quarta-feira, 29 de junho de 2011

Vasco da Gama X Cruzeiro: esperava diferente...

Olá amigos,

Ao final do primeiro tempo já havia decidido qual seria a temática da análise da partida entre Vasco e Raposinha. Ficará nítido: o Vasco entra em campo e se posiciona no 4-4-2 mais clássico de todos.



Tudo friamente calculado, já sabendo que enfrentaríamos o técnico brasileiro mais retranqueiro de todos os tempos. Tão calculado, que Ricardo Gomes não previu apenas a retranca, mas sua eficiência nos contra-ataques. Para neutralizar, simples: marcação adiantada por setores, de maneira que quando nosso flanco direito avançava na marcação, o esquerdo recuava e se centralizava para fechar os espaços: essa é a cautela necessária numa situação de marcação avançada e pressionando, pois os lançamentos tornam-se perigosos demais.

Ofensivamente, favorecemos o jogo pelas laterais e pontas para tentar furar a retranca joelina. Se não fosse a aversão de Éder Luís a algo chamado GOL, teríamos saído do primeiro tempo com um número diferente de zero ao lado do nosso nome no placar eletrônico. Éder foi altamente eficiente para furar em velocidade e com habilidade a retranca da formação em duas linhas defensivas de Joel, porque ao cair pelas duas pontas para receber lançamentos (novamente, destaque para Dedé), enfiadas e bola e triangulações principalmente com os laterais (que estão bastante avançados) as oportunidades apareceram de maneira bastante nítida. Mas não coloquemos toda a responsabilidade sobre o Éder, pois apesar de um início mais difícil, as bolas começaram a chegar ao Alecsandro e ele também não fez sua principal função.

Ainda ofensivamente, setor que mais temos que falar pois foi o que mais trabalhou, gostaria de destacar a variação de posicionamento dos meias e a chegada "surpresa" de Eduardo Costa. Em articulação com os laterais, foi isso que nos possibilitou criar algum perigo. Ainda assim, terminamos o primeiro tempo inoperantes.

Terminamos de um jeito, começamos do mesmo. Mesma formação, inicialmente a mesma pressão. Mas um descuido exatamente com a eficiência dos times do Joel, com sua fórmula mágica (nada mágica) que todos conhecem: retranca e bola parada. Um gol que levamos de maneira recorrente nos últimos jogos. E por isso, não podemos culpar nosso técnico. Infelizmente, nossa defesa teve uma atuação rídícula naquele lance. Gol por bola alçada na área: isso dará margem a inúmeras reclamações sobre a falta de qualidade dos cruzamentos dos nossos laterais, mas sustento a posição de que essa não é a principal característica deles e que, portanto, não podemos esperar cruzamentos magistrais.

Hoje, porém, não posso deixar de comentar as mudanças de Ricardo Gomes. Seu estilo "seis por meia duzia" sempre na metade do segundo tempo não foi nada interessante para um Vasco perdendo e ensaiando uma pressão sobre o Cruzeiro. Ramon por Marcio Careca e Elton por Alecsandro não muda nosso time em absolutamente nada. Por que não fazer algo mais ousado, por mais que nosso banco de reservas estivesse desfalcado do nosso maior trunfo?

Ricardo Gomes continua reproduzindo o clássico 4-4-2 que não estava sendo efetivo, mantém a formação e depois vai para o "tudo ou nada" colocando Leandro em campo, no lugar de Eduardo Costa. E é no tudo ou nada que levamos mais dois gols em falhas defensivas totalmente compreensíveis num momento em que o desmonte do esquema tático vascaíno, que atacava desorganizado e com quase todos os jogadores, já era nítido por questões emocionais. Tanto no lance do belo gol de Montillo e no lance do penalty de Dedé nosso sistema defensivo se resumia a Fernando Prass, Anderson Martins e Dedé, por onde sairam os gols.

Diego Souza não existiu em campo. Por que não colocar o Leandro no seu lugar e partir para o 4-3-3, centralizando o Felipe (que não vinha bem, mas costuma render por ali em seus lampejos)? Essa deveria ter sido a primeira substituição! A partir daí, teríamos a opção de colocar ainda o Allan no lugar do Eduardo Costa, atuando como um volante bem ofensivo, ou mesmo como meia ao lado do Felipe!

Ainda assim, resta dizer que foi uma vitória da eficiência. Isso resume o jogo.

Novamente, começamos muito eficientes na defesa e fomos pouco eficientes no ataque. É esse o padrão do Vasco da Gama que temos visto. E falo em padrão para introduzir o assunto da promessa da última postagem: havia três opções de temas para falar nessa partida. Como disse no início, logo escolhi falar da variação tática do Vasco, mas esperava falar com ânimo. O Vasco não apresenta um padrão nítido. Atuamos a cada partida em uma forma diferente de 4-4-2, com variações entre ataque e defesa em quase todas elas, e já utilizamos também um 4-5-1 pouco comum. Mas todas as formações taticamente muito bem organizadas: todos sabiam suas funções e foram disciplinados taticamente, ainda que possamos destacar boas e más atuações individuais.

O que gostaria de ressaltar é que isso demonstra uma atitude deliberada da comissão técnica. Tudo é pensado, treinado e planejado segundo o adversário que enfrentaremos. Hoje deu certo no primeiro tempo e em parte do segundo (se não fosse a falta de gols), até o momento em que ficamos em desvantagem. Contra o Dragão goiano, o mesmo: uma proposta para furar a retranca que deu certo rápido e uma proposta defensiva de contra-ataque. Para evitar descrições inócuas, imagens valem mais que mil palavras: revejamos algumas pranchetas representativas do que digo: para refrescar a memória melhor, sugiro que os que se interessarem dêem uma olhada nas análises anteriores. Ficará claro o que resumo abaixo.
Ceará X Vasco











Grêmio X Vasco











Atlético - GO X Vasco:











Notemos, então, amigos que em cada uma dessas partidas, e também na de hoje, utilizamos formações e variações diferentes. Contra o Ceará, ficamos no 4-4-2, variando de losango para quadrado no meio; contra o Grêmio saimos do 4-4-2 em losango para terminar a partida num 4-5-1 com Éder Luís compondo o meio; e contra o Atlético - GO jogamos quase o tempo todo em 4-5-1. Ora, vemos que Ricardo Gomes usa bem as variações do 4-4-2, e traz um diferencial europeu: o forte treinamento tático. Nosso time se organizou bem de acordo com a proposta em cada uma dessas oportunidades. A variabilidade aumenta se lembrarmos a semi-final contra o Avaí na Ressacada, onde usamos o 4-4-2 clássico, algo próximo de um 4-3-3 e uma formação que daria para chamar de 4-5-1, posicionando Rômulo como zagueiro.

Termino, então a porção temática do post com uma pergunta: um padrão tático específico é realmente necessário? 

Acho que minha resposta a essa questão fica óbvia.

Um abraço,
nos recuperaremos contra o Corinthians!

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