domingo, 28 de agosto de 2011

Um empate que ficou de lado.

Deixo de lado assim como todos os vascaínos e a própria imprensa, neste momento, o resultado da partida. Digo apenas que deveríamos e tivemos tudo para vencer mas não o fizemos por motivos múltiplos. Dentre eles, o triste acontecimento com nosso bom treinador. Mas isso, sua qualidade profissional, agora não importa.

Um ser humano tantas vezes elogiado por todos como grande homem. Não podemos negar isso. E não podemos deixar de apenas esperar que ele faça valer sua força, sua estrela e se recupere. Nesse momento seria aqui egoísmo falar de Vasco quando posso pedir, de acordo com aquilo que creio, que independente de religião, espiritualidade ou time de coração desejemos do fundo do coração a recuperação do homem Ricardo Gomes.

Tive muito próximo de mim um caso semelhante, aparentemente menos grave com  relação ao quadro do acidente vascular em si, mas com vários outros agravantes sérios. Correu tudo bem na minha família e sou extremamente grato por isso. E também por isso não posso deixar de usar este restrito canal para pedir que, cada um a seu modo, façamos algo por Ricardo Gomes. Acredito no papel do bom-pensamento e da oração, termino aqui, então:

Pai nosso, que estás no céu
santificado seja o vosso nome,
venha a nós o vosso reino,
seja feita vossa vontade
assim na terra como no céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje,
perdoai as nossas ofensas
assim como nós perdoamos
a quem nos tem ofendido,
e não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do mal.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Na Sul-Americana, time campeão precisa... (Pal x Vas)

Amigos,

Como no último post disse que time campeão precisa vencer clássico, sinto agora a necessidade de especificar: isso é assim no Brasileirão. Na Sul-Americana, mata-mata de curto prazo, a idéia que faz mais sentido é avançar etapa por etapa para a próxima fase. Perdendo por 3 a 1, com vários reservas em campo e com a cabeça em outro jogo, fizemos exatamente nosso dever. Da maneira mais apertada, mas para o resultado final isso não importa.

Basta lembrar que nossa taça na Copa do Brasil veio também de maneira sofrida e conturbada. Em mata-mata, a filosofia é outra. E, se agora passamos por uma pedreira, temos a tranquilidade de que o próximo jogo já é internacional (contra times potencialmente mais fracos que o Palmeiras) e apenas daqui a um mês. Até lá, já será necessário confirmar que lutaremos pelo Campeonato Brasileiro também, numa afirmação cotidiana, diferente. E isso tem que começar ganhando o clássico. Isso é essencial, porque jogaremos para trás um adversário histórico e porque entraremos com força no nosso momento teoricamente mais fácil da tabela: o início do returno.

Para isso, é fundamental vermos a derrota contra o Palmeiras como um objetivo conquistado com o esforço mínimo. Parece um contra senso, mas lembremos que na Sul-Americana basta ir adiantem em jogos esparsos enquanto o Campeonato Brasileiro é muito mais desgastante e dependente e resultados expressivos. Que consigamos, então, um resultado expressivo contra o fRamengo. Resultado este que só virá com motivação. Aí reside um pequeno problema. Uma boa vitória contra o Palmeiras seria essa motivação natural. 

Mas, se fome, dor, frio e outras sensações são psicológicas, tratemos então essa derrota como a vitória que de fato ela foi. Cheguemos no Domingo com a sensação de embalo que uma boa vitória dá. Clássico tem que jogar com o coração pra garantir a força da torcida vascaína. Isso precisa somar com o elenco que temos, no geral, melhor que o dos mulambos para que consigamos garantir a vitória. Perdemos ontem, não porque temos um elenco ruim ou por falta de vontade. Vejamos:

Entramos em campo com: Prass; Allan, Dedé, Renato Silva, Marcio Careca; Romulo, Jumar, Diego Souza e Bernardo; Leandro e Elton. Um 4-4-2 no papel. Ofensivamente, porém, tivemos praticamente um 4-3-3. Os comentaristas afirmaram o tempo todo que o Palmeiras corria riscos porque chegava ostensivamente com 4 homens ao ataque, como se não estivéssemos fazendo isso por mais da metade do jogo. A diferença é que Diego Souza subia um pouco menos que Valdivia, preenchendo mais o meio-campo, e que o Palmeiras pôde por um bom tempo dominar as ações do jogo marcando no ataque com estes 4 homens.

Quer dizer: na hora de atacar os dois times foram ofensivos, mas o Palmeiras o foi também na hora de defender. Isso significava um Palmeiras compacto na frente e atrás, diferente da comum estratégia Vascaína de compactar defensivamente e abrir a formação na hora de atacar para forçar mais espaços. Assim, sofríamos pressão direta no nosso setor defensivo, no meio-campo e no ataque e tínhamos dificuldades na saída de bola. Foi esse o tudo-ou-nada suíno, que quase deu certo porque seu preparo físico estava muito em dia e porque não soubemos aproveitar os espaços atrás da zaga que um time que marca compacto e adiantado cria.

Faltou o jogador que dá a enfiada de bola perfeita para o atacante que sobe em velocidade pelas pontas, que também estava faltando. Nosso time misto em campo não nos permitia jogar assim. Não que ele seja fraco (porque Diego Souza, Bernardo, Allan e até mesmo Leandro e Elton têm características interessantes), mas, novamente, o problema foi uma mistura de méritos táticos de Felipão / Murtosa, proposta de jogo vascaína e falhas individuais, que renderam dois gols ao Palmeiras.

Os méritos táticos de Felipão e Murtosa já foram citados. Qual foi, então, a proposta de jogo do Vasco? Entramos em campo para marcar com solidez e sair com velocidade e jogando aberto (para tentar abrir também o compacto Palmeiras), mas nossa proposta de velocidade foi diferente daquela dos dois últimos jogos contra o verdão. Se naqueles nos baseamos em lançamentos e nas subidas de Éder Luís, dessa vez procuramos o toque curto e rápido no meio-campo buscando a transição. Era, mais ou menos, o melhor que podíamos fazer mesmo com esse time.

Jumar e Romulo não são ruins se fizerem o simples e óbvio com a bola nos pés, Diego Souza não é o jogador dos passes geniais (e sim da força física com a bola no pé) e Bernardo é aquele meia atacante que é quase um ponta: veloz, habilidoso, mas com sérias dificuldades se precisar se posicionar bem para armar e distribuir. Nosso jogo de toques rápidos no meio-campo, então, não podia depender muito de nenhum dos nossos jogadores do setor, porque não era a praia de nenhum deles. É mérito de Ricardo Gomes a relativa eficiência com que fizeram isso: mostra que o treinador montou uma estratégia e passou a semana treinando-a técnica e taticamente.

Se tudo isso era ruim, qual foi nosso escape? A ponta direita. Allan estava bem individualmente no setor ofensivo, e triangulou com certa desenvoltura com Leandro principalmente. Este não pode fazer o foguete que faz Éder Luís, mas vem progressivamente retirando de mim a ideia de que ele é horrível. Na atual fase, ele é apenas ruim mesmo. É um atacante que parece ter mais massa cinzenta e melhor articulação para tentar variar o jogo, mas vem esbarrando na questão técnica e física mesmo. Não poderíamos mesmo esperar muito da esquerda, onde Marcio Careca ficou mais preso na defesa e quando subiu escolheu sempre as alternativas erradas. Me recordo de três lances em que ele apareceu com espaço pra fazer o que quisesse no ataque, e que Elton aparecia livre na marca do penalti. Mas nosso lateral insistia em chutes muito ruins: será que seria pior se tivesse tentado cruzar? Só Deus sabe.

Vejamos ilustrando:
Reparemos aqui: a centralidade de Diego Souza, a posição de Bernardo aberto e avançado na esquerda (limitando inclusive as possibilidades de Marcio Careca subir, graças ao divino) quase como uma dupla de pontas com Leandro (4-3-3 clássico), o espaço ofensivo que Allan tinha disponível e a subida alternada dos volantes como surpresa, principalmente de Jumar. Estes são os destaques do ataque.

Mais uma vez, tivemos diferenças defensivas: marcamos na clássica formação de duas linhas de 4. Nesse caso, apesar de compactos, protegíamos menos o meio em favor da tentativa de desencorajar a subida dos laterais palmeirenses, já que eles jogavam também com dois pontas. Para compensar, uma marcação mais mordida e avançada de um volante, enquanto o outro se preocupava mais com a zaga. Esse foi o motivo para o fato de Jumar ter sofrido tantas faltas: impecável na marcação avançada, roubava muitas bolas antes que os adversários chegassem e sofria a falta. Merece destaque também o comportamento de Renato Silva: novamente, fizemos uma marcação semi-exclusiva sobre Kléber. Quando ele vinha de trás tínhamos uma marcação em zonas comum, mas quando ele saía da posição de centro-avante para receber na intermediaria Renato Silva estava lá junto, enquanto Jumar ocupava seu espaço na zaga.


O primeiro gol, que levamos por um escorregão do Allan e um descuido de Dedé ainda no começo do primeiro tempo, não alterou a maneira de jogar do Vasco, mas nitidamente preocupou os jogadores, que jogaram um pouco desestabilizados. Saímos para o intervalo com Dedé dizendo que não podíamos ficar atrás. E não podíamos mesmo.

O retorno para o jogo foi melhor que seu começo, mas o que poderia ser tranquilidade deu logo lugar a muita ansiedade porque sofremos logo o segundo gol num erro de passe de Jumar no meio campo, quando ele tentava exatamente a estratégia dos passes rápidos no setor. Descontado não muito depois pela pintura do mesmo Jumar, que será lembrado por isso, o gol que nos garantiu a classificação, e não pelo erro. As substituições de Ricardo Gomes fizeram aparecer algo que eu havia dito que há muito ele não usava: o losango no meio-campo.



