segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Nenhuma surpresa... (INT x VAS)

Perder para o Internacional no Beira-Rio não é vergonha para ninguém.
Oscilações de posições no disputadíssimo campeonato deste ano não são novidade para ninguém.
Jogar mal de vez em quando, ainda mais desfalcado, é algo que acontece com todos os que estão na ponta.
Ser descaradamente prejudicado pelo péssimo quadro de arbitragem da CBF é recorrente para o Vasco.

A partir destas quatro afirmações, digo também que não será surpresa que a completa negligência da mídia com relação à vergonha da partida de hoje será a tônica. Não foi o Vasco que fez vergonha: apenas perdemos. E todos perdem e ainda perderão. Basta que recuperemos um pouco. Não vi apenas o prejuízo ao Vasco, mas o nítido favorecimento indireto ao Corinthians. Ora, numa rodada teoricamente fácil para o clube paulista, temos seu principal concorrente prejudicado por um penalti ridiculamente não marcado e uma falta que originou um gol ridiculamente marcada. Vale lembrar que o fim do returno do Corinthians é também em teoria O MAIS FÁCIL de todos os seus concorrentes. O Internacional é apenas o menor dos beneficiados.

Para não falar mais dos outros e dos absurdos, começo a falar de Vasco diretamente. Ainda que tenhamos perdido e ficado nos 50 pontos, estamos nitidamente em posição de franca disputa pelo título. Basta tropeçarmos uma vez a menos que o Corinthians e não perdermos por completo a vantagem que temos sobre todos os outros. Precisaremos superar muita coisa: as partidas difíceis fora de casa (como a próxima contra o Atletico-PR), os demais confrontos diretos (que ainda estão todos por acontecer, como disse no último post sobre o Brasileirão), os constantes desfalques que vêm aparecendo e todas as outras forças escusas que estão para além do futebol em si.

Isso não é de agora: começou com o Campeonato Brasileiro, ficou marcado com a conquista da Copa do Brasil e precisa continuar para ser coroado com o penta. Não estamos ainda no momento do campeonato em que uma partida ruim nos tira do páreo, nem no momento em que uma vitória nos daria a grande chance de título. Do jeito que as coisas andam, isso só vai acontecer lá pelas três últimas rodadas. Se não é motivo de desespero, essa é ao menos mais uma situação em que poderíamos ter garantido uma posição bem mais confortável na tabela. Não deu. Vamos para a próxima: enquanto pegaremos o enfraquecido e desesperado Atlético-PR fora de casa, Corinthians terá uma partida difícil contra o Botafogo, São Paulo terá outra contra o Inter e Flamengo e Fluminense pegam partidas em casa contra times que estão mais para o meio que para a ponta da tabela. 

Teremos outra boa oportunidade de recuperação e, talvez, outra possibilidade de assumir a ponta novamente. Basta que afundemos o Atlético-PR e que o Corinthians tropece para que subamos. Precisamos aproveitar, e, para isso, precisamos de rendimento maior dos nossos jogadores-chave e da nossa maneira de jogar: a articulação no meio, a marcação nesse setor, o centro-avante e Diego Souza precisam recuperar junto com o time.

Na partida de hoje, faltou uma maneira de tomar a bola do colorado. Nosso sistema defensivo ficou enfraquecido não só pela ausência de Dedé e pela contusão de Eduardo Costa, mas pela tarde bastante mediana de Romulo, pelo comum vagar de Felipe Bastos e pela falta de preparo de Felipe, que está retornando de cirurgia. Com isso, ficou difícil marcar a velocidade e habilidade do Inter e o posicionamento falhou algumas vezes.

Mas mais do que isso: uma marca do Vasco jogando foi tomar a bola e saber o que fazer com ela, tomar a bola e jogar com qualidade coletivamente. Quem poderia fazer isso por nós hoje? Felipe voltando de cirurgia no joelho apareceu relativamente bem apenas no fim do primeiro tempo e não voltou para o segundo; Diego Souza jogou mais adiantado do que de costume; Felipe Bastos não tem tanta qualidade assim; e Romulo alterna momento de classe na saída de bola com momentos de total inaptidão para a função. Esse problema não foi resolvido. Na melhor das hipóteses, podemos afirmar que foi atenuado pelo posicionamento recuado de Éder pela direita.

Não é de hoje que precisamos superar os centro-avantes fracos que temos no elenco para conseguirmos bons resultados. Vínhamos conseguindo superar essa fraqueza com as boas articulações pela direita, com as boas atuações de Diego Souza e com lampejos destes mesmos centro-avantes. Hoje nada disso funcionou muito bem: não conseguíamos marcar bem e segurar a bola, menos ainda atacar com grande qualidade.

Todos estes problemas não são apenas técnicos como vem sendo destacado até aqui. Há questões táticas a serem vistas. Entramos em campo com um 4-3-3 com dois centro-avantes: Diego Souza (com mais liberdade para recuar pela esquerda) e Alecsandro e com um meio-campo pouco povoado, mas sólido defensivamente pelas presenças de Romulo e Eduardo Costa, complementadas pelo recuo de Felipe, Éder pela meia direita e Diego pela esquerda. Esse esquema favorece a marcação recuada, próxima à zaga, porque se os volantes saírem para o combate faltam jogadores de cobertura efetiva dessa saída.

Quer dizer, o posicionamento abaixo, por si só já indicava uma outra maneira de jogar:




Por mais que seja uma formação com 3 atacantes, jogar assim é mais defensivo do que nosso 4-4-2 em suas variações. Isso porque com 3 jogadores originalmente no meio, precisávamos esperar mais para dar o combate. Enquanto o recuo aberto de Éder protegia Fagner e preparava contra-ataques por ali, Felipe recuava na marcação junto a Jumar e Diego Souza, originalmente centro-avante, vinha centralizado para puxar contra-ataques pelo meio. Isso difere da formação da transição gradual para o ataque: Felipe centralizado na meia, Diego Souza como centro-avante que recua para a ponta-esquerda e Éder Luís na habitual ponta direita. Isso só era possível por termos dois volantes de boa marcação em campo:



Porém todo esse esquema deveria ter sido mudado com a saída de Eduardo Costa. Mas não foi: Felipe Bastos como volante não poderia fazer aquela função. A ilusão de um possível bom rendimento veio com lampejos de Felipe na organização. O problema é que perdemos um volante que é bom defensivamente porque se esforça muito, se posiciona bem e marca razoavelmente e é limitado ofensivamente para a entrada de outro que é mediano defensivamente porque não se esforça, tem um posicionamento razoável e marca mal, apesar de ser melhor ofensivamente. Era o momento de recuar Diego Souza para a meia esquerda e formar o 4-4-2 clássico ou até mesmo em losango.

