônica do jogo) retomávamos o 4-4-2 em quadrado, com Rômulo e Felipe pela esquerda, Costa e D. Souza pela direita e Éder Luís nas pontas (um detalhe: inversões momentâneas em que Felipe caía pela direita).

A centralidade de Diego Souza no meio-campo ofensivo dava a ele a possibilidade de distribuir para a esquerda ou para a direita em situação de contra-ataque, bem como de cair por um destes flancos de maneira conjugada à flutuação lateral do Alecsandro. Assim, tivemos um meia-ofensivo com muita liberdade criativa e mobilidade. Lamento, porém, ter visto uma atuação pouco empenhada do jogador, que mostrou sua habitual entrega e força física em poucos momentos do jogo, tendo destaque um lance de quase-gol.

Isso justificou uma das alterações feitas por Ricardo Gomes (entra Bernardo, sai Diego Souza), mas esta e as outras que ocorreram no decorrer da partida geraram pouca diferença: Allan no lugar de Eduardo Costa e, por fim, Elton no lugar de Alecsandro. Todos procuraram cumprir a mesma função tática e posicionamento dos titulares: Allan com menor poder de marcação, compensado por mais velocidade e entrega; Bernardo apresentou a mesma dificuldade de posicionamento que já vinha apresentando quando entrava em campo centralizado na meia; e Elton fez o mesmo que Alecsandro, com menor mobilidade: nada.

A necessidade de esmiuçar esta confusa prancheta fez desta análise algo mais particularizado que as de costume deste blog. Para finalizar elevando o teor tático do texto, gostaria de fazer alguns breves comentários, a serem tratados em posts futuros:
1) O Vasco de Ricardo Gomes apresenta uma variação na forma de cobertura dos laterais: ora é feita pelo meio-campo, ora é feita pela zaga. Em ambos os casos, bem treinada e encaixada. Me parece que depende da nossa necessidade de povoar a intermediária defensiva.
2) Não vejo um padrão tático no taticamente bem-treinado Vasco. Nem dentro das variações de posicionamento no decorrer das partidas. Basta uma breve olhada nas pranchetas anteriores: não há repetições significativas. Me pergunto se isso é bom ou ruim, questionando mais um tabu: as equipes precisam de um padrão tático?
3) A crescente tendência de esquematizar a disposição tática dos times com vários números em vez dos clássicos três(4-4-2, 3-5-2, 4-5-1 etc.) teria um problema ao escalar esse time. Seria um 4-1-3-1-1? Uma provocação que sempre faço nas rodas de conversa sobre futebol: em breve, diremos que nossos times entram em campo no 2-2-1-2-1-1-1. A disposição tática do Vasco de hoje coloca mais uma situação que, para mim, é muito mais bem-expressa pelo simples 4-5-1.

É extremamente arriscado e temerário fazer o que fizemos hoje. Por mais bem organizado que o Vasco estivesse defensivamente, não podemos nos encolher tanto, mesmo que a proposta seja a do contra-ataque. Quando os contra-ataques não estiverem saindo, é necessario reorganizar o posicionamento pensando em atacar antes.

Um grande abraço a todos!
No meio da semana, falarei sobre um destes temas, usando, porém, a partida contra o Cruzeiro para a discussão e esperando um post com gosto de pão-de-queijo, cachaça artesanal ou alguma outra coisa tradicionalmente mineira que me deixe feliz. Seria uma profecia?

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Pré-jogo: o trabalho dos laterais

Salve, amigos vascaínos!

Domingo temos uma batalha fora de casa contra o Atlético Goianiense, do nosso querido amigo PC Gusmão!
E essa não é uma partida que podemos considerar fácil. De modo algum, pois nosso oponente vem fazendo uma campanha até o momento surpreendente para seu tamanho. Teve resultados expressivos dentro e fora de casa, e só está com seus 7 pontos (apenas 1 atrás de nós) por conta de resultados que seriam totalmente aceitáveis: uma derrota em casa para o fluminense, uma derrota na casa do figueirense e um empate fora de casa com o galo. Duas vitórias importantes: Coritiba no Paraná e uma goleada sobre o Ceará.