Fagner veio para a lateral e Allan para o bico direito do losango, enquanto Felipe Bastos ocupou o lado esquerdo com Romulo centralizado defensivamente e Diego Souza ofensivamente. Bernardo apareceu mais ainda na posição de ponta, com alguma liberdade para se deslocar também para a direita. Esse lado do campo não perdeu povoamento com a saída de Leandro porque Allan apareceu muito ali em dupla com o agora lateral Fagner, fazendo boas jogadas ofensivas, mas enfraquecendo a direita defensiva. Na esquerda, Careca apareceu mais, mas não aproveitou nada das oportunidades de fazer algo útil que teve.

O jogo ia assim terminando tranquilo até o momento da terceira substituição vascaína, apenas burocrática para fazer passar o tempo. Ninguém imaginava que o garoto Victor Ramos entraria apenas para fazer a falta que originaria o gol de Assunção. O árbitro encerrou a partida ali mesmo e para a sorte (e sobrevivência) do garoto, nos classificamos.

Repito: uma derrota que tem que ser tratada como vitória para que ganhemos o embalo contra o clássico. Jogamos relativamente mal, por algumas limitações no time que entrou em campo com relação ao esquema tático do Palmeiras. Mas avançamos. Era esse o objetivo.

Agora com o discurso de focar no Brasileirão, espero que Ricardo Gomes consiga motivar bem o elenco para o clássico. Não tenho dúvidas de que teremos um Vasco bem-treinado e com uma estratégia e disposição tática condizentes, até porque poupamos jogadores para isso. Mas sabemos que a mulambada virá também assim, apesar de termos mais conjunto que eles. Isso faz com que o diferencial de todos os clássicos valha: o coração.

Momento, não canso de dizer, crucial para o Vasco na competição. Depois do Flamengo, teremos nosso momento mais tranquilo, na teoria, do campeonato. É, então, vencendo um jogo difícil que precisamos iniciar uma arrancada.

Abraços!

domingo, 21 de agosto de 2011

Time campeão precisa... (Vas x Flu)

Time campeão precisa ganhar clássico!

Infelizmente minhas expectativas ficaram pra trás. Um Fluminense em crise e desacreditado conseguiu ser superior técnica e taticamente ao nosso Trem Bala da Colina. Isso quer dizer que estamos mal? Não. Mas é um importante alerta. Nosso fim de Brasileirão será muito complicado, e precisamos ganhar os clássicos cariocas se quisermos realmente a taça. Não foi hoje o clássico mais importante do primeiro turno, mas foi a preparação para ele. Poderíamos ter garantido a possibilidade de entrar em campo no fim de semana contra o urubu por cima na tabela.

Claro que o empate de hoje não foi de todo ruim, já que a rodada de nossos adversários mais diretos foi também ruim. Mas é nesses momentos que o time campeão mais precisa se diferenciar. Aproveitar as oportunidades mais difíceis nas rodadas mais favoráveis. Não é o fim do mundo, e nem foi um empate para nos tirar as esperanças porque continuamos no bolo de cima da tabela, próximos do primeiro colocado. Mas o momento mais propício a uma arrancada vascaína está próximo e precisamos garantir a ponta e uma certa folga no nosso momento mais fácil do segundo turno para que consigamos administrar a disputa pelo título no fim com mais folga.

Historicamente, nada para o Vasco é fácil. A conquista da Copa do Brasil mostrou isso e me motiva a desde hoje dizer: o Vasco começou o campeonato buscando, e o terminará na disputa sem facilidade, mas brigando pelo título. Para garantir isso, precisamos já vencer o Flamengo. E uma etapa dessa vitória será a disputa pela classificação contra o Palmeiras na Sul-Americana. Ainda que seja um outro campeonato, é uma partida importante, onde não podemos relaxar. Conhecendo nossa torcida, precisamos mais do que nunca de ânimo durante a semana para lotar o Engenhão no fim dela. E isso será importante.

Após as conjecturas, comentemos diretamente a partida. Há muito tempo não víamos o Vasco sendo inferior por todo o tempo. Foi essa a tônica da partida, que poderia ter terminado pior. Nossa sólida zaga estava num dia de produzir perigo contra o próprio patrimônio mas, alguma força superior fez com que o ataque colorido fosse menos efetivo que de costume. O meio-campo estava menos bem colocado defensivamente do que de costume, o que complicou nossa vida pelas laterais, ao mesmo tempo que não foi muito efetivo na organização e transição para o ataque: fomos "vítimas" de um grande povoamento tricolor no meio, abafando nossa transição e, por vezes, a própria saída de bola. E o ataque não se mostrou muito diferente: Alecsandro mal na função e Éder Luís esforçado, mas pouquíssimo efetivo.

Hoje, não vencemos nem convencemos. Nos momentos iniciais da partida perdemos Julinho, antes que o time pudesse se ajustar em campo ao jogo tricolor. A entrada precoce de Eduardo Costa deslocou Jumar para a esquerda, de maneira que tivemos uma figura já recorrente. Curioso, parece que Ricardo Gomes agora resolveu optar por definir um padrão tático. Há algumas partidas (não muitas, mas já temos algo significativo), atacamos num 4-4-2 clássico e nos defendemos com uma linha de 3 volantes, com um meia à sua frente. Após tantas vezes afirmar que o Vasco apresentava uma vantagem ao não possuir um padrão mas estar sempre bem-treinado, vejo o Vasco repetir não a escalação, mas a maneira de jogar, nas últimas 4 partidas.

Claro que existem pequenas diferenças, inclusive em função da escalação do time e na variação ao longo da partida. Mas este me parece um dado significativo. Será que jogaremos assim também contra Palmeiras e Flamengo? Será que Felipão conseguirá fechar mais o cerco ao nosso esquema caso o repitamos? Vejam as semelhanças:


Ofensivamente,  tivemos como tônica a função organizadora de Juninho e Diego Souza entrando mais pela ponta esquerda, mas com alguma liberdade para outros posicionamentos. Da mesma forma, a função de Éder Luís foi repetida ofensivamente, saindo em velocidade pela ponta direita para jogar principalmente com Fagner, mas também com Juninho em tabelas, o que foi bastante trabalhado. A única diferença, mais sutil, nessa questão foi o aparecimento de Eduardo Costa com funções mais avançadas no meio campo: distribuir jogadas simples pela meia esquerda, o que ele fez relativamente bem, já que subir não é a praia de Jumar. Fora isso, nada fora dos padrões, inclusive a má atuação de Alecsandro.

Defensivamente tivemos uma tática ligeiramente diferente. Éder Luís não foi mais o responsável pelo combate inicial na ponta esquerda, posicionando-se mais à frente e, ainda assim, terminando o jogo bastante cansado. Seria, talvez, o caso de poupá-lo em algum momento próximo para procurar uma recuperação do atacante (claro que as próximas duas partidas não são bons momentos para tal). Jumar foi importante na marcação, e posicionava-se como um terceiro zagueiro quando o Fluminense atacava pelo outro flanco, o que lhe criou problemas para acompanhar as viradas de jogo tricolores reposicionando-se como lateral. Á frente da zaga, uma linha de três volantes, onde Juninho muito exigido marcou menos que de costume, não deu tanta proteção aos laterais. Isso foi compensado pela boa marcação de Jumar na esquerda, mas Fagner encontrou dificuldades, apesar de uma boa avaliação pessoal do jogador.

Assim, Dedé e Romulo foram constantemente vistos na cobertura do setor. Isso, que não vinha acontecendo, me parece a mudança táticatime compacto.

A estratégia não foi muito efetiva, pois naturalmente exige mais esforço e preparo físico ao chamar o adversário e necessitar de saída em velocidade descompactando a formação. Isso, pra mim, não é retranca como se poderia pensar. É apenas um estilo de jogo: esse foi um bom comentário feito no PFC, que constatou essa diferença entre os esquemas de Gomes (compacto, marcando atrás) e Abel (esparso, com marcação consideravelmente mais adiantada).

No segundo tempo a queda de rendimento de Éder Luís e Juninho motivou mudanças: Bernardo e Leandro. Mudanças diferentes das últimas partidas, pois o contexto era outro. Mas taticamente, o mesmo quadro. Leandro buscava fazer a função de Éder e Bernardo caía para a meia esquerda de Diego Souza, que ficou na função de Juninho. Infelizmente, Diego estava também num dia desligado, que fez lembrar a sonolência de um passado recente. Ofensivamente, uma pequena mudança. Na defesa, algo um pouco mais consistente: Diego Souza não compôs tanto a linha de 3 volantes, posicionando-se, em alguns momentos, à frente de Romulo e Eduardo para distribuir as jogadas para Bernardo e Leandro, que jogavam pelas pontas:

Durante toda a partida, portanto, tivemos um Vasco desequilibrado entre as laterais ofensiva e defensivamente. Este me parece o maior destaque. Enquanto o flanco direito ofensivo era superpovoado com Fagner, Éder Luís (Leandro) e Juninho, o lado esquerdo ficava dependente de Diego Souza (Bernardo) com jogadas individuais que poderiam ter funcionando se eles estivessem num bom dia. Já defensivamente, o lado direito mostrou-se mais frágil porque em vez de Fagner ser o responsável pela cobertura, era dele o primeiro combate na maioria das situações enquanto no lado esquerdo tínhamos Jumar que quase nunca compromete em suas funções defensivas.