Voltamos para o segundo tempo sem Felipe e com Diego Rosa. Sem um grande articulador, tivemos ainda mais motivos para jogarmos no 4-4-2. Mas Cristóvão manteve o 4-3-3 com três volantes de origem, onde dois deles se apresentavam ao ataque e Éder recuava da ponta direita para a respectiva meia a fim de buscar jogo, enquanto Diego Souza saía da posição de centro-avante para chegar um pouco mais de trás como ponta esquerda. Estava decretada a não-ofensividade, mesmo com três atacantes, porque não criávamos; e decretava-se também a falta de marcação no meio, porque faltava quantidade e qualidade na zona intermediária para parar não apenas os meias do Inter, mas também os volantes que chegavam com frequência e qualidade.



Com isso, consolidou-se o domínio colorado na partida. Se esboçamos algo no fim do primeiro tempo, no segundo nem isso: apenas alguns lances isolados. O Inter fez seu gol, o Vasco sofreu seu penalti não marcado, o Inter não sofreu a falta marcada de onde saiu o gol e depois matou completamente a vitória sólida sobre o Vasco. Eles mereceram. Jogamos muito mal tecnicamente e taticamente também: estamos tão acostumados a jogar forçando a marcação na intermediária, por que não optamos por fazer isso novamente?

A teimosia só foi dar lugar a alguma razão quando saiu Alecsandro para a entrada de Bernardo. Com um centro-avante apenas, Éder na ponta direita e 4 jogadores no meio, jogamos no esquema que deveríamos desde o início. Mas sem resultado algum. Isso tem motivos: o jogo já estava morto e continuamos sem um articulador, pois Bernardo não sabe jogar nessa função: ele tem que ser o meia-atacante que chega muito em velocidade ao ataque seja pela ponta seja tabelando pelo meio. Se não for assim, é muito difícil que ele renda.

Ora, fizemos uma péssima partida, cheios de desfalques, sem peças de reposição que responderam à altura e com a arbitragem contra. Estamos em segundo lugar, apenas um ponto atrás do líder temporário. E a mídia diz que "a mulambada chegou". Há momento mais propício para fazermos valer o "contra tudo e contra todos" que sempre disse quem é o Vasco?

Termino por aqui.

Abraços a todos!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Na Sulamericana é diferente... (Aur X Vas)

Como já havia dito antes, o projeto para a Sulamericana tem que ser diferente do para o Brasileirão. O segundo é regularidade e longo prazo; o primeiro, objeto deste post, é momento apenas isso. Já disse isso quando, nessa mesma competição, passamos pelo Palmeiras e em outras ocasiões, ainda na Copa do Brasil. Tanto no Brasileirão quando na copa que disputamos agora, não tem jogo fácil: resultados ruins são comuns e, mais importante, recuperáveis. E poderíamos ter conseguido um resultado melhor naquele momento, mesmo com time reserva, mesmo com altitude, mesmo com todas as adversidades. Foi isso que errei na previsão: depois do Palmeiras, acreditei que o duelo seguinte seria mais fácil.

Não conseguimos. E agora? Saímos vencendo, levamos o empate e uma virada com mais dois gols. Um gol fora de casa, e três sofridos. E agora? É voar em São Januário para reverter o placar ou, no mínimo, levar para além dos 90 minutos dentro de casa. Pra isso, dois imperativos: fazer gols e não levar gols. Com mais pressão, precisaremos apenas saber lidar com nossa própria torcida para cumprir nossas duas necessidades e, assim, chegarmos à próxima fase.

Repito: estamos falando de projetos de curto prazo. É isso que ganha campeonatos de mata-mata assim. Daqui a 20 dias enfrentaremos novamente o Aurora. Até lá, o Brasileirão é o que importa. Na semana da partida, voltemos a pensar novamente na Sul Americana: o foco tem que ser o difícil confronto contra o Internacional fora de casa no Domingo.

Não pude ver muito da partida porque, como alguns aqui já sabem, trabalho nas quartas-feiras à noite. Não me atreverei a desenhar taticamente o jogo. Faço apenas alguns breves comentários:

-Tivemos limitações bizarras na defesa: apenas 1 zagueiro de ofício (Douglas), o outro improvisado voltando após quase 1 ano (Nilton), um volante da base pouquíssimo experiente (Diego Rosa) e outro que é apenas um reserva mediano mesmo (F. Bastos). Ainda assim, vi a defesa se comportar bem do meio pro final do primeiro tempo e no início do segundo: ponto positivo para boas atuações técnicas e táticas de todos estes jogadores até o momento em que tudo desandou de vez.
- Sendo assim, ótima oportunidade para colocar jogadores para trabalhar em meio a frequentes desfalques no setor defensivo seja por contusões, seja pela sem-vergonhice da seleção brasileira.

- Nas laterais, Fagner continuou se destacando enquanto Julinho e Marcio Careca pelomenos não destruíram o time como têm feito. Boa partida para dar ritmo ao Julinho também.

- O meio campo ofensivo foi formado por Bernardo como meia de ofício, que chamou a responsabilidade e procurou organizar o time e teve a companhia de Leandro recuado que se esforçou, mas nada fez. A estrela do garoto brilhou no gol sortudo que poderia ter significado pra nós um grande resultado. Como não significou, ao menos amenizou o desastre.

- No ataque a inoperância costumeira: Jonathan parecia estar ainda pior do que quando subiu aos profissionais por falta de opção e Patric não tinha mesmo como piorar. Tenho até pena de falar mal dos dois: me abstenho de continuar.

- Levando poucos jogadores, Cristóvão teve poucas opções: trocou Jonathan por Allan, que entrou bem e deu gás e consistência ao meio campo; e colocou também Márcio Careca no lugar de Julinho: ambos nada fizeram. Me perguntei por que Cristovão não usou um centro-avante da base: não podia ser pior que Patric.

Desconsiderando as atuações que, apesar das críticas renderam até um certo momento superioridade ao Vasco, uma coisa me irritou: passamos tudo que eu vi da partida perdendo bolas bobas em jogadas de ataque estranhas (lançamentos bizarros, passes com erros bobos, dribles idiotas etc.). Isso foi um dos complicadores de nossa vida, somado ao cansaço que foi agravando a situação ao logo do segundo tempo e que teve Nilton, sem substituto, como a maior vítima. Espero que não retorne com ele o estigma constante de entregador de jogos.

Resumo do meio-de-semana: nada aconteceu. Esqueçamos isso, lembremos que somos líderes do Brasileirão e que teremos mais uma oportunidade de disparar. Aurora só voltará a existir imediatamente depois da 31ª rodada, contra o Bahia. E fim de papo!

Abraços!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A decisão será nos confrontos diretos! (Vas x Cor)

O primeiro deles, atualmente o mais direto, aconteceu hoje e foi decepcionante.