Porém os resultados deles não podem justificar uma postura defensiva ou acomodada do Vasco. Precisamos ganhar, pois nas duas últimas partidas fora de casa tivemos empates com sabor de derrota. É a hora de compensar, nos aproximarmos do alto da tabela e ainda por cima garantirmos um bom resultado num jogo de seis pontos.

Pra anteceder essa partida, gostaria de falar do papel do lateral no futebol. E farei isso no sentido de colocar uma opinião pouco comum quando se trata dele. Qual é o senso comum sobre o lateral?
Suas principais funções são duas: defender seu flanco e avançar por ele até a linha de fundo com ultrapassagem ou jogada individual para o cruzamento na cabeça do queridíssimo centro-avante. Há laterais mais defensivos (que pedem mais participação dos meias ou de um ponta no ataque) e há laterais mais ofensivos (que pedem mais cobertura da zaga ou dos volantes).

Esse senso comum não está errado. Claro que não (se estivesse errado, dificilmente seria uma quase-unanimidade). Venho aqui apenas me colocar contra a simplificação do trabalho do lateral e das possibilidades da posição. E isso tem a ver com o Vasco porque nossos laterais não são exatamente bons nem na defesa nem nos cruzamentos de linha de fundo. Então nossos laterais são de todo ruins?

Se considerarmos apenas o senso comum, sim, eles são fracos. E o fato de eles não estarem nesse senso comum faz nossa torcida achar que eles são realmente fracos. Mas discordo.

Pensar que esta é a única maneira de um lateral jogar é consequência de estarmos sobrevalorizando o futebol europeizado dos cruzamentos para um centro-avante bruto, de estarmos sobrevalorizando o futebol Muricyzesco que, curiosamente, não apareceu tanto assim no Santos com Neymar e Ganso, mas o cabeceio do Zé Eduardo nunca foi dispensado. Que outras possibilidades existem então? Várias, vejamos:

1) No restante do futebol Sul-Americano, os laterais jogam quase que como zagueiros, em linha com o resto da zaga e subindo pouco. Mas, ao mesmo tempo, é um futebol cheio de cruzamentos. Quem faz isso com mais frequência não é o lateral, mas o meia. Não da linha de fundo, mas da intermediária. É o conhecido sufoco por "chuveirinho". E é exatamente esse estilo de jogo que fez com que nosso lateral direito Irrazábal, que não joga assim (e portanto tem pouco espaço no seu país) tenha tentado a vida, sem sucesso por suas limitações, no Vasco da Gama.

2) Existe também a possibilidade de o lateral jogar da zaga até a meia. Nesse caso, será um jogo mais defensivo, e ele será responsável pelo tal chuveirinho e pela articulação do jogo com um meia centralizado ou com um ponta, que fará a função de chegar ao fundo. No fim das contas, é uma posição intermediária entre o lateral defensivo do qual falamos anteriormente e um lateral mais ofensivo, que é aquele que vai à linha de fundo (o senso-comum: como o Mariano, quando jogou bem no Fluminense com o Muricy) ou que é o que falo na possibilidade 3, aqui abaixo.

3) Deixei para o final o caso em que nossos laterais mais se enquadram, e que, acredito, têm por aí seu valor. Ainda que eu reconheça as limitações de Fagner e Ramon (este principalmente): seus cruzamentos dificilmente dão certo; e pedem uma cobertura específica na defesa, eles têm características bastante interessantes. São muito bons de visão de jogo, posicionamento, velocidade e na hora de partir pra cima do adversário. O que fazer então se eles cruzam mal? É o tipo de lateral ofensivo, que joga nas costas do lateral adversário, mas com a bola no pé. Seu jogo é chegar em velocidade sendo lançado por alguém ou tabelando do meio-campo e a partir daí criar duas possibilidades: invadir a área na jogada individual pela ponta ou pelo fundo; ou tabelar/enfiar para o centro-avante ou ponta, dependendo da situação. Fazendo isso, com uma boa cobertura, nossos laterais podem ter muito valor, desde que a torcida, os comentaristas, o mundo entendam que existe vida além dos cruzamentos e linha de fundo.

