segunda-feira, 27 de junho de 2011

Atlético - GO X Vasco da Gama: gosto de...

Vitória!

Dessa vez, tivemos uma vitória com gosto de vitória, temperada com uma boa dose de emoção! Foi a típica vitória difícil fora de casa, como imaginado no post anterior: um gol bastante inesperado, um Vasco excessivamente recuado (mas extremamente bem postado na sua defesa), chances claras de gol para os dois lados.

Não podemos deixar de elogiar, mas temos hoje o que criticar na nossa postura. Se contra o Grêmio jogamos como gigantes, hoje tivemos muito mais dificuldades para dizer ao pequeno time goiano que somos o Club de Regatas Vasco da Gama. A  principal diferença é que ao fim de tudo conseguimos um resultado muito importante e tivemos uma rodada favorável. Mas tivemos também diferenças táticas bastante consideráveis. Como se trata de um blog tático, vamos a elas!

Edit: Gostaria de destacar aqui, após ler as colunas do Julio Cesar (Blog do Torcedor, e Os 4 Grandes, altamente recomendadas, nos links ao lado direito), algo que dei pouca importância ao longo deste comentário, apesar de ter tocado no assunto. Nossas dificuldades no ataque não se devem apenas a uma postura taticamente defensiva imposta pelo técnico, mas também (e em uma medida não desprezível) à deficiências do nosso setor ofensivo, já que Diego Souza participou pouco, Felipe tinha obrigações de marcação importantes e Éder Luís tinha que se posicionar a partir da intermediária defensiva. Assim, não havia como esperar muito do Alecsandro além do seu esforço já conhecido pelos vascaínos.

Começo a análise desta partida constatando uma sorte que tive: fiz uma postagem pré-jogo sobre a função dos laterais. Sorte porque nosso gol saiu numa jogada pela lateral diferente daquela que chamei de "senso comum", que é o lateral cruzando da linha de fundo: nossos laterais raramente foram ao fundo, mas não se abstiveram completamente do ataque. Nosso gol saiu de uma jogada em que o atacante avança até o fundo pela ponta direita e cruza rasteiro para a penetração do centro-avante (que erra, mas a bola sobra para o Maestro, que soube muito bem o que fazer)! E esse gol com um minutinho de jogo já demonstra a proposta do Vasco para o primeiro tempo: pressionar na intermediária defensiva e sair em velocidade para o ataque. 

Apesar de termos iniciado a partida com o clássico quadrado no meio-campo e com Éder Luís se alternando entre a ponta direita e a ponta esquerda (como de costume), logo tivemos uma formação pouco vista por aí, mas bastante eficiente na defesa e saída para o contra-ataque. Como procuramos administrar o resultado por mais de 90 minutos de jogo, apresentamos basicamente uma formação durante quase toda a partida, sem grandes variações entre condições de ataque e defesa. Infelizmente, no decorrer da partida recuamos demais e passamos a correr mais riscos e a ameaçar menos. Vejamos, então, a disposição tática mais significativa do Vasco:

A prancheta de hoje, atípica e confusa pede esclarecimentos mais detalhados. A maior parte do tempo, o Vasco esteve posicionado em 4-5-1, com essa "cruz" no meio campo. Rômulo se posicionou entre os zagueiros, e na proteção deles, já que hoje a cobertura dos laterais não foi obrigação dos volantes, mas dos zagueiros. Por ali, Anderson Martins e Dedé fizeram um bom trabalho. Quando um deles saía na proteção, Rômulo ocupava seu lugar e Eduardo Costa ocupava o do nosso jovem volante.

Merece destaque também o alinhamento de Éder Luís, Eduardo Costa e Felipe. O que fazia o mineirinho ali naquela posição? Graças a seu grande fôlego, tinha a preocupação de ocupar espaços ali (mais efetivamente marcados pelo Costa), puxar contra-ataques e receber lançamentos pelo flanco direito do campo. Merecem destaque aí os bons lançamentos de Prass (que muito me surpreenderam) e do Dedé. Felipe, com mais obrigações defensivas desempenhava uma função semelhante pela esquerda fazendo, porém, a bola correr mais com enfiadas, articulação cadenciada e distribuindo com o Diego Souza. Nesses momentos de distribuição mais cadenciada (que tomam pouca porção da tônica do jogo) retomávamos o 4-4-2 em quadrado, com Rômulo e Felipe pela esquerda, Costa e D. Souza pela direita e Éder Luís nas pontas (um detalhe: inversões momentâneas em que Felipe caía pela direita).