Tudo é minimizado pelo fato de termos nos mantido na ponta, com vantagem sobre o segundo colocado. Porém perdemos mais uma grande oportunidade de saltar na frente e abocanhar uma boa porção de tranquilidade. Continuamos líderes, mas poderíamos estar numa condição melhor. Assistimos a uma grande partida, um bom jogo de futebol, com bastante emoção e até mesmo vontade. Um jogo aberto do qual poderíamos ter saído com a vitória, mas onde qualquer resultado seria possível.

É nítido, porém, que perdemos dois pontos preciosos, e que precisaremos recuperá-los fora de casa contra o Internacional que, apesar do tropeço desta rodada, não é tarefa fácil nem de longe. Do jeito que as coisas andam, não acho nada improvável. Faltando 11 rodadas para o fim do campeonato, teremos ainda 4 confrontos claramente diretos na disputa do título (São Paulo, Botafogo, Fluminense e Flamengo) e poderíamos ainda incluir mais 2 (Inter e Palmeiras) para contemplar a imprevisibilidade e as surpresas do brasileirão. Quer dizer, teremos 6 partidas de suma importância pela frente (daquelas onde não há favorito), e mais 5 partidas contra clubes em situação menos favorecida na tabela (Avaí, Santos, Bahia, Atlético-MG e Atlético-PR)

Das partidas  de disputa clara, serão duas fora de casa, uma em casa e três em "campo neutro"; das partidas contra os que estão mais embaixo na tabela, três fora de casa e duas em casa. A tarefa de sustentar a liderança e, ao mesmo tempo, recuperar pontos perdidos será difícil, mas favorecida pelo fato de que ainda estamos por enfrentar quem nos preocupará no futuro. O empate de hoje foi fruto de falhas bisonhas que não podem ocorrer: apagões gerais nos sistemas ofensivo e defensivo do time, que durante boa porção da partida fez até uma atuação razoável, mas aquém do que pode mostrar.

Mas não é porque ocorreram falhas individuais que podemos isentar o coletivo. Todo clube bem treinado que se preze precisa contar com o fato de que, invariavelmente, todos os jogadores em todas as posições erram. Este erro precisa ser previsto e coberto pelos companheiros. Futebol é jogo coletivo. Os dois gols do Corinthians vieram de situações de falhas individuais não cobertas pelo sistema defensivo por causa de outras falhas, táticas.

Gostei da escalação do Cristóvão. Não inventou e colocou um time bastante semelhante ao que vinha fazendo boas partidas recentemente. Durante um bom tempo funcionou, ainda que não tenhamos feito uma grande pressão sobre o Corinthians. A mesma variação de posicionamento de Diego Souza evidenciada no último post; a mesma função articuladora de Juninho; Éder aberto na ponta direita jogando com Fagner e com a participação do Reizinho; os volantes saindo alternadamente da frente da zaga para o combate. Tudo certo, exceto o esquema de marcação do flanco esquerdo defensivo: Márcio Careca levando um baile, sem cobertura específica ou combate antecipado (que poderia ser feito por Diego Souza) para evitar o mano-a-mano. Está aí uma questão de posicionamento e funcionamento do time que precisava ser resolvida através de compensação na marcação.



Jogando assim ofensiva e defensivamente, fizemos nossos gols sem grandes dificuldades. Errando assim ofensiva e defensivamente, entregamos o jogo com muita facilidade. Nossa jogada pela direita funcionou como sempre, muito acionada, mas utilizamos ainda menos a centralização e a distribuição pela esquerda. Este último problema foi percebido por Cristóvão, porque o Corinthians dava espaços ali, mas tínhamos Márcio Careca fazendo o seu "de sempre" e Diego Souza extremamente marcado, principalmente quando aparecia na ponta esquerda. Parece que Tite organizou um esquema voltado para neutralizar nosso lado direito (nisso, ele teve sucesso parcial) contando que nas jogadas pela esquerda temos uma dificuldade natural imensa.

Quer dizer, nossas maiores dificuldades foram por irregularidades individuais: Marcio Careca, Diego Souza, Eduardo Costa, Elton, Alecsandro e o próprio Dedé não estiveram num grande Domingo. Até mesmo o próprio Juninho, que jogava no sacrifício, fez uma partida abaixo do que vinha apresentando: completamente justificável e aceitável. Acontece que irregularidades individuais são completamente naturais e precisam ser previstas no treinamento da equipe: é algo de rara beleza no futebol o dia em que um time TODO faz grandes atuações individuais.

O normal é possuirmos esquemas de pequenas variações táticas que compensem a insegurança do jogador A ou do jogador B. No caso de ontem, Marcio Careca e, talvez, Eduardo Costa precisavam disso. E eu apostaria numa solução simples: e vez do 4-4-2 clássico que vínhamos apresentando, uma transformação para o Losango recuando um pouco Juninho na direita, avançando um pouco Costa na esquerda e centralizando Diego Souza poderia nos dar uma proteção extra na defesa do lado esquerdo e um povoamento maior no meio campo, por onde o Corinthians jogava menos. Vejamos essa possibilidade:



Mais ainda isso deveria ter sido feito quando Juninho sentiu de vez a panturrilha. Cristóvão acertou em colocar Allan em campo. Ainda era cedo para o Felipe. Mas errou ao manter o mesmo esquema de posicionamento: a juventude e o corriqueiro esforço de Allan poderiam ter compensado a saída do organizador do time se ele fosse mais recuado para marcar e buscasse mais a saída em velocidade com Éder e Fagner. Sem Juninho e sem uma marcação muito forte, começamos a apresentar dificuldades para manter a posse de bola.

Como Alecsandro já havia entrado no lugar de Elton (provavelmente com o intuito de ganhar ritmo para as próximas partidas, já que Elton está suspenso) sem mudar o panorama da partida, só restava uma possibilidade para colocar FelipeAtuações que me deixam na dúvida: Bernardo é bom e está em má fase ou é ruim e estava em grande fase?

Com Éder ainda fora de ritmo pela contusão, Cristóvão apostou na velocidade de Bernardo (escalando-o na esquerda ao deslocar Diego para a direita, mas permitindo a troca de posição dos dois), quando poderia ter apostado na genialidade de Felipe. Manter a bola no pé estava difícil: poderíamos ter armado um 4-5-1 com Diego na meia esquerda, Felipe centralizado e Allan na meia direita. Diego poderia subir para a posição de centro-avante, como vem fazendo, ao mesmo tempo em que poderia acontecer de Alecsandro receber uma bola perfeita para o gol. Seria uma aposta, uma possibilidade. Não foi isso que aconteceu, e futebol não existe pensando no "se", mas vi aí o erro de Cristóvão: faltou apostar na variação tática.