Essa é a terceira possibilidade. É a que mais me agrada em termos de futebol. E funcionou por muito tempo, mas é hoje curiosamente ignorada. O que seria do maior centro-avante de todos os tempos, Romário, se o mundo do lateral se resumisse ao cruzamentos? Ora, isso nos leva a pensar que nem todo o centro-avante precisa ser um cabeçeador nato. E esse é o assunto do próximo pré-jogo.

Devo apenas ressalvar, para aqueles que fazem leituras rígidas, que nenhum lateral no mundo, em esquema tático algum, joga apenas de uma maneira. Todos eles mesclam possibilidades diversas. Então, não advogo para que nossos laterais se abstenham do chuveirinho ou da linha de fundo. Muito menos, espero que apenas defendam. Simplesmente digo que eles não devem ter como seu principal jogo o cruzamento e nem devem pensar que sua função é principal e exclusivamente a defesa. Espero ver enfatizada a estratégia 3 em nossos laterais, mas 1, 2 e o senso comum não podem deixar de estar presentes em determinados momentos.

Saudações, amigos!
G.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Grêmio x Vasco: gosto de...

Derrota.
Sim, temos a retomada do nosso blog em clima de derrota.

Segundo a mentalidade para ser virtualmente campeão brasileiro, em que empate fora de casa é vitória, e empate dentro de casa é derrota, podemos então dizer que o jogo de ontem foi uma vitória com gosto de derrota pro Gigante, e uma derrota com gosto de vitória para os gaúchos listrados.
Só o Campeonato Brasileiro pra nos proporcionar algo assim. Nós, que poderíamos estar satisfeitos, não estamos. E o time do churrasqueiro, que deveria sair com o sentimento de derrota, sentiu o alívio, pensando que aconteceu o "menor pior".

Isso porque criamos muitas chances, mas fizemos o gol na jogada mais improvável. E quando pensamos (e isso inclui nosso sistema defensivo) que já estava tudo na paz de Deus, uma falha de marcação e posicionamento empata o jogo. Uma jogada simples, mas que recorrentemente vem nos criando problemas: o cruzamento pela esquerda.

Ainda no clima de otimismo pós Copa do Brasil, vejo mais "lado bom" do que defeitos. O Vasco se comportou como deve. Não se intimidou, jogou melhor durante a partida, e impôs sua maneira de jogar. Nossa estrela brilhou no penalty defendido, mas fraquejou antes do apito final. Claro que nossa boa postura é facilitada pelo time bastante fraco do Grêmio, que, para os jogadores que tem, está até bem (palavras do próprio Renato Gaucho).

Vejamos, então, o Vasco em campo. Como de costume, apresentamos a variação de posicionamento entre as formações de ataque e defesa, mas uma variação mais sutil do que de costume. Daí decorre o fato de eu acreditar que AINDA NÃO temos o famoso padrão tático.

Se me perguntarem: "Como o Vasco jogou ontem?", eu responderia de pronto que jogamos com o meio em losango. Claro que essa é uma opinião, e um posicionamento diferente dos que eu vi em outros blogs que costumo dar uma olhada, mas penso que se sustenta. Além disso, me achamou a atenção o fato de termos jogado com uma defesa bastante compacta, mas com o setor ofensivo bastante disperso, tentando abrir espaços na defesa gremista e trazendo a marcação deles pro nosso campo. Estratégia que foi bastante efetiva.

No ataque:



Nossa postura, então, era de um ataque esparso principalmente pelo flanco esquerdo, onde Ramon teve liberdade e boa interação com Felipe, enquanto Alecsandro procurava fazer o pivô e distribuir as jogadas centralizadas e Diego Souza chegava no apoio pelo meio. Felipe foi menos presente do que de costume, porque adotamos uma postura mais defensiva, onde nosso maestro pouco ocupou sua posição de maior rendimento. Aquela posição era de Diego Souza, que não se deslocava para as pontas como em outras ocasiões.