A centralidade de Diego Souza no meio-campo ofensivo dava a ele a possibilidade de distribuir para a esquerda ou para a direita em situação de contra-ataque, bem como de cair por um destes flancos de maneira conjugada à flutuação lateral do Alecsandro. Assim, tivemos um meia-ofensivo com muita liberdade criativa e mobilidade. Lamento, porém, ter visto uma atuação pouco empenhada do jogador, que mostrou sua habitual entrega e força física em poucos momentos do jogo, tendo destaque um lance de quase-gol.

Isso justificou uma das alterações feitas por Ricardo Gomes (entra Bernardo, sai Diego Souza), mas esta e as outras que ocorreram no decorrer da partida geraram pouca diferença: Allan no lugar de Eduardo Costa e, por fim, Elton no lugar de Alecsandro. Todos procuraram cumprir a mesma função tática e posicionamento dos titulares: Allan com menor poder de marcação, compensado por mais velocidade e entrega; Bernardo apresentou a mesma dificuldade de posicionamento que já vinha apresentando quando entrava em campo centralizado na meia; e Elton fez o mesmo que Alecsandro, com menor mobilidade: nada.

A necessidade de esmiuçar esta confusa prancheta fez desta análise algo mais particularizado que as de costume deste blog. Para finalizar elevando o teor tático do texto, gostaria de fazer alguns breves comentários, a serem tratados em posts futuros:
1) O Vasco de Ricardo Gomes apresenta uma variação na forma de cobertura dos laterais: ora é feita pelo meio-campo, ora é feita pela zaga. Em ambos os casos, bem treinada e encaixada. Me parece que depende da nossa necessidade de povoar a intermediária defensiva.
2) Não vejo um padrão tático no taticamente bem-treinado Vasco. Nem dentro das variações de posicionamento no decorrer das partidas. Basta uma breve olhada nas pranchetas anteriores: não há repetições significativas. Me pergunto se isso é bom ou ruim, questionando mais um tabu: as equipes precisam de um padrão tático?
3) A crescente tendência de esquematizar a disposição tática dos times com vários números em vez dos clássicos três(4-4-2, 3-5-2, 4-5-1 etc.) teria um problema ao escalar esse time. Seria um 4-1-3-1-1? Uma provocação que sempre faço nas rodas de conversa sobre futebol: em breve, diremos que nossos times entram em campo no 2-2-1-2-1-1-1. A disposição tática do Vasco de hoje coloca mais uma situação que, para mim, é muito mais bem-expressa pelo simples 4-5-1.

É extremamente arriscado e temerário fazer o que fizemos hoje. Por mais bem organizado que o Vasco estivesse defensivamente, não podemos nos encolher tanto, mesmo que a proposta seja a do contra-ataque. Quando os contra-ataques não estiverem saindo, é necessario reorganizar o posicionamento pensando em atacar antes.

Um grande abraço a todos!
No meio da semana, falarei sobre um destes temas, usando, porém, a partida contra o Cruzeiro para a discussão e esperando um post com gosto de pão-de-queijo, cachaça artesanal ou alguma outra coisa tradicionalmente mineira que me deixe feliz. Seria uma profecia?

3 comentários:

  1. Lerei, marcando comentário, rs

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  2. Parabéns pelo espaço. Mais uma forma interessante de analisarmos e entendermos nosso Vasco.

    Já Está na lista de links lá do blog.

    Na quarta não poderemos ser tão defensivos, pois precisaremos passar pela retranca do Velho Joel.

    Abraço e sds vascaínas!

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  3. A próxima partida é em casa e o Joel chegou há pouco no Cruzeiro. Com certeza teremos que furar uma forte retranca, o que significa que precisaremos de empenho, criatividade e dos nossos laterais.
    Penso que a jogada mais perigosa poderá ser a do mesmo tipo que originou nosso gol contra o dragão goiano...
    Veremos!
    Abraço, obrigado pelos comentários!

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