Penso diferente do comentário geral de outros torcedores, que colocaram erros desde a substituição de Juninho por Allan, desde a escalação de Marcio Careca sem ter outra opção, desde a escalação de Eduardo Costa, que é um líder e vem jogando bem. Não. Pra mim, seus únicos erros foram não compensar taticamente os jogadores que vinham mal na partida e não colocar Felipe em campo aos 30 do segundo tempo.

Talvez a escalação de Felipe não tivesse resolvido nosso problema que já estava presente no 2 x 2. Mas compensações poderia ter amenizado nossos apagões técnicos e táticos: dois gols sofridos em contragolpes quando começávamos a sair para o ataque. Essa é a situação mais mortal: uma delas dada ao Corinthians pelo Marcio Careca e outra dada pelo Alecsandro. Na primeira, ainda tivemos uma falha de marcação da zaga: Dedé estava marcando no lugar certo e SAIU para marcar a bola. Um erro básico que nunca tinha visto cometer. Na segunda, um passe de calcanhar mal-dado e mais uma jogada pela nossa esquerda defensiva: ninguém abafou o cruzamento, e Dedé deixou o gigante Fagner para marcar o anão Danilo, quando não havia mais nenhum Corinthiano posicionado na área.

Nem Dedé, o melhor zagueiro do Brasil, se salvou das falhas ontem. Ele não merece nem de longe críticas duras, mas isso mostra uma realidade que parecia que estávamos esquecendo. Ainda que seja o melhor do Brasil, Dedé é um ser humano sujeito a erros. Ele errou ontem e errará mais, assim como qualquer jogador. Pelo seu futebol, é possível que a intensidade e gravidade dos seus erros sejam menores, mas existirão erros. Se precisamos aprender algo com esse resultado frustrante é que todos erram individualmente, mas quando ocorre um erro individual não corrigido pelo grupo, todos erram coletivamente. Sofremos os gols assim.

Agora é olhar pra frente, porque temos um novo confronto difícil no final de semana, entremeado por uma partida fora de casa pela Sul-Americana. Penso que é ela o momento para dar ritmo a bons jogadores como Felipe e Nilton. Espero que viajem, e espero que entrem na metade do segundo tempo para que tenhamos melhores opções contra o Inter.

Somos líderes. Se pensarmos friamente, nosso dever ainda está cumprido. O que não pode ocorrer é falharmos quando todos acertarem. Por enquanto, andamos com alguns tropeços, mas com recuperações importantes! Então, avante, líder!

Abraços!

domingo, 25 de setembro de 2011

O troco, com muito mais estilo! CRU x VAS

Vitória por 3 a 0. Fora de casa. Começando o segundo terço do returno com uma recuperação interessante. Disputamos  21 pontos e conquistamos 14. Isso significa um aproveitamento bom nesse começo de returno, mas mais que isso: significa o inesperado.A próxima rodada terá um grande confronto direto 1º e 2º colocados, em casa. Hoje, a diferença de Vasco para Corinthians é de 2 pontos. Uma vitória no Domingo significaria abrir uma vantagem de 5 pontos com relação ao Corinthians, e uma vantagem de NO MÍNIMO três pontos para o segundo colocado. Novamente, teremos uma grande oportunidade num momento crucial do campeonato!

Que maravilha!
O toque de rara genialidade de Diego Souza temperou uma merecida vitória que nos garantiu mais uma rodada no alto da tabela. Quem dera essa genialidade tivesse aparecido com mais frequência! Mas bem comentou o Junior na transmissão da Globo (um dos únicos comentaristas que  não chega ao extremo do ridículo na emissora): Diego Souza apenas teve uma partida tão iluminada porque o Vasco jogou. O coletivo foi fundamental, porque foi apoiado no grupo. E na relação do coletivo com a individualidade que construímos essa vitória!

Dispensando mais comentários e elogios por enquanto, vamos ao objeto do blog!

Posicionamento ofensivo e defensivo em 4-4-2 (losango), atacando e defendendo em bloco. No ataque, participação ativa dos laterais, com companhia recuada do volante daquele lado. Ou seja, o lateral sempre tem uma opção de recuo para virar o jogo ou distribuir no meio caso fique encurralado, ao mesmo tempo que ganha um jogador para lançar em enfiar passes em ultrapassagens, jogada semelhante à clássica de Éder Luís. Deve ser destacado também um equilíbrio maior de ataque entre as laterais: ainda que tanto Fagner quanto Careca não tenham feito um grande primeiro tempo, participaram e se esforçaram bastante.

Nesse esforço, aparece outra característica interessante: os posicionamentos de Juninho e Diego Souza. Apesar da nítida função de articulador do meio, Juninho aproximou-se bastante da meia direita para articular jogadas com Fagner. É nesse momento que Diego Souza sai da posição de ponta esquerda, a original desta escalação para a posição de centro-avante ao lado de Élton: temos dois jogadores que podem fazer o pivô, tabelar para infiltrações ou receber cruzamentos da direita. Nos ataques pela esquerda, a situação se diferencia: existia uma grande avenida que deveria ser mais aproveitada por Marcio Careca. A culpa, porém, não é só dele: o ataque vascaíno foi muito marcado pela individualidade, principalmente neste primeiro tempo (no segundo tempo, essa avenida foi fechada com uma substituição cruzeirense e os ataques fluiram mais coletivos).

Todas estas características destacadas podem ser vistas nessa imagem, bastante semelhante com aquela da vitória contra o Grêmio. Naquela ocasião, Felipe Bastos entrou pelo lado esquerdo e foi mal: hoje, jogando pela direita, comprometeu menos, mas foi menos participativo e mais lento que seus companheiros. O posicionamento defensivo não saiu também do padrão do 4-4-2 em losango. O destaque apareceu pela pressão constante de Élton e Diego Souza  sobre a zaga cruzeirense, cobertos por Juninho e Felipe Bastos ou Eduardo Costa. Esse tipo de marcação, nítido no Vasco até a consolidação da bela vitória nos obriga a fazer um destaque para o preparo físico dos nossos jogadores: só é possível fazer isso com a parte física em alta, e Juninho foi o grande exemplo.

Nesse esquema, retornamos a algo muito feito por Gomes no primeiro turno: o combate direto na defesa pelos flancos era dos volantes, deixando o lateral, o zagueiro e Romulo na cobertura: um sistema que é extremamente sólido quando consolidado e bem posicionado. Por que então o Cruzeiro conseguiu boas oportunidades? Três respostas: a qualidade individual de alguns desses jogadores bagunçava o esquema quando conseguiam dribles; a marcação adiantada gerava mais espaço na defesa; e a postura ofensiva dos laterais e volantes frequentemente nos obrigava a defender sem ter o posicionamento ideal pronto. Era um risco conhecido e assumido por nosso técnico: é impossível dizer que não valeu a pena. O resultado veio, e veio em grande parte devido a estas duas últimas respostas, que se por um lado nos criavam fragilidades, por outro foram fatais ao Cruzeiro.