Além desse desequilíbrio, observamos, novamente, as teimosias de Ricardo Gomes. É um dos melhores do Brasil, mas seria ainda melhor se escolhesse com alguma lógica aparente seu centro-avante. Após um post inteiro sobre o trabalho do centro-avante no meio desta semana, onde mais uma vez comentei que escolher entre Elton e Alecsandro é uma questão de momento, não vejo justificativa para a escolha do segundo, ainda que no geral e na carreira ele seja realmente melhor que Elton. Insisto que o ideal é mantermos um dos dois por 90 minutos, mas não vi motivo para que Elton fosse novamente barrado. Soma-se a isso a mesma insistência com Leandro, atenuada pelo cansaço de Éder, mas ainda assim inexplicável.

Termino o post reiterando: apesar de uma má atuação, não há motivos para pessimismo com relação ao todo do campeonato. Todos tropeçam, e todos tropeçaram nessa rodada. Dos maus resultados, o nosso foi o "menos pior", pois foi num clássico e nos manteve basicamente inalterados no bolo que, hoje, disputa o campeonato. O momento bom para o destaque ainda não é esse.

Updates: algumas coisas que pensei e acabei esquecendo de comentar no decorrer da análise:

-A falta de Felipe foi nítida hoje por dois motivos: não temos nenhum outro jogador canhoto para a meia e ele é craque. Nos resta esperar que sua cirurgia seja um sucesso e que retorne logo. Foi surp´reendente saber que ele estava jogando no sacrifício desde o ano passado.

-O nosso problema com os centro-avantes poderia, talvez, ser resolvido com Diego Souza. Lembrando do comentado no último post, ele tem um domínio e proteção da bola infinitamente superior ao de Elton e Alecsandro. Se não jogarmos sobre ele a responsabilidade do gol em si, ele pode dar um bom pivô como já foi insinuado em outras situações em que ele entrou como centro-avante

Que nos incentivemos com uma vitória sobre o Palmeiras!
Abraços!

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Pra que serve o tal centro-avante?

Amigos,

Após mais uma grande vitória do Gigante da Colina, me resta falar de outra coisa. Explico: como diz ao lado, sou professor e estava dando aula no horário da partida. Resultado: não sei de nada. Resta ocupar o espaço com algo mais. Escolhi falar da posição de centro-avante por alguns motivos: estamos (o Vasco e o Brasil inteiro) em crise na posição, existe um grande mito em torno desse famigerado sujeito que costuma jogar com a camisa 9 e porque tem a ver com um post que gostei muito de fazer sobre o lateral.

Vamos, então, por partes.
1) Qual foi o último grande centro-avante que vimos jogar? Um sujeito "qualquer" chamado Ronaldo. E ele já se aposentou. Apareceu algum grande sucessor para ocupar o lugar na seleção Brasileira? Não! Estamos em crise. Após gerações e gerações com grandes goleadores brasileiros em campo (Roberto Dinamite, Romário, Ronaldo) não temos ninguém. Guardemos essa pergunta: o centro-avante é essencial?

2)"Centro-avante vive de gol". Esse é o mito. Há ainda que amplie o mito e diga: "atacante vive de gol". Apenas os mestres da posição viveram de gols. Apenas Romário fez mil gols e terminou a carreira gordinho, parado e frequentando as artilharias (e passou a carreira inteira fugindo dos treinos e correndo atrás da farra). O centro-avante comum, aquele que não é um "fenômeno" precisa fazer muito mais que esperar a bola chegar e fazer o gol.

3)A partir desse mito do centro-avante, relembro que já discuti aqui a questão do mito do lateral. Nem todo centro-avante joga da mesma maneira nem tem o mesmo estilo. A idéia do centro-avante que fica entre os zagueiros preparado para o cruzamento é, assim como a idéia do lateral que vive de cruzamentos, uma idéia recente e europeizada. Seu ícone é o vascaíno Jardel: foi também um grande goleador, mas de estilo, futebol e intelecto limitados. Os grandes centro-avantes da história brasileira jogaram diferente, os maiores goleadores do mundo jogaram diferente.

Faço, agora, uma outra pergunta para ser adicionada à que deixei para trás: o time precisa jogar para o centro-avante? 

Respondo logo: na minha opinião, NÃO. O esquema tático deve passar pelo centro-avante, em vez de funcionar para o centro-avante. Ele não é o único responsável por fazer os gols, e fazer gol não é sua única responsabilidade. A não ser que o centro-avante seja o Romário. Está aí a razão para o sofrimento de muitos dos camisas 9 por aí, inclusive dos nossos. A cobrança por gols recai sobre eles antes de recair sobre qualquer outro jogador. Isso é um erro.

E é um erro que existe apenas por causa da cultura de que "centro-avante vive de gol". É claro, o gol faz muito mais parte das atribuições do centro-avante do que do volante, do meia, do zagueiro, do lateral ou atacante. Mas é um reducionismo estranho e infrutífero dizer que é apenas isso o que o centro-avante deve fazer. Como uma das coisas mais comuns no mundo é a situação em que um erro puxa o outro, é absolutamente natural que muitos técnicos tentem fazer com que seus times joguem em função do centro-avante. Mesmo que esse centro-avante não seja o Romário, mas o Rafael Coelho; não seja o Roberto Dinamite, mas o Obina; não seja o Ronaldo, mas Patric; não seja Tostão, mas Nunes.

A diferença não grita, ela urra. Urra de agonia e dor quando vê um treinador colocando seu time pra jogar em função de um sujeito que é mediano, no máximo bom. Isso quando o jogador não é ruim mesmo. E é aí que agradeço porque meu técnico é o lúcido Ricardo Gomes. Por mais que ele receba críticas por insistir com Alecsandro, ele é lúcido o suficiente para saber que ele já passou do auge; por mais qe exista pressão para escalar o Elton, Gomes sabe também que na melhor das hipóteses ele é um cara mediano a bom na posição. Ora, o Vasco, então, não joga para o centro-avante como já jogou para Romário. Alguém do nível de Romário teria bola para ter um time jogando em sua função até com 80 anos e na cadeira de rodas.

Mas não existe nenhum Ronaldo ou nenhum Romário em atuação no futebol brasileiro. Logo, o mais sensato é que nenhum time brasileiro jogue em função de seu centro-avante. Se o centro-avante precisar trabalhar para o time com algo além de esperar a bola e colocar na rede, temos uma pergunta natural: o que vai fazer esse sujeito além do óbvio?

Centro-avante, assim como qualquer outro jogador do time, tem que jogar com a bola e sem a bola. Tem funções táticas para além de ficar dentro da área bem posicionado para o cabeceio. Se bom centro-avante fosse o gigante que faz gol de cabeça, o Romário teria jogado na meia. Mas, como já disse, não podemos tomar o amior centro-avante da história, Romário, como parâmetro. Classicamente, o centro-avante é o jogador mais avançado e centralizado da equipe.

Ele está ali por diversos motivos:

1) Funcionamento de pivô: o jogador que recebe de costas para a meta, um pouco à frente da zaga, prendendo um zagueiro à sua marcação, a fim de distribuir o jogo pra quem vem de trás ou para quem entra em velocidade. Ele precisa receber de costas e fazer a jogada girar em torno de si. Assim, ele sai momentaneamente da clássica função de goleador para alguém que distribui a jogada, preferencialmente com rapidez e simplicidade. é interessante reparar que essa função de pivô não acontece apenas na entrada da área, onde nós imaginamos normalmente quando falamos nela. Quando o time está na defesa e vai sair para o contra-ataque, quem recebe o passe no meio-campo para distribuir pra quem passa em velocidade? Nos lançamentos de transição defesa-ataque, quem está usando o corpo para dominar e distribuir a jogada, partindo posteriormente?

2) Entre os zagueiros: esse é o posicionamento em que o atacante espera uma enfiada de bola ou um lançamento em condições diretas de fazer o gol. Junto com a anterior, são posicionamentos e funções muito comuns. Também pode acontecer em jogadas mais recuadas, explorando a velocidade. Mas dado o fato que a maioria dos centro-avantes de hoje são mais pesados e lentos, é o segundo atacante que costuma fazer esse tipo de jogada mais recuado.

3) Saindo para as pontas: o que faz um centro-avante na ponta esquerda? Uma resposta geral: abre espaço. Ora, comumente os centro-avantes recebem marcações individuais ou duplas por setor (é o que o Vasco faz com os centro-avantes adversários em geral). Quando existe esse tipo de marcação especial e o sujeito sai da área, pode ser gerado um buraco a ser aproveitado ou por quem vem de trás ou por quems e posicione momentaneamente como centro-avante. Isso é, na realidade, uma troca de posição e mesmo de função tática. Por mais que isso acarrete uma perda técnica, já que a ponta não é a praia do centro-avante, pode ser uma surpresa interessante, principalmente porque se os marcadores sairem inadvertidamente para marcar a ponta sem que a jogada esteja por ali forma-se uma bela avenida, ideal para jogadas em velocidade, passes enfiados ou chutes de longa distância.

4) Recuando para a meia: repito a pergunta: o que faz aquele brucutu sem habilidade na meia direita? A mesma resposta geral: abre espaço. Mas um pouco mais que isso, exigindo mais qualidade técnica. Esse tipo de situação significa o avanço do meio campo para o ataque, outra troca de posições específica para jogadas de velocidade e individuais de quem está na frente. Isso geral confusão natural na zaga adversária, porque geralmente induz o volante a sair para abafar o centro-avante, que tende a não ser muito habilidoso para coisas além de fazer o gol mesmo. É uma situação mais perigosa do que sair para a ponta. Em dois sentidos: defensivamente, a bola não pode ser perdida ali nem por um decreto (é fatal); ofensivamente, temos possibilidades mais remotas de um acerto na distribuição feita pelo centro-avante deslocado, mas caso dê certo o perigo se inverte.