Estava, então, cumprido o objetivo de Ricardo Gomes: um ataque relativamente incisivo (com um corredor na esquerda e mais articulação pelo meio e direita), com maior solidez defensiva. E deu certo durante a partida. Defensivsamente, a direita mais povoada dava conta da marcação do lateral e ponta direita gremistas, enquanto o time gaucho atacava com menos jogadores pela esquerda:



Com Rômulo na sobra da zaga, com dois jogadores na função de segundo volante e na cobertura dos seus respectivos laterais (Allan e Felipe, por quem passava o início da retomada do Vasco) e com um meio campo compacto, possível pela centralidade de Diego Souza e pelo nítido recuo de Éder Luís na ala direita para ocupar espaços e partir em velocidade no contra-ataque, quando Alecsandro se posicionava um pouco mais à direita, fomos perigosos sem sofrermos grandes perigos, a não ser em pequenos apagões desse sistema muito bem organizado.

São essas as "fotografias áreas", coisa de Professor de Geografia, que nos mostram a maior parte do jogo. Entretanto pouco nos falam dos momentos em que o jogo foi decidido. Isso porque o resultado do jogo ficou definido quando, no Vasco, já estavam em campo Bernardo e Jumar, nos lugares de Diego Souza e Felipe (machucado). Isso significou um padrão tático diferente, mais defensivo, porém mais agressivo (Jumar que o diga) no meio-campo.

De diferente, temos que Romulo deixou de fazer o "falso terceiro zagueiro", e se colocou como primeiro volante, mais pela esquerda, enquanto Jumar se posicionou pela direita, se movimentando muito pra marcar e dando um combate mais avançado, junto com Allan que ficou mais responsável pela saída de bola. Além disso, a centralidade de Diego Souza no meio-campo dá espaço à abertura de Bernardo pela esquerda, com liberdade para fechar para o meio ou avançar pela ponta-direita, de onde saiu seu improvável e sortudo gol. Com isso, Éder foi deslocado pela esquerda, e Alecsandro ficou centralizado, mas saindo mais da área para buscar jogo na ponta esquerda, alternando com Éder Luís.



Com a tranquilidade do nosso gol pouco provável, num momento em que o Vasco perdia espaço em campo após relativo domínio da partida, o time relaxou. Sofremos um gol que comumente temos visto o Vasco levar: como já disse, cruzamento da esquerda. O Grêmio pouco vinha jogando por aquele lado, e numa jogada fácil, já que o gremista subiu sozinho no meio de três jogadores que costumam ir bem nas bolas aéreas, sofremos o gol que sacramentou nossa vitória com gostinho de derrota.

Para não dizer que não fez nada pra tentar resolver, Ricardo Gomes troca 9 por 39. Elton entra com menos mobilidade que Alecsandro, sua característica comum, e nada fez. Mas não podemos culpá-lo.

Vimos mais dois pontos irem por água abaixo. Agora temos dois possíveis argumentos: o primeiro, o oficial do Vasco, diz que o campeonato está no início, e podemos reverter a situação; o segundo, o dos pessimistas, diz que esses 4 pontos podem ser fundamentais ao Vasco no futuro. Acredito na primeira posição. No Campeonato Brasileiro só nos interessa a primeira colocação, e os últimos anos nos mosram que os campeões não necessariamente começaram bem, mas fizeram uma boa reta final; tivemos uma boa atuação, já que jogamos com grandeza num estádio onde é comum o apequenamento de outros clubes (JOGAMOS COMO VASCO DA GAMA); temos um elenco com poucas deficiências para um campeonato longo.

Acompanhemos o futuro. Com esperança de boas emoções, boas atuações.

Saudações Vascaínas!

Retornando de um afastamento compulsório...

Amigos vascaínos,
após um afastamento não-explicado estou de volta.
Viagem de trabalho, período de muito trabalho obrigatório me desestimularam a manter o blog.
Na realidade, fazer um blog com alguma qualidade, que ainda tem muito o que ser melhorada, dá muito trabalho. Por pouco, quase desisti e abandonei o barco...
Mas novamente motivado por discordar de outras análises táticas vistas por aí, colocarei em breve um post sobre o jogo de ontem: Grêmio x Vasco.

Um abraço a todos!