Um último destaque defensivo: gosto sempre de olhar para o sistema de cobertura na zaga: isso evidencia ainda mais o belo trabalho de Romulo. Nas situações de contra-ataque em que nosso flanco andava desprotegido, a cobertura ou mesmo o combate direto eram de responsabilidade da zaga. Óbvio, isso implica deslocamento do zagueiro e um espaço a ser coberto por Romulo (tanto na esquerda quanto na direita). Aí entra o resto do jogo coletivo impecável do Vasco: bem-treinado taticamente, era automática a ocupação da posição de Romulo por Eduardo Costa e a composição defensiva do meio por Juninho (e Diego Souza em alguns momentos menos frequentes) e Felipe Bastos. Adianto que, jogando assim, terminamos a partida dando o troco do primeiro turno com muito mais estilo. Joel teve, naquela ocasião, o grande mérito de sempre: uma retranca muito bem armada. Cristóvão teve, hoje, o mérito de armar um time escalado e treinado para o combate: combate no sentido de briga, esforço, luta; combate no sentido de marcação. Isso nos deu uma belíssima vitória. 

Foi esse o retrato da maior parte da partida, já que as substituições pouco alteraram o Vasco taticamente:
 Tive, porém alguma dificuldade para entender Diego Rosa taticamente. Ele correu muito, já entrou lutando no lugar de Juninho, mas parecia taticamente perdido principalmente porque ficou apenas 5 minutos jogando. De resto, ficou nítido que Allan entrou no lugar do cansado Felipe Bastos e Leandro entrou para evitar um amarelo para Diego Souza: curiosamente, ele ficou contido nas reclamações por toda a partida para evitar uma suspensão.

Mais uma vez, Cristóvão foi pesadamente criticado por sua escalação e sistema de jogo. Mais uma vez, funcionou de maneira convincente. Nosso técnico havia afirmado que o tropeço contra o Atlético-GO havia sido uma oscilação normal: a vitória linda de hoje pode nos conduzir a pensar dessa maneira, mas mais é necessário para confirmar a idéiatime não é ruim. Uma recuperação importantíssima, que eu não esperava para agora. Valiosíssima situação para nosso primeiro confronto direto do returno, no qual precisamos vencer o Corinthians e todo o resto.

Com uma semana de descanso e treinamento, confiança e trabalho precisam ser as palavras de ordem!

Guardei algo para finalizar com "chave de ouro". Guardei Diego Souza. Explico: os seus três gols de hoje são exemplos de um grande jogador trabalhando, mas são também exemplos perfeitos do funcionamento tático demonstrado aqui. Vejamos:

-O primeiro gol é Diego Souza na ponta esquerda jogando junto com Marcio Careca e o volante Felipe Bastos, que trouxe a jogada da meia direita. Nos nossos dois flancos ofensivos (direita com Fagner, Juninho e Felipe Bastos; esquerda com Marcio Careca, Diego Souza e Eduardo Costa) esteve presente a articulação entre três jogadores, o que gerou bons frutos. Esse lance é um exemplo dentre muitas situações no jogo em que esse posicionamento e esse tipo de jogada ofensivos apareceram.
-O segundo gol é o "dono" desta vitória posicionado como centro-avante um pouco mais recuado e aberto que Élton quando é tramada uma jogada pela direita nos moldes da jogada do primeiro gol. Com o bom cruzamento por baixo, um gol típico de centro-avante. Esse posicionamento momentâneo vem se repetindo desde outras partidas.
-O terceiro gol é aquele de contra-ataque em que o ponta sobe em velocidade acompanhando a jogada ganha pelo outro lado. Passe magistral de Juninho para um gol ainda mais magistral de Diego Souza. Gol de craque.

Cabe uma pergunta, ainda sem resposta clara: o grande rendimento recente de Diego Souza reflete apenas uma grande fase de base individual ou significa uma adaptação tática às grandes qualidades do jogador somadas ao crescimento do grupo como um todo? Resumindo: é fase ou é competência técnica, tática e coletiva?

Três gols que desenham ofensivamente o Vasco. Três gols que massageiam o ego de um jogador que precisa disso. Três gols que servem pra dizer mais uma vez: AQUI É VASCO! E domingo jogaremos pra dizer isso aos Corinthianos.

Abraços!

Obs.: Os comentaristas da Globo ainda não perceberam que estão passando um papelão ao tentar continuamente queimar o Dedé?

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Um tropeço que nos manteve na liderança (VAS x ATG)

Terminou o último jogo do primeiro terço do 2º turno do Campeonato Brasileiro. 11 pontos conquistados em 18 disputados. Performance ruim para um líder que pega uma sequência fácil. O 1 a 1 saiu muito amargo, difícil de engolir e difícil também de recuperar. Isso porque o segundo terço do turno será mais complicado:

CRU X VAS
VAS X COR
INT X VAS
CAP X VAS
VAS X CAM
BAH X VAS

Seria ótimo que na disputa dos próximos 18 pontos conseguíssemos de 10 a 12 pontos, de maneira realista. Vencer Inter e Cruzeiro fora de casa é uma tarefa muito difícil, enquanto o Bahia com o melhor retranqueiro do Brasil como técnico será também um encontro complicado. Vencer o confronto direto contra o Corinthians será vital para nossas pretensões, do mesmo modo que precisaremos "surpreender" no mínimo um dos nossos advserários fora de casa. Na prática, precisamos de 3 a 4 vitórias para recuperar parte do prejuizo e, provavelmente, segurarmos a ponta. O ideal é também não sofrer nenhuma derrota, mas sendo realista, uma seria aceitável.

Agora fica mais nítido o motivo pelo qual tanto insisti no imperativo de fazermos uma grande campanha nos seis primeiros jogos, que se encerraram hoje. O ideal seria uma série de 6 vitórias, que não conseguimos. Mas, ainda assim, estamos na liderança. Poderíamos ter aberto três pontos de vantagem, mas abrimos apenas um.

Começamos com uma pressão incrível sobre o adversário. Marcação justa e adiantada, boa articulação pelo meio campo e pelo lado direito. Chutes a gol, jogadas perigosas e desperdiçadas. Enfrentamos, porém, o problema de escalar um ala fora de ritmo na lateral esquerda. Julinho apresentou muita dificuldade para marcar os cruzamentos pelo seu flanco. Isso nos rendeu o gol sofrido no meio do primeiro tempo: uma jogada pela nossa direita defensiva que fez a transição com a bola dominada à frente dos volantes para a esquerda, de onde saiu o cruzamento que pegou nossa zaga ainda se posicionando. Ao mesmo tempo que aproveitava nossa fraqueza na esquerda, portanto, o dragão colocou um jogador para buscar as jogadas na ponta direita aproveitando os espaços dados pelas subidas de Fagner.