Fora essas quatro principais qualidades, é muito comum vermos os centro-avantes defendendo o primeiro poste nos escanteios adversários. Aí, assim como nas bolas paradas ofensivas, é onde aparece mais nitidamente a vantagem da brucutuzisse da maior parte dos centro-avantes de hoje. Eles costumam ser bons na jogada aérea, num contexto em que os volantes "modernos" são cada vez menores e versáteis, perdendo força no aspecto defensivo. Nesses casos, o contra-ataque não pode ser dispensado e, sendo a função de centro-avante fundamental na saída para o contra-ataque um centro-avante improvisado sempre está lá.

Olhando para estas possibilidades não muito rigorosas para a função do centro-avante, devo lembrar que todos eles acabam fazendo um pouco de cada uma delas, mas que geralmente o sujeito tem destaque em 1 ou em 2. Os centro-avantes históricos faziam todas as 4 possibilidades muito bem. Os grandes da posição eram fenomenais em uma delas, tendo o direito de serem horríveis nas outras três. E os que não se destacam precisam saber equilibrá-las para que o time funcione melhor.

Chegamos aí ao ponto de falar diretamente de Vasco. Para iniciar, insisto como vitrola quebrada: Elton e Alecsandro estão num nível muito próximo. A escolha de um ou outro é questão de momento e deve ser sustentada em campo por 90 minutos. O problema é que o nível próximo dos dois é abaixo do satisfatório frente à grandeza do Club de Regatas Vasco da Gama. 

Élton dá mais ênfase em 1 e 2, por isso, tende a ser mais goleador. Mas é, no geral, pouco esforçado e menos ainda técnico e habilidoso. Sabe chutar e cabecear bem, mas deixa a desejar no posicionamento (como ele consegue ficar impedido tantas vezes?), domínio de bola (como consegue fazer tantas faltas de ataque e cair sentado tantas vezes?) e visão de jogo. Resultado: Elton pode ser perigoso com 1 e 2, mas na hora de jogar para o time, é miseravelmente ruim em 3 e 4.
Alecsandro é um jogador mais equilibrado. Menos goleador que Élton, mas consideravelmente mais esforçado (apesar de apresentar já algumas limitações de forma física) e melhor em termos de posicionamento, domínio de bola, passes e visão de jogo. Resultado: um centro-avante que acaba jogando mais para o time do que para o gol.

Ora, temos, então um problema sério. Sério a ponto de Diego Souza, quando escalado de centro-avante, fazer muito melhor as funções 3 e 4. Ele só não é titular na posição porque faz falta no meio-campo e porque tem menos cacuete de goleador. Se a coisa chega a esse nível, recoloco algo que ficou de lado ao longo do post: o centro-avante é estritamente necessário?

Não. Desde que se consiga fazer gols sem eles. Bons atacantes, pontas ou meias podem incomodar muito a defesa adversária também, a partir de outras características diversas. Basta lembrarmos de Leandro Amaral (mais conhecido pela sábia alcunha de Amareal). Infelizmente, não é o nosso caso. O Vasco precisa de alguém de referência na frente. Não que eles sejam bons, mas porque nossos outros jogadores do setor ofensivo têm problemas sérios para ensacar a bola: lucidamente, Ricardo Gomes também sabe disso.

No Vasco, esse é um problema que só pode ser solucionado com contratações mesmo. Lembrando, porém, do mau momento dos centro-avantes brasileiros é de se esperar que mesmo jogadores em um nível muito próximo do que já temos sejam um investimento demasiado alto para o benefício que trariam. Basta tentarmos lembrar quantos centro-avantes nitidamente melhores que os que temos existem no país. Tarefa difícil: existe um nivelamento por baixo na situação.

Para terminar, vamos à utopia. Caso o mercado brasileiro de centro-avantes estivesse altamente suprido, seria bom um time com dois centro-avantes? Eu, particularmente, não gosto da idéia apenas por opinião. Mas é claro que pode funcionar. Isso, porém, tende a forçar um estilo de jogo funcionando em privilégio a estes jogadores. É o time que joga na base do chuveirinho na área, tão comum na Europa e em países Sul-Americanos para além de Brasil e Argentina e que eu já critiquei ao falar dos laterais. É um exercício de imaginação, a situação oposta ao time sem centro-avante.

Para finalizar saindo do assunto, exalto a boa rodada que tivemos: apesar da vitória do time que nada-tem, todos os nossos outros concorrentes diretos tropeçaram: fRamengo, Palmeiras, São Paulo. Cada vez mais fica importante permanecer no bolo de maneira próxima do líder. Os clássicos próximos serão de suma importância tanto porque são um risco sério para o Corinthians quanto porque são o momento em que precisams reafirmar nossa grandeza. Time campeão precisa ganhar clássico, e um deles valerá seis pontos.

Até lá!
Abraços

domingo, 14 de agosto de 2011

Não poderia deixar de tentar comparar... (Vas x Pal)

Olá amigos!
Os pais, filhos, mães, avós e tios vascaínos tiveram um fim de tarde mais feliz! Já dando os parabéns a quem merece, não poderia deixar de tentar comparar o Vasco de hoje com o da vitória sobre o mesmo Palmeiras na estréia da Sul-Americana. Porém não consegui assistir ao segundo tempo da partida devido aos (ótimos) compromissos familiares de dia dos pais. Ficamos, então, com uma análise perneta: sobre o primeiro tempo, consigo comentar e comparar. Mas tudo o que sei do segundo tempo da partida corresponde aos melhores momentos e aos acréscimos, que foram transmitidos pela TV aberta após o jogo do Figueirense.

Começo falando então, do indiscutível: o resultado. O 1x0 de hoje foi mais apertado e complicado que o 2x0 do meio da semana. Entretanto isso não significa que o resultado de hoje foi "menos bom" para o Vasco. Na Sul-Americana, onde temos um mata-mata com partida em casa e fora (onde o gol "vale mais"), ganhar por 2x0 foi fundamental para termos tranquilidade na próxima partida (se fizermos um gol lá, o Palmeiras precisa fazer 4). Hoje, porém, a vitória pelo resultado mínimo num jogo de "seis pontos" nos coloca numa posição interessante: a 2 pontos do treceiro colocado, a 4 pontos dos dois primeiros (que empataram) e a 3 pontos do sexto colocado Palmeiras. Recuperamos a boa colocação no "bolo" que briga ainda indefinidamente pelo título, e isso é o principal neste momento do longo Campeonato Brasileiro.
Elton recebeu sua chance no time titular "de verdade". Em campo por 90 minutos para mostrar seu serviço e provar seu valor novamente. Não fez gol, mas demonstrou algum esforço: ao menos não está pior que o Alecsandro (reitero minha afirmação de que estão no mesmo nível, e que a questão primordial é o "momento"). E, por falar em Alecsandro, reparei algo significativo no primeiro tempo da partida: Elton ficou mais deslocado que de costume da posição de centro-avante, assim como costuma fazer Alecsandro. Ele não ficou tanto enfiado entre os zagueiros, recuou mais e caiu para as pontas em algumas oportunidades. Será orientação do treinador? Se sim, temos uma situação que exime Alecsandro de parte da culpa por suas recentes más atuações.

Não tivemos, então, nenhuma grande surpresa no time titular. Entrou quem merecia. E a escalação do time por si só abre espaço para uma questão importante: Felipe e Juninho Pernambucano juntos. Ricardo Gomes não disse que eles não podem jogar juntos, apesar de ser essa a opinião geral das pessoas. Ele disse que precisaria administrar a presença dos dois em campo: poderia promover um revezamento, substituições, ausências e também a presença dos dois em campo. Nada mais natural: são craques, são ídolos e ainda aguentam 90 minutos se necessário. Principalmente porque o primeiro tempo de hoje nos mostrou que quando eles estão em campo, podem jogar com mais liberdade e se alternar na dedicação defensiva, o que reduz a possível sobrecarga sobre jogadores já bastante maduros.

Ainda assim, apresentamos dificuldades para enfrentar o Palmeiras no primeiro tempo, especialmente na sua primeira metade, momento a partir do qual começamos a equilibrar as ações sem, porém, garantir superioridade ampla. A isso, atribuo em parte a questão tática: Felipão não trouxe seu time para jogar da mesma maneira, enquanto o Vasco não foi tão diferente. O time de Scolari veio com uma marcação mais avançada, tentando nos encurralar na defesa e procurando variar mais as jogadas, enquanto na última partida pressionaram mais no meio-campo e insistiram demais pelas pontas e laterais. Enquanto isso, o Vasco entrou no seu mesmo 4-4-2 e apresentou dificuldades para sair jogando:

Se compararmos essa formação com a formação ofensiva inicial da partida  da Sul-Americana (veja aqui), temos de diferente: Felipe no lugar de Bernardo e Éder Luís no lugar de Diego Souza.  A presença de Felipe faz no meio campo um "espelho" de Juninho: eles trocavam de posição e/ou alternadamente poderiam subir pela meia, centralizar próximo ao atacante ou aparecer para organizar o time a partir do meio campo defensivo. O que um fazia, o outro poderia fazer também, apeser de que Felipe apareceu mais ofensivamente e Juninho apareceu mais defensivamente e na organização. Já a presença de Éder Luís fez uma função tática semelhante ao que fez Bernardo no primeiro jogo: apareceu mais pela ponta esquerda para tentar forçar o Palmeiras a defender seu flanco e, assim, garantir que Julinho tivesse mais proteção para compensar sua reduzida aptidão para a marcação. Assim, Fagner tinha muito mais liberdade para subir.

Até certo ponto, isso foi decepcionante. Eu esperava ver Ricardo Gomes tirando algo "novo" da cartola para surpreender os Palmeirenses jogando de maneira diferente. Mas substancialmente, nosso jogo foi o mesmo. Não posso dizer que falhamos, mas esperava mais. Tivemos mais dificuldade para segurar o ímpeto suíno e equilibrarmos a partida. E, dessa vez, o equilíbrio não veio através de um reforço e ajuste no posicionamento defensivo, mas nas ações ofensivas. Quando conseguimos nos organizar, começamos a deixar o Palmeiras temeroso com relação aos buracos deixados por sua postura ofensiva, principalmente com relação às laterais. Apesar disso, fomos pouco efetivos no ataque: as bolas paradas foram destaque e se tornaram recorrentes exatamente devido à nossa postura nas pontas. Nosso jogo rondava por ali, e em jogadas individuais e de ultrapassagens sofremos muitas faltas. Jogando assim precisamos muito menos dos lançamentos, mas não temos, do mesmo modo, eficácia garantida.

Defensivamente, destaco mais uma vez que tivemos dificuldades com as enfiadas de bola. Espero que o retorno de Dedé solucione o problema, já que me parece questão de posicionamento e de entrosamento. Anderson Martins esteve mais uma vez muito bem, mas Renato Silva novamente nos deu alguns sustos, apesar de ter sido relativamente consistente nos outros momentos. Não podemos negar que é um bom reserva. Se no ataque a mudança foi pouca, na defesa a diferença foi ainda menor:


O posicionamento foi basicamente o mesmo com relação à ultima partida: Romulo, Jumar e Juninho (Felipe) alinhados, com Felipe (Juninho) centralizado à frente dessa linha. Reparemos apenas que, mantendo o revezamento entre os dois, quando Felipe se posicionava na linha de defesa com Romulo e Jumar ele o fazia pela esquerda, deslocando os dois volantes mais para a direita (assim, Jumar protegia o meio) e Juninho centralizava-se para distribuir o contra-ataque. Nesse caso, Éder Luís se posicionava também na ponta esquerda para partir em velocidade (Fagner o fazia pela direita) e Elton tentava receber de costas para distribuir o jogo para estes dois. Ressalvo que, no momento mais significativo de Éder na partida (parece que jogou muito mal), ele não estava na esquerda, o que me leva a crer que seu rendimento está diretamente ligado ao seu território no campo. Ainda que jogue recuado para partir em velocidade e que se empenha bastante na marcação por questões táticas, Éder tem rendido muito melhor nas oportunidades em que entra na direita para jogar com Fagner. Hoje ele teve pouca companhiapara sua velocidade.

Conseguimos conter bem os ataques do Palmeiras, mas saímos pouco tanto de maneira cadenciada como nos contra-ataques. Não podíamos abusar tanto dos lançamentos, pois Diego Souza (que protege a bola como poucos) não estava em campo, mas a marcação avançada do Palmeiras dificultava nossa transição ao ataque. Teríamos um primeiro tempo muito mais morno se não fosse nossa dificuldade recorrente com bolas enfiadas em velocidade entre a zaga. Mesmo com a dupla de zaga titular já apresentavamos alguns problemas deste tipo.

Acabou o primeiro tempo e fui fazer uma visita de dia dos pais. Cheguei ao meu destino e passava apenas o jogo do Figueirense. A partir daqui, posso mais especular do que falar com certeza. Por isso, digo pouco e sugiro que visitem outros blogs para melhores comentários. Promover as entradas de Bernardo e Leandro nas vagas de Éder Luís e Juninho são modificações que não trariam grandes modificações táticas no Vasco: Leandro sempre entra para tentar fazer o que Éder deveria e Bernardo entra mais para mudar a dinâmica da meia do que sua disposição tática. Ainda assim, não podemos deixar de notar que a tendência nesse caso era que Felipe recuasse mais, procurando se centralizar e Bernardo jogasse aberto pela meia, com liberdade para fechar no meio ou tentar jogadas nas pontas. Assim, teríamos dois jogadores velozes e habilidosos para jogadas ofensivas.

Não foi isso, porém, que mudou o placar. Um gol de falta sem Juninho em campo nos garantiu a vitória. Na segunda tentativa (Bernardo já havia quase feito um golem outra cobrança), Bernardo acertou um chute digno do Rei. Ele deve ter ficado emocionado. Eu fiquei. Estando à frente do placar aos 35 minutos do segundo tempo, não era de admirar que repetiríamos a retranca. Mas, aí sim, acredito que tenha sido diferente.

A retranca do último jogo era uma retranca com 3 zagueiros, 2 laterais e 1 volante de ofício. Dessa vez, ficaram em campo 3 zagueiros e dois volantes. Deixar Fagner e Julinho presos na posição de laterais seria um recuo excessivo. Se, na última partida fui contra a maré e afirmei que aquilo não foi um 3-5-2, mas um 5-4-1, diria que hoje provavelmente nos posicionamos com um 3-6-1. Não vou ao 3-5-2 porque Leandro tem jogado muito recuado.

Desse jeito, tínhamos consistência na proteção do meio e volantes marcadores o suficiente para designar os zagueiros para marcar as laterais sem grandes riscos. Em termos defensivos, penso que é essa a única possibilidade sólida com três zagueiros. Afinal, um time com muitos zagueiros não garante um time bem defendido. Para isso, basta ver que uma estratégia defensiva altamente bem sucedida no Vasco tem sido plantar um atacante para jogar nas costas do lateral adversário.
Hoje, uma análise mais pobre, uma partida com menor riqueza tática, mas um resultado pelomenos tão rico quanto o último.
Abraços!

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Com o pé direito! (Vas x Pal)

Amigos vascaínos,

Tivemos um bom começo na Sul-Americana. O Felipão estava certo ao dizer que o time misto do Vasco não era um time misto. Os "reservas" não nos fizeram sentir falta dos titulares, no geral. Renato Silva, apesar de sem ritmo, surpreendeu positivamente, junto com boas atuações de Jumar, Anderson Martins, Fagner, Juninho e Elton. Leandro também surpreendeu, entrando bem pela segunda vez na sua história de Vasco.

Como vinha dizendo, Ricardo Gomes precisava optar por um centro-avante e deixar lá por 90 minutos. Elton entrou hoje e mostrou que pode merecer uma continuidade. Insisto que é de um nível muito proximo de Alecsandro (que no seu auge foi MUITO melhor que Elton) e que, por isso, a escolha do centro-avante é uma questão de momento. Assim, escolher um e deixar 90 minutos em campo acaba poupando os dois das críticas.

Críticas que não podem ser deixadas de lado: Julinho teve um mau dia, fraco na marcação ainda que preso defensivamente; Bernardo entrou o freio de mão puxado; e Diego Souza prendeu demais as jogadas, quando, jogando como atacante precisava de um estilo mais fluido. Passados os destaques individuais, vamos às questões coletivas que são aqui mais importantes.

Entramos em campo de maneira normal. O termo 'normal', porém, está longe de ser uma boa palavra pra definir a partida em vários aspectos. Ofensivamente, com um posicionamento bastante comum: dois volantes centrais, os meias mais abertos e dois atacantes, onde fora do comum estava apenas a variação de posicionamento de Diego Souza, que ora se posicionava já como centro-avante ao lado de Elton ora para vir mais de trás como segundo atacante. Isso é uma das coisas que explica a insistência do Vasco em lançamentos de tipos variados: tínhamos, na frente, dois homens grandes que faziam a famosa "parede" pra dominar de costas pra marcação. Por motivos óbvios, Diego Souza foi muito melhor que Elton nesse quesito.

E é esse também um dos motivos para as críticas a Diego Souza. Ele passou boa parte da partida como centro-avante. E centro-avante não tem como sua principal função arrancar com a bola, ser ousado e diferenciado. Tem que colocar a bola na rede. E o camisa 10 fez isso sem querer. Nessas horas, jogávamos com algo próximo de um 4-3-3, porque Juninho centralizava e Bernardo abria e avançava na meia esquerda como ponta. Infelizmente, era ele que deveria ser o ousado. E foi ele que entrou com o freio de mão puxado, apesar do bom cruzamento. Desenhando, temos então:
Apenas destacando na figura alguns aspectos antes de partir para a questão defensiva. A presença de Bernardo mais adiantado na meia esquerda inibia e reduzia a demanda pela subidas de Julinho, prendendo-o mais à marcação. De maneira oposta, até para poupar o Rei, Fagner subia muito mais, enquanto Juninho organizava o jogo Vascaíno de 3 maneiras possíveis: centralizando-se à frente dos volantes, abrindo na meia direita para as ultrapassagens de Fagner ou penetrando em diagonal na direção da meia lua (o que apareceu menos, mas aconteceu). A ausência de um jogador constantemente posicionado como segundo atacante dificultava a transição do meio para o ataque com passes conscientes e rasteiros. O uso de lançamentos foi até efetivo, mas exagerado.
Defensivamente, o 4-4-2 era diferente. Inicialmente apresentamos uma dificuldade considerável com os ataques suínos pelos flancos. Felipão sabe que nossos laterais marcam mal. Mas Ricardo Gomes também sabe e não demorou tanto a instruir o time a proteger mais os flancos do que o meio. Deu certo, e nos equilibramos. Foi uma questão de posicionamento, e aí, foi surpeendente a aplicação tática e esforço defensivo do Juninho. E ele fez isso por 90 minutos:

A solução passou por basicamente alinhar Juninho, Romulo e Jumar como volantes, onde o primeiro e o último davam o primeiro combate nos flancos, deixando os laterais na sobra. Associado a isso, tivemos um cão de guarda no meio. E não foi o Romulo. Renato Silva foi visto frequentemente saindo da posição de zagueiro especialmente para deixar a vida de Kleber mais emocionante, enquanto o volante ocupava seu lugar. Mas Romulo também teve seus momentos de marcação intensa: Marcos Assunção não poderia em hipótese alguma chegar com liberdade a uma boa posição de chute ou lançamento. Foi a primeira vez que vi o Vasco fazer um esquema especial de marcação para além das zonas, que funcionam muito bem com Gomes e funcionaram igualmente bem com esse incremento.