Enfrentamos, portanto, um time extremamente retrancado que, incomumente, jogava pela pontas. O que criou dificuldades para nós foi também o que nos deu o gol de empate.Após bela jogada pelo flanco direito ofensivo, um lindo e raro cruzamento de Fagner  para a cabeçada certeira de Diego Souza, posicionado de centro-avante. Essa variação de posicionamento de Diego merece destaque: na articulação, um meia-esquerda que se centralizava; nas jogadas pela ponta direita, um centro-avante um pouco mais aberto e recuado que Elton.

Com marcação adiantada e posicionamento menos variável, é possível desenhar o primeiro tempo vascaíno em apenas uma prancheta:

Entramos num 4-4-2 clássico. Quer dizer, dois volantes centralizados e os meias mais abertos e adiantados. A grande quantidade de setas nesse esquema serve para mostrar que, com um posicionamento muito parecido, jogamos ofensiva e defensivamente. Isso porque nosso comportamento defensivo mais comum foi a marcação adiantada dentro dessa mesma formação. Eduardo Costa e Romulo foram mais participativos no meio do campo e até na marcação na intermediaria ofensiva. Abafar a saída de bola goianiense foi uma boa estratégia para evitar seu jogo de contra-ataque. Estratégia perigosa, porém. Com jogadores abertos nas pontas, seus contra-ataques pressionavam nossos laterais.
A dobradinha Fagner - Éder funcionou muito bem mais uma vez, potencializada pela participação frequente de Juninho. Este esteve com bastante disposição: chegando à ponta e organizando na intermediária ofensiva quando Diego Souza abria na esquerda ou avançava na posição já dita acima aproximando-se de Élton. Tivemos, porém, um vazio ofensivo na esquerda: a escalação de Julinho pouco se justificou, já que foi fraco na marcação e pouco presente no ataque. O primeiro tempo terminou com superioridade Vascaína, mas uma dificuldade pelo empate em 1 a 1. Uma pressão inicial avassaladora, mas um relativo crescimento do Atlético a partir da metade da etapa que não chegou a ameaçar nossa superioridade em futebol na partida. Ficou faltando a superioridade no placar, prometida para o segundo tempo.

A entrada de Marcio Careca foi puramente técnica. Julinho estava muito mal, até por estar retornando a jogar. Esperei, no mínimo, um lateral em melhor forma e, por isso, mais participativo na partida ofensiva e defensivamente. A entrada de Bernardo já foi física, com a contusão de Éder Luís. A saída do atacante em grande partida para a entrada do meia-atacante Bernardo era a possibilidade mais óbvia, mas gera alguma diferença tática na partida do Vasco. do 4-4-2 com dois meias abertos, saímos para um 4-5-1 ainda com dois meias abertos, mas Juninho mais centralizado. Logo após, outra substituição por problema físico: sai Fagner e entra Allan. Mantivemos, portanto, a ofensividade por ali.

Vejamos os dois desenhos táticos:
No 4-5-1 ofensivo, Diego Souza um pouco mais adiantado; no caso da defesa, tínhamos um posicionamento em que havia três possibilidades de saída para o contra-ataque: Bernardo Centralizado, Diego na esquerda e Juninho ou Allan na direita.

O Vasco ficava muito avançado e, por cansaço natural, não pôde sustentar a marcação avançada homem a homem que fazia no primeiro tempo. Quem joga futebol sabe que isso é muito mais cansativo. Por isso, nosso posicionamento defensivo apareceu mais, mas foi um posicionamento bastante natural: Juninho recuava para reforçar a marcação pela direita, enquanto Bernardo centralizava para puxar os contra-ataques. Por isso, dois posicionamentos diferentes: um 4-5-1 ofensivo e outro defensivo, um pouco diferente.

Uma partida extremamente aberta. Tudo poderia acontecer, mas o mais improvável, o empate, finalizou a partida. Jogando mais com coração e raça do que com técnica e tática, buscamos a virada de todas as maneiras possíveis e não conseguimos enquanto demos também diversas oportunidades aos goianos que, que bom, não conseguiram. Tropeçamos, erramos muito, decepção para a torcida.

Mas a liderança ainda é nossa. Se não teremos mais tantas oportunidades de garantir alguma vantagem ampla de pontos sobre nossos adversários, precisamos garantir que o time na ponta na última rodada será o nosso. E o Vasco tem time e elenco pra isso. Basta foco, apoio e raça. Vencer o Cruzeiro fora de casa seria maravilhoso: três pontos fora de casa, superação das dificuldades que enfrentaremos por desfalques e mais moral para o time e a torcida!

É o momento de olhar cada jogo como uma final, jogando cada um como se fosse o jogo da vida! Campeonato Brasileiro é longo prazo, mas o longo prazo está chegando ao fim. A vantagem que temos é que estando na ponta, planejar e projetar é mais fácil Basta tropeçarmos menos que nossos adversários. A pressão tem que recair sobre eles, e não sobre nós.

Que vençamos no fim de semana!
Abraços ligeiramente abalados, mas otimistas!

domingo, 18 de setembro de 2011

Para conter a euforia, mas não o... (Vas x Gre)

Apoio!!!

Essa deve ser a palavra de ordem para a torcida vascaína! Estamos prestes a terminar o primeiro terço do segundo turno na primeira colocação. Para disputar o título, isso seria praticamente uma obrigação, já que está para terminar nosso momento mais fácil do campeonato. No segundo turno, já disputamos 15 pontos e, destes, conquistamos 10: aproveitamento de 66%. Um bom nível se considerarmos o desempenho dos nossos concorrentes mais próximos, mas que precisa ser consolidado por uma vitória contra o Atlético-GO. Não podemos tropeçar porque está nítido e repetitivo que precisamos agora conseguir alguma distância dos concorrentes: São Paulo, Corinthians e Botafogo terão partidas difíceis, sendo um confronto direto entre os dois primeiros.

Ainda que dependamos apenas de nós mesmos, não custa nada secar a concorrência. Isso porque, como sempre digo, no Campeonato Brasileiro goleada é atípico e não mostra o retrato geral de nada. Foi muito bom golear o Grêmio para abocanhar a liderança e dar moral ao time e acalmar os ânimos da torcida contra o técnico. Mas sabemos que, apesar de termos jogado muito bem, a partida não foi assim tão fácil. Um bom comportamento técnico, tático e de esforço da equipe foram fundamentais. Apesar de termos feito quatro gols, a grande mensagem da partida de ontem para o futuro do Vasco nesse ano não deve ser a goleada, mas o apoio da torcida, que precisa ser constante daqui para o fim, porque de agora em diante teremos sequências mais difíceis.