Para sair no contra-ataque, tivemos uma importante participação dos laterais (onde Julinho apareceu bem mais do que em ataques organizados) e de Bernardo, que tinha liberdade de movimentação, mas ainda assim o freio de mão puxado. Para falar mais mal do garoto, ele tem sérias dificuldade de posicionamento. Na minha opinião, o seu futebol não é nem tão bom como o que apresentou assim que chegou nem tão ruim quanto o que apresentou ontem. Saiu de uma boa para uma má fase sem vermos o "comum" dele. Felizmente, teve seu lampejo num ótimo escanteio cobrado.

Voltamos para o segundo tempo com um resultado favorável, mas que ainda não era bom. Como a partida estava equilibrada e morna até o fim da primeira etapa, voltamos da mesma maneira. O Palmeiras, porém, não voltou bem e tivemos alguns bons ataques pela direita, que não resultaram em nada além de tentativas de Elton. Até o momento, ele tentava, mas não conseguia. A primeira substituição de Ricardo Gomes me surpreendeu. Quando vi Felipe, automaticamente imaginei como ficaria o esquema com ele no lugar de Juninho, porém tirou Jumar.

Tecnicamente, isso significou muito mais qualidade com a bola, já que Jumar tem boa visão de jogo mas tem dificuldades pra colocar os passes que ele pensa em prática e muito menos poder de mercação, por motivos óbvios. A gravidade dessa redução do poder de marcação teoricamente ficaria reduzida pelo fato de que foi mantido o posicionamento defensivo (e o Palmeiras insistia pelas pontas). Assim, Felipe tinha sempre Julinho na sua sobra, de fato. Porém, o problema apareceu de maneira diferente: perdemos tempo na recomposição do meio campo após o ataque (que, taticamente, também não mudou de início). Como nossos atacantes estavam muito avançados para receberem lançamentos, quando saíamos com a bola no pé o meio campo precisava avançar muito e não se recompunha com velocidade suficiente. Primeiro, o problema foi melhorado na base da conversa.

Depois, Ricardo Gomes fez duas substituições significativas: Leandro e Victor Ramos entraram para a saida de Bernardo e Diego Souza. O posicionamento do time tinha que mudar obrigatoriamente. E eu, como todos os outros, imaginei o 3-5-2. E errei. Ilustro abaixo como seria um 3-5-2 com os jogadores em campo, e, depois, ilustro como o time se colocou de fato.
Esquematicamente, teríamos um 3-5-2 ofensivo: apenas 1 volante de ofício no meio campo. Com Julinho em sua posição de melhor rendimento e Fagner fazendo o mesmo pela direita. Teríamos um meio-campo mais povoado. Porém a figura que vi foi outra:
Passamos a um posicionamento muito mais defensivo: Fagner e Julinho não deixaram de ser laterais. Continuavam alinhados com a zaga, mas procuraram sair mais e com mais velocidade para contra-atacar (o que prejudicou o cansado Julinho). Leandro fez o de sempre: se posicionou como Éder Luís para sair na correria e ajudar defensivamente o flanco direito: esforçado como sempre, foi recompensado com um bom cruzamento para Elton, que vinha entrando na área. Ele tem seus méritos por ter acreditado também, e os transfere um pouco para Ricardo Gomes que o deixou em campo por 90 minutos. Junto com isso, vem a dúvida.

Uma partida não tão boa. Mas um começo muito bom na competição. O Palmeiras tem uma grande equipe, e um grande técnico. Isso significa que teremos que aproveitar para as próximas duas partidas contra eles aquilo que nosso técnico tem de melhor: a variação tática. Felipão é um grande técnico, e após ter seu esquema neutralizado, pensará bastante em como organizar o Palmeiras para a próxima partida. Se tudo der certo, perderá denovo e tentará mais uma possibilidade. E perderá denovo. Precisamos disso para mantermos nossas pretensões em alta nas duas competições.

Para o Campeonato Brasileiro, não é agora o essencial ficar na ponta. O fundamental é ficar no bolo da frente para uma arrancada no nosso momento mais fácil da competição. Já na Sul-Americana, precisamos passar as fases. O raciocínio é simples. a prática dele é desafiadora e difícil. Aguardemos.

Antes de finalizar o post, gostaria de comentar: nem sempre que se tem 3 zagueiros joga-se no 3-5-2. Isso parece óbvio, mas vi inúmeros comentários de pessoas falando "desse 3-5-2". Não é porque são 3 zagueiros que temos apenas 3 jogadores no setor defensivo. Os laterais fazem parte dele, e quando estão presentes num esquema com 3 zagueiros temos CINCO jogadores no setor. Foi o que aconteceu ontem. Seria mais aceitável ver as pessoas falando que jogamos com um 5-3-2, mas nem isso. Ainda que Leandro seja atacante de origem, sua posição era a do meia-direita na linha de 4 jogadores: seu diferencial foi o combate no flanco direito e a saída desembestada para o ataque, acreditando em tudo. Elton ficou isolado e centralizado à frente, aguardando exatamente as ultrapassagens dos meias e laterais: deu resultado.

Com isso, ele foi novamente importante para manter a bola no ataque. Tivemos um fim de jogo tranquilo, com uma retranca bem feita. Mais uma variação positiva para Gomes. E ponto negativo para os comentaristas, que sequer citaram a novidade tática do Vasco.

Um abraço a todos!

domingo, 7 de agosto de 2011

Pela primeira vez, não soubemos... (Bot x Vas)

É amigos,

Essa vergonhosa derrota para o time da torcida e da estrela solitária parece me permitir dizer que pela primeira vez desde que escrevo este blog não conseguimos alterar nosso funcionamento tático em função do adversário de maneira satisfatória. O que quer dizer?

Pela primeira vez, as alterações de Ricardo Gomes para construir uma adaptação contra a maneira de jogar do adversário e, assim, superá-lo a partir do posicionamento e função tática dos jogadores falhou. E falhou feio.

É nítido, porém, que do mesmo modo que vitórias do técnico devem ser creditadas ao grupo, não podemos creditar a derrota apenas a Ricardo Gomes. Porque quando se trata de série A do Campeonato Brasileiro (e até mesmo na série B, mas em menor escala) a goleada é algo esporádico, incomum e associada a sérios apagões. Tivemos um apagão tático? Sim. Mas não só isso, porque tivemos problema técnicos e até mesmo de esforço e nervos.

Após este panorama, gostaria de começar pela escalação do time: Prass; Fagner, Dedé, Anderson Martins; Márcio Careca; Romulo, Jumar, Felipe, Diego Souza; Éder Luís e Alecsandro. Tivemos o retorno ao jogo com dois laterais de ofício, o meio defensivo reforçado e a presença de Felipe e Diego Souza formando a dupla de armação e ataque no setor. No ataque, o desempre. O que essa escalação nos proporciona?
1) Teórico equilíbrio entre direita e esquerda, já que ambos os laterais têm a obrigação de defender e sobem alternadamente. Seria diferente se tivéssemos Jumar (quase exclusivamente defensivo) ou Julinho (muito mais ofensivo) na posição.
2) Na prática, porém isso não se verificou. Márcio Careca é muito fraco ofensiva e defensivamente e a dupla Fagner e Éder Luís estavam em um mau dia.
3) Um meio campo de marcação reforçada, com dois primeiro-volantes, associado a um jogador que cadencia e faz a bola correr e outro notável por arrancadas e força física para proteger a posse de bola. Nenhum dos dois, inicialmente, teve grande papel ofensivo pelas pontas.

Taticamente, destaco:
1) Éder Luís recuado na marcação da intermediária defesiva pela direita, apesar de não tão recuado quanto contra o Santos. Apesar disso, Elkeson fez o mesmo que o Santos faz com Neymar: caía pela ponta esquerda com muita frequência. Ali, o bloqueio foi mais frágil que contra o Santos, pois o povoamento era menos. Assim, nossa direita defensiva foi mais fraca e extremamente violada por Elkeson e Cortês que jogavam juntos ofensivamente no setor.
2) Assim, eram os flancos o foco dos ataques botafoguenses, e também os nossos problemas de marcação: aí temos uma questão tática apontada logo acima, mas que soma-se à questão técnica (problemas individuais dos jogadores) e ao próprio desempenho em decorrer do psicológico, o que justifica apagões.
3) Da mesma forma, apresentamos dificuldades defensivas com as enfiadas de bola, principalmente após as substituições que tentaram solucionar outros problemas: como o problema defensivo nos flancos e a dificuldade ofensiva que encontrávamos.
4) Dificuldade esta que devia-se à ineficiência das laterais: ambos os laterais estavam mal, Éder Luís estava mal, Diego Souza esteve menos preocupado em subir em diagonal para a ponta esquerda e Alecsandro reafirma sua má fase. O Vasco afunilava o jogo e dava de cara com volantes botafoguenses em bom dia e marcando adiantados na maioria das vezes. Quando tentava atacar pelos flancos, esbarrava tanto nas nossas deficiências técnicas momentâneas (foi um dia atípico) quanto no bom dia botafoguense. A organização defensiva deles nos complicava. 
5) Mas nos complicava mais ainda a ofensividade do Botafogo. Atacando pelos flancos, principalmente pela nossa direita, eles nos impediam de atacar com eficiência por ali e aproveitar bolas nas costas deles porque estavam sendo ali muito efetivos.

Foi esse problema tático que justificou a primeira alteração de Ricardo Gomes: Juninho no lugar de Careca, tranferindo Jumar para a lateral esquerda para reforçar o flanco. Perde-se na ofensividade da esquerda, mas ganha-se na marcação por ali. Ao mesmo tempo, fortalece a distribuição no meio-campo e enfraquece-se a marcação por ali. Essa alteração teve erro e acerto. Acerto porque precisávamos de uma lateral esquerda mais sólida. Mas erro porque a entrada de Juninho sempre significa empenho, bons passes, perigo para o adversário. Mas não é um jogador que invade em velocidade. Era disso que precisávamos.

E Ricardo Gomes percebeu isso. Mas percebeu já um pouco tarde.Tirou Éder Luís e colocou Julinho, bem aberto na ponta esquerda, como quando fez boa partida em sua estréia. Com isso, ficamos com um 4-5-1 interessante: Rômulo como volante, Felipe e Juninho se alternando na obrigação defensiva mais centralizados e Diego Souza e Julinho abertos nas pontas, apesar de o primeiro varias seu posicionamento para o de atacante também.

Logo esse esquema foi desmontado com a irresponsável expulsão de Diego Souza e com a consequente idéia de evitar mais gols. Entra Leandro no lugar de Felipe e formamos duas linhas de 4 jogadores para defender. Não funcionou. E acabou a partida.

Uma partida que mais deu errado do que certo.
1) A proposta de jogo inicial: viemos para jogar equilibrados, sem explorar as pontas que são a grande arma ofensiva do botafogo
2) Não aproveitamos a lição de partidas anteriores sobre como jogar contra times que depende das jogadas pelas pontas e laterais
3) Más substituições. Nenhuma delas foi no "seis por meia dúzia", o que foi surpeendente, mas saiu errado. Não há como questionar que era fundamental tirar Márcio Careca de campo, mas o substituto natural deveria ser Julinho pra jogar na meia esquerda quase como um ponta. Não há também como não pedir a entrada de Juninho: com a queda de produção de Felipe no segundo tempo, era a hora do "seis por meia dúzia". E, por fim, não se sabe o motivo da insistência com Leandro. Ele tenta fazer rigorosamente o papel tático de Éder, mas por limitações que não têm nada a ver com a tática, ele não consegue: é necessário aprender que substituir Éder Luís no "seis por meia dúzia" NUNCA nos será útil enquanto Leandro for seu reserva. Por que não Bernardo jogando exatamente como Julinho pela meia direita?
4) Existiram más atuações individuais e apagões, que não podem ser creditados à torcida, que só pegou no pé do Marcio Careca mesmo.
5) Vislumbro, porém um esquema tático interessante para nosso repertório, que já foi utilizado: Julinho como meia abertom na esquerda e Éder como ponta direita, centralizando Felipe, Juninho ou Diego Souza (um ou dois destes três) para organizar o jogo. É essa uma boa organização para furar retrancas e/ou jogar contra quem joga aberto nas pontas: se nossos jogadores abertos e os laterais estiverem em bom dia, é extremamente difícil de defender. Foi o que fez o Foguinho em nossa defesa, principalmente na nossa direita.

Em uma partida extremamnente importante, tropeçamos. Em meio a uma sequência dificílima. Claro que é recuperável, mas precisaremos compensar futuramente os pontos perdidos com essa derrota. E uma derrota inquestionável, diferente de outros tropeços passados.

Já dizia a música: "Reconhece a queda, mas não desanima. Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima". Precisamos levantar a cabeça tanto para iniciarmos bem na Sul-Americana quanto para nos recuperarmos no Brasileirão. Em termos de planejamento, precisaremos "sentir" qual nos dará mais frutos para investir pesado. Por mais que esperemos empenho nas duas competições, uma prioridade terá que ser lançada.

A falta de uma prancheta para esta partida até aqui tem motivo: boa parte foi acompanhada pelo rádio, e boa parte do desenho tático está presente em pranchetas anteriores:
1) O posicionamento e  marcação nos flancos se assemelha, com menos força, ao feito contra o Santos
2) O desenho tático vislumbrado por Gomes com a entrada de Julinho apareceu contra o São Paulo e mais ainda contra o Atlético-MG
3) O momento com Romulo, Juninho, Felipe, Diego Souza e Julinho em campo foi o único nunca ilustrado. Para não deixar ao sabor da imaginação, ilustro abaixo, sem deixar de ressaltar que isso foi pouquíssimo significativo para esta partida pelo pouco tempo que isso durou. Porém, temos aí algo relevante como perspectiva. E este é um bom momento para encerrar com perspectivas.
Um grande abraço a todos!

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Um retrato em 45 minutos: Vas X San

Olá amigos,

Escrevo hoje sobre um Vasco que começou avassalador sobre o Santos, sofreu uma pressão após a acomodação do primeiro e belíssimo gol de Diego Souza e, após equilibrar os esforços e a posse de bola achou também um belíssimo segundo gol, onde Dedé subiu mais que o goleiro santista dentro da pequena área. Fruto de nosso empenho e organização ofensivos e da fraca defesa do peixe paulista, que anda mal-organizada e encontra dificuldades tanto no combate individual quanto no acompanhamento das jogadas. Defensivamente, porém encontramos alguma dificuldade com a entrada em velocidade de Neymar e Borges entre a zaga.

É este um breve retrato do primeiro tempo da partida, ilustrada abaixo de maneira decomposta entre defesa e ataque, a fim dedistinguir posicionamento ofensivo e defensivo do Vasco, que apresentou uma variação importante.

Ofensivamente, vimos em Diego Souza um meia-atacante clássico, centralizado e com liberdade para se deslocar em todas as direções. A essa movimentação, adaptava-se o ataque vascaíno: mais notadamente, Felipe centralizava-se quando Diego Souza caía pela ponta esquerda. Tanto nessa jogada quanto na direita ofensiva tivemos situações muito interessantes, já que Fagner articulava-se principalmente com Éder Luís, mas também com Romulo como elemento surpresa pela ponta direita em jogadas complexas que podem finalmente fazer com que exijam menos dos cruzamentos de Fagner (que são ruins) e mais de sua habilidade e velocidade para invadir a área.

Defensivamente, Ricardo Gomes usou de uma estratégia muito comum para o meio campo nas laterais: o povoamento. Zagueiros mais próximos entre si, volantes um pouco mais abertos e dois jogadores designados para marcar as laterais, de modo que existiu cobertura constante destes jogadores tanto pelos laterais quanto pelos volantes. Isso nos previnia tanto de jogadas de linha de fundo quanto de jogadas pela ponta, forçando o Santos a centralizar o jogo e arriscar enfiadas de bola, algo que nos causou aluma dificuldade no início da partida, mas foi ajustado posteriormente.
Assim, o primeiro combate pelos flancos foi muito comumente feito por Éder Luís e Felipe, que tinham liberdade para pressionar incisivamente pela ampla cobertura disponibilizada a eles pelo posicionamento de seus companheiros. Assim, fizemos grande pressão na intermediária defensiva e tivemos possibilidades interessantes principalmente pela direita em contra-ataques que exigiam, porém, grande esforço e velocidade de Fagner e do próprio Éder Luís. Isso fez com que o primeiro tempo terminasse ao mesmo tempo em que eu me perguntava se esse esquema se sustentaria por toda a partida.

Minha dúvida não era motivada apenas pelas exigências que recaíram sobre estes dois jogadores, mas pelo esquema exigido para o time como um todo, numa variação constante de posicionamento: compressão na defesa, para evitar a necessidade de marcação individual, e espaçamento no ataque, a fim de maximizar os espaços dados pela defesa santista.

Voltamos, então, para o segundo tempo com a mesma escalação: um indicativo de que o esquema tático seria mantido. Entretanto, o Santos iniciou marcando mais avançado e dificultando o trabalho de descompactação e contra-ataque do time vascaíno: boa leitura de Muricy. Precisávamos mudar algo, e a primeira mudança foi forçada: Diego Rosa, uma imensa incógnita, no lugar do lesionado Eduardo Costa, que fazia atuação discreta mas importante. Tivemos uma alteração que tornou imprevisível o comportamento tático do Vasco dali em diante.

A saída de Eduardo Costa prendeu novamente Romulo exclusivamente à marcação, que perdeu sua função de homem-surpresa pela direita para Diego Rosa. Dessa maneira, a direita ofensiva continuou funcionando da mesma maneira: Éder Luís e Fagner em grande dia jogando pela ponta, com um volante se aproximando em velocidade por trás. Contando que Felipe continuou na esquerda e Diego Souza manteve sua função de comando, confirmamos que o Vasco se manteve o mesmo ofensivamente, apesar de com mais dificuldades pela marcação mais avançada e dedicada do Santos. Ao contrário da maioria dos times que está perdendo, o Santos se preocupou em marcar mais em vez de atacar mais: e funcionou.

Dificultando nossa saída de bola, o Santos nos mantinha em nosso 4-5-1 defensivo (que não mudou, mas perdeu qualidade com a saída de Eduardo Costa). Como resultado, começamos a cometer muitas faltas, algo que definitivamente não é característico de nossa defesa. A saída para o ataque começou a depender mais de triangulações e da velocidade de Fagner e Éder Luís. Tanta exigência respondeu rápido ao que me perguntei ao final da primeira etapa: Éder Luís sai lesionado aos 20 minutos do segundo tempo para a entrada de Leandro, seu substituto natural tanto tecnicamente quanto taticamente, como Ricardo Gomes já fizera inúmeras vezes.