Se na partida de ida, no Sul, conseguíamos um bom placar e tropeçamos, ontem conseguimos um grande placar sem correr riscos. O Grêmio de um certo mercenário até jogou bem, mas foi anulado pelos esquemas defensivo e ofensivo Vascaínos. Na última partida, recém campeão da Copa do Brasil, eu comentava o fato de não termos consolidado um padrão tático. Daí, as análises evoluíram, na maioria dos casos, para comprovar essa situação e para que eu afirmasse que um padrão tático não é fundamental para um time que tem qualidade e que treina muito esse fundamento coletivo do futebol. A partida de ontem serve para, ainda mais, reiterar este fato.

Ao longo da semana, Cristóvão declarava que estava testando o time e analisando o Grêmio para anular suas armas e encontrar suas fraquezas. Ele conseguiu. Seguindo, mais uma vez, a escola de Gomes de jogar de acordo com o adversário, fomos mais equilibrados do que contra o Figueirense. Se na última partida nos preocupamos muito em não deixar o Figueira jogar, dessa vez também jogamos. Isso foi facilitado porque uma das grandes maneiras de impedir que o Grêmio jogasse era exatamente jogar. Precisávamos procurar as pontas com tabelas e velocidade, para furar a retranca, ao mesmo tempo que precisávamos marcar com pressão do meio pra frente, para travar os contra-ataques. Isso significou algum equilíbrio na posse de bola durante a partida, mas um Vasco de tônica mais agressiva. Nada mais natural.

Para isso, os três volantes dos quais a torcida reclamou tanto. Para isso, Éder Luís de volta à ponta direita. Para isso, uma diferença considerável na postura defensiva. Vejamos devagar. Ofensivamente, um 4-4-2 em losango, onde Felipe Bastos tinha uma boa liberdade pela esquerda (apesar de ter sido pouco importante no início, cresceu ofensivamente no 2º tempo) e Eduardo Costa livre, mas não muito, pela direita. Frequentemente, destacava-se para distribuir pelo meio, onde fez bom papel. Isso porque o ataque na direita era de responsabilidade principal de Fagner e Éder Luís: destaco que essa foi também uma arma defensiva, prendendo o lateral esquerdo Gremista e anulando-o.


Vemos, então, Diego Souza com bastante liberdade no meio, subindo com velocidade e se esforçando bastante: isso foi um grande diferencial. Esforço que foi tônica da equipe também defensivamente. Para analisar a situação defensiva, precisamos de mais espaço e mais calma. Temos duas situações básicas: 1) quando o Grêmio saía com o domínio de bola consolidado em transição mais lenta ao ataque; 2) quando os tricolores gaúchos tentavam o contra-ataque. 

No primeiro caso, víamos uma linha de três volantes à frente da zaga. Com esse alinhamento já visto muitas vezes, os volantes mais abertos protegiam o flanco à frente do lateral, com liberdade para o combate direto ostensivo por causa da cobertura: no meio, responsabilidade de Romulo, que foi muito bem; nos flancos a cobertura era dos laterais protegidos também pelo zagueiro, que poderia sair da posição para o combate devido à cobertura do mesmo Romulo. Como resultado, um time que, muito compacto, dificultava as ações pelo meio e, ao mesmo tempo, oferecia boa proteção às laterais através de trocas de posição e cobertura em rodízio.


No segundo caso, víamos uma marcação adiantada sobre os volantes e meias gremistas, que saíam em velocidade da intermediária defensiva para o contra-ataque. Eduardo Costa principalmente, um leão em campo, fechava o meio e  flanco direito, enquanto Felipe Bastos procurava defender o lado esquerdo dos contra-ataques. Esse tipo de posicionamento nos deixa vulneráveis a lançamentos em velocidade, porque a proteção à zaga fica prejudicada e porque tivemos nosso lateral direito bastante ativo no ataque. Para resolver: pela direita, Dedé saindo absoluto no combate direto; pela esquerda, Jumar e Renato Silva foram eficientes; e Romulo sempre responsável pela proteção. Uma variação tática que nunca havíamos visto no Vasco, que sempre se comportou de maneira compacta defensivamente.


Isso foi suficiente para a garantia da superioridade Vascaína no primeiro tempo e em quase todo o segundo, já que Cristóvão demorou bastante a substituir. Ainda que a partida tenha sido muito boa para nós, vejo aí motivo de crítica. O jogo praticamente ganho, Mercenário Roth afirmando para o próprio time que o objetivo era não jogar mais para não aumentar o vexame. Um momento extremamente tranquilo para dar ritmo e motivar os reservas. As substituições demoraram a sair. Quando já ganhávamos por 4 a 0, a saída de Elton para a entrada de Bernardo deslocou Diego para a posição de centro-avante, e Bernardo para a armação, um pouco deslocado para a meia esquerda. Quando entraram Allan (Diego Souza) e Leandro (ÉderLuís), passamos a jogar sem uma referência na frente. Bernardo foi avançado para a ponta esquerda e Leandro ocupou a ponta direita de Éder (que estava cansado após muita correria no ataque e boa dedicação defensiva), enquanto Allan ganhou mais responsabilidades no meio, procurando distribuir as jogadas.

Essa formação, pelo pouco tempo que durou e pela situação da partida foi pouquíssimo relevante, e até difícil de analisar por isso. Gostaria apenas de ressaltar que especialmente Bernardo deveria ter entrado antes: parece que ele precisa de incentivo para render bem novamente. Desse modo, por 3/4 do jogo, tivemos a mesma disposição tática e um grande empenho de esfoço e técnica. Diego Souza voltou a liderar o time, onde fazer um belo gol acabou pro ser secundário, dado seu espírito de esforço e vontade de fazer o time vencer.

Sendo Diego um grande destaque, gostaria de dizer que todas as outras individualidades afloraram também a partir do jogo coletivo. Não vejo ninguém para falar mal: Élton e Felipe Bastos se esforçaram muito e jogaram muito acima do seu normal (que comumente gera críticas com razão); nossa defesa foi muito dedicada, e Dedé e Romulo mostraram porque foram convocados; a transição ao ataque foi feita com objetividade, onde Eduardo Costa teve uma importância incomum para suas características; e tivemos um ataque também muito efetivo.

Vamos embalados para uma nova partida que precisa ter São Januário lotado! Se conquistarmos 13 pontos de 18, estaremos consolidando um bom início de turno, acima do aproveitamento virtualmente necessário para ser campeão. Seria na prática um pouco da gordura que poderia ser queimada no futuro: após a partida contra o Atlético, teremos algumas sequências complicadas, onde a superação e o apoio serão muito mais fundamentais do que são hoje. Avante Vasco!!!