Automaticamente, isso exigia muito mais do trabalho do centro-avante nos contra-ataques: Alecsandro precisaria dominar a bola de nossa saída de costas para o ataque a fim de distribuir o jogo para quem vem em velocidade. Infelizmente, nosso centro-avante ia muito mal nesse quesito: fraco no domínio, prendendo demais a bola e perdendo muitos passes apesar de seu inegável esforço. Com dificuldade para jogar no contra-ataque, sinto falta daquilo que nos deu a vitória contra o São Paulo. Quando uma estratégia perdeu efetividade deveríamos nter buscado outra que já deu ao Vasco vitórias importantes, procurando dominar o meio campo tanto em termos de pressão de marcação quanto na posse de bola, com passes simples e mais precisos.

Quando eu esperava, portanto, uma crescente pressão santista pela nossa própria ineficácia, Muricy Ramalho nos deu o que precisávamos. A entrada de Allan Kardec no lugar do seu lateral direito esvaziou as intermediárias em favor do extremo ofensivo do peixe. Assim, conseguimos conquistar mais espaços e posse de bola no meio campo, garantindo uma transição mais tranquila e sólida para o ataque sem, porém, imunidade contra as tentativas de ataque do Santos. Por mais que elas não tenham acelerado nosso coração vascaíno, elas existiram. Assim, morna, terminou a partida.

Fazendo uma análise geral, podemos observar:
1) O retorno da variação tática de 4-5-1 defensivo e 4-4-2 ofensivo, exigindo o trabalho de um meia e de um atacante praticamente como volantes abertos.
2) A insistência de Ricardo Gomes nesse esquema que funcionou muito bem no primeiro tempo mas foi neutralizado a partir dos primeiros minutos do segundo tempo. 
3) As substituições, ainda que por lesão, poderiam ter fugido do "seis por meia dúzia" habitual para tentar mudar o Vasco. A atuação de Leandro foi muito inferior à já mediana apresentada contra o São Paulo, a de Diego Rosa foi discreta (aceitável) e a de Elton foi bem definida pelo narrador do PFC: "tentando fazer o que não sabe" (passe de calcanhar e voleio magistral furando a bola).
4) Comento novamente, portanto, a insistência de Ricardo Gomes em queimar os dois centro-avantes. Alecsandro estava pior que de costume, apesar da lindíssima bicicleta, e saiu como o que não fez seu trabalho; e Elton entrou como de costume, faltando menos de 10 minutos pra tentar fazer "alguma coisa", e saiu sem fazer nada
5) Após falar dos destaques negativos, não poderia deixar de elogiar Romulo (em belíssima partida, importante na consistência defensiva e ajudando a anular Neymar no segundo tempo e com uma participação ofensiva muito boa, errando pouco e se apresentando bem para triangular), Fagner (que fez sua melhor partida depois do seu retorno, sem precisar usar de cruzamentos pra isso), Anderson Martins (o grande responsável por evitar as enfiadas de bola santistas), Dedé e Diego Souza, que dispensam quaisquer comentários.
6) É esta a primeira partida da temporada em que acho justo perguntar: "cadê o Chaparro?". Seria a primeira possibilidade de colocá-lo em sua posição de origem, volante pela direita. Entretanto, foi preterido por Diego Rosa que é cria da casa mas nunca fez uma grande partida pelos profissionais, ao contrário do hermano que, apesar de ter começado mal contra o Ceará no início do Brasileirão, recuperou-se e jogou muito bem.

Uma vitória importantíssima para uma sequência de jogos fundamental para nosso posicionamento no campeonato. Se pensarmos em nossa tabela, estamos atravessando agora, teoricamente, o momento mais complicado em termos de adversários. São as vitórias conquistadas nesse momento que poderão constituir "gordura" futura para a briga de fato pelo título nas últimas rodadas. Manter o embalo para enfrentar o clássico contra o Botafogo, que vem também em bom ritmo foi fundamental. É este o momento de fazer mais que a obrigação.

Contra o time da estrela solitária, partida em que um empate poderia ser aceitável segundo o planejamento clássico para brigar pelo título, teremos um momento interessante para acumular pontos para o futuro. Tanto por causa da Sul-Americana quanto por causa da disputa pelo título. Cabe agora aguardarmos as definições das lesões para imaginarmos a escalação da próxima partida.

Avante Gigante!!!
Abraços!

terça-feira, 2 de agosto de 2011

São Paulo X Vasco: sinceramente, o inesperado.

Amigos, não esperava, sinceramente, tal vitória e mais, tal exibição numa partida fora de casa contra o São Paulo.

Não por causa dos tabus que foram repetidos trocentas vezes na mídia. Sinceramente, dou pouquíssimo valor a eles. Não que eu não achasse a vitória possível, ela era. Mas esperava uma partida muito mais complicada e o Vasco organizado especificamente para jogar no contra-ataque.
Grata surpresa. Apesar de vários blogueiros conhecidos e reconhecidos terem afirmado a dificuldade da vitória, opto por esvaziar um pouco este argumento. E preciso dar os principais créditos: Ricardo Gomes. Todas as críticas repetidas aos quatro ventos, inclusive aqui, tornam-se pequenas. Pequenas não apenas por causa dos resultados, mas porque nosso técnico vem demonstrando uma qualidade muito grande, vem demonstrando ter o elenco nas mãos e, além disso, vem superando as críticas. Tira-nos os motivos, que já eram minimizados, para falar mal.

Tenho pra mim, também, que quando o técnico é o maior elogiado e responsabilizado pelo êxito, é injustiça não elogiar o grupo. O Vasco enquanto grupo jogou uma partida marcada pela maturidade, pelo esforço, pelo comprometimento. E tudo isso, na base da conversa, funcionou bem após a consolidação do esquema de marcação no lado esquerdo, próximo da metade do primeiro tempo.

Elogiando técnico e grupo, aproveito para fazer alguns destaques individuais. Da zaga para o ataque: Dedé foi novamente excepcional, justificando a cada dia sua convocação; o comentado penalti de Anderson Martins, que pra mim seria uma marcação extremamente difícil pra qualquer árbitro do mundo, não tira seu valor; Rômulo e Jumar foram muito bem para garantir a consistência defensiva, reforçada posteriormente pela entrada em grande estilo de Eduardo Costa; Diego Souza nos mostrou mais uma vez que, quando se esforça, desequilibra; e Alecsandro e Fagner destoaram do time: o primeiro, apesar do habitual esforço, foi pior do que de costume e o segundo não foi tão mal quanto se comenta, mas precisa melhorar.

Esta partida serviu para reforçar as variações táticas do Vasco. Esta, inicialmente, fcou prejudicada pela falta de treinos ao exibir uma inconsistência defensiva na direita, corrigida no decorrer da partida:
Reparem que o losango, menos consistente defensivamente, foi "abandonado" por Ricardo Gomes nessa partida. Decisão prudente. Penso, porém, que esse abandono não será completo. Apostaria que nas partidas em casa, teoricamente mais fáceis nosso técnico retomará a formação com o meio em losango. Mantivemos, porém, a cobertura dos laterais feita pela zaga, e não pelos volantes.

Tendo essa formação sido abandonada, Romulo é deslocado da posição em que estava jogando melhor (entre os zagueiros) para fazer as vezes de primeiro volante pela direita (por isso, ele vem sendo alvo de pequenas críticas nas últimas partidas: agora ele precisa fazer algo com a bola) para fazer dupla com Jumar pela esquerda. Aparece, porém, a variação que nos causou problemas: Jumar se deslocava para a lateral esquerda na posição de Julinho. Não tínhamos, porém uma troca simples nesse momento. Não faria sentido ter como volantes Romulo e Julinho. A situação se desenhava diferente:

 
Tínhamos, momentaneamente, Julinho jogando na posição de sua estréia: a meia-esquerda. Assim, nossa esquerda defensiva, que estava frágil, ganhava consistência por duas vias: reforço de marcação na zona (um volante na lateral e um volante marcador protegendo o meio) e possibilidade de infiltração do meia pelas costas dos marcadores. Com essa variação ajustada, conseguimos equilibrar a partida, apesar de ainda menos perigosos nas finalizações e penetrações na defesa são-paulina.

O retorno para o segundo tempo veio com a troca de Juninho por Felipe. Isso impossibilitou a continuidade da variação de posicionamento Jumar-Julinho. Simplesmente porque tínhamos um jogador ocupando a meia esquerda de maneira fixa. Era obrigatório, então, fixar também Jumar como volante e Julinho como lateral, o que inspirava cuidados pela ofensividade do São Paulo no setor e pela pouca aptidão defensiva de Julinho. Ilustro essa mudança aproveitando para introduzir o que gerou nosso segundo gol: o posicionamento recuado de Éder Luís nos momentos de defesa. A finalidade? Tanto ajudar na marcação, quanto ter um jogador pronto para puxar o contra-ataque. Assim se postava o Vasco defensivamente:

Tínhamos um grupo extremamente compacto para reduzir os espaços do São Paulo. Isso foi muito efetivo defensivamente, facilitando o trabalho da nossa zaga e garantindo o grande destaque para o setor da defesa. Entretanto, um sistema assim exige saída de bola precisa e muito veloz. Foi o que tivemos a partir da roubada de bola do Dedé, do belo passe de Diego Souza e da incrível velocidade de Éder Luís, que subiu muito bem-posicionado ao contra-ataque. Jogada digna em estar presente em um manual de futebol, sob o título: "como contra-atacar".

Se essa jogada me encheu os olhos, encheu também os dos tricolores. De lágrimas. Mas mais me encheu os olhos a postura do Vasco depois de fazer o gol. Dado