Abraços!


terça-feira, 13 de setembro de 2011

Um empate amargo... (FIG x VAS)

Amargo porque foi uma vitória em campo, mas empate no placar eletrônico.

E sendo o placar eletrônico o que importa, depois dessa frase não falarei mal da arbitragem nem do gol perdido por Diego Souza. Dos últimos 12 pontos disputados, conquistamos 7: isso dá um aproveitamento de menos de 60%. Abaixo do que precisa um campeão, e mais abaixo ainda do necessário para um campeão que pega uma sequência relativamente fácil de jogos. 9 dos 12 seria muito bom, mas, pensando nos 18 do primeiro terço do turno, podemos fazer 13 deles, o que seria um aproveitamento de 72%.

Apesar de dois tropeços, podemos ainda galgar uma boa recuperação e assumir a ponta. Não da maneira ideal para essas seis primeiras partidas, em que não seria absurdo conseguir 100% de aproveitamento. Trabalhemos, porém com a realidade. E, apesar do empate, a realidade me animou um pouco. Os motivos da animação: por mais que receba críticas, Cristóvão está melhorando um pouco. Não podemos esperar que ele fosse fazer o time jogar como o Gomes fazia, então o fato de ele colocar o time do seu jeito de modo que deveríamos ter ganho do Figueirense fora de casa é animador: ele está evoluindo. O segundo motivo é que Vitor Ramos também está evoluindo na posição: acho que o Renato Silva voltará definitivamente ao banco.

O Cristóvão vem se mostrando um cara muito mais preocupado com a marcação no meio que o próprio Ricardo Gomes. Na derrota para o América-MG ele declarou que o meio estava fraco, e contra o Figueira entrou com três volantes. De início xinguei, mas entendi depois. Cristóvão quis um meio-campo combativo para anular as armas do Figueirense. E para isso, deslocou também Éder Luís para a ponta esquerda: ali ele não funciona bem ofensivamente, mas foi importante para conter o lateral deles, que vem sendo importante. Daí, depreende-se que Cristóvão tem leituras táticas interessantes do adversário, e vai na escola de Gomes de adaptar o time a cada situação de jogo.

É por isso, então, que entramos assim:



Um 4-4-2 em losango, com dois volantes reforçando a marcação nas alas e saindo para o jogo alternadamente, sendo o Allan mais requisitado para isso. Isso aconteceu porque Fagner precisa de um jogador junto dele e porque Éder foi deslocado para a ponta esquerda enquanto Diego Souza ficava mais centralizado. Inicialmente, tivemos problemas de marcação e cobertura, mas isso foi lentamente se ajustando. Após o susto logo aos 4 minutos do primeiro tempo e da sortuda recuperação posterior, o Vasco foi crescendo e encurralando o Figueirense. A vitória parecia tornar-se questão de tempo.

Apesar disso, nem tudo foram flores. Parece que a vontade de anular as armas do Figueira foi maior que a vontade de fazer o time do Vasco funcionar. Ainda que na prática, em termos de bola na rede e domínio da partida tenha funcionado parcialmente, não nos deu os três pontos. A dupla Fagner e Allan é nitidamente menos efetiva que a dupla Fagner e Éder (e ainda menos efetiva do que quando temos por ali um trio); nossa articulação na saída de bola ficou um pouco prejudicada e as jogadas para o centro-avante foram ainda menos recorrentes. Faltou equilíbrio entre o "jogar"  e o "impedir que joguem".

No segundo tempo, a pressão na base da vontade e da marcação no meio campo começou a funcionar mais, e criamos mais chances. Ainda que não tenha sido um jogo bonito, nada normal justificava aquele empate. O Figueirense resolveu retrancar. Por isso, apesar das críticas, achei que o Cristóvão acertou nas substituições. Jumar, segundo os jogadores, vinha sendo ameaçado pelo juíz e Elton estava jogando como sempre. Nada mais justo, portanto, que tirar os dois: Diego Rosa surpreendeu por não comprometer na lateral esquerda e Kim entrou bem em campo depois que Cristóvão pediu que ele fizesse a ponta direita bem aberto.

Ficamos, então, com um 4-4-2 que se transformava em 4-3-3 muito frequentemente. Essa transformação se dava porque Diego Souza fazia as vezes de centro-avante nas jogadas ofensivas enquanto Allan se deslocava para a armação inicial dos ataques. Perdemos em qualidade no meio, pois Allan não é nenhum craque e apresenta deficiências para atuar como meia, mas ganhamos numa maneira de abrir a retranca catarinense e na posse de bola adiantada com Diego Souza, que protege muito bem a bola. De uma jogada emblemática em que Éder fechou da ponta esquerda para o centro e recebeu visando colocar Diego na cara do gol que saiu o lance que prometi não comentar.


Podemos ver, portanto, que o Cristóvão pode apresentar coisas interessantes ao Vasco. Por mais que receba críticas e as mereça em determinados momentos, nossa torcida está mais uma vez exagerando. Ele deveria colocar o Bernardo? Acredito que sim. MAS essa alteração poderia provocar dois efeitos, dependendo de quem saísse: queda da proteção do meio-campo, tirando Felipe Bastos (que, como sempre, entrou mal); ou falta de referência no meio e ataque, tirando Diego Souza (que estava mal também, mas poderia ter sido decisivo em mais de um lance). Quer dizer, Cristóvão estava diante de uma escolha complicada. Eu escolheria enfraquecer o meio, mas consciente de que não mexer não foi um erro grave. Nenhum técnico é obrigado a fazer 3 substituições: estávamos dominando daquela maneira, e era questão de tempo para sair o gol. Será mesmo que Bernardo resolveria?

Ao técnico, faltou equilíbrio e talvez ousadia. Não para fazer uma escalação inicial diferente, mas para fazer o Vasco jogar mais e colocar o time pra cima na hora certa. Aos jogadores, faltaram algumas atuações individuais melhores: Fagner, Diego Souza, Felipe Bastos, Elton; já destaco positivamente Vitor Ramos (não que tenha ido muito bem, mas melhorou), Romulo (esse sim jogou muito) e Éder Luís (que fora de posição conseguiu incomodar).

Mais do que nunca, estamos OBRIGADOS a ganhar 6 pontos nas próximas duas partidas. Infelizmente, as coisas estão indo pior do que eu acho que seria o ideal, mas não estão irrecuperáveis. Antes mesmo de adquirir gordura pra queimar nós a queimamos, o que exigirá de nós uma campanha muito mais justa para o pentacampeonato. É perfeitamente possível e, repito, dependeremos da nossa torcida!

Um abraço a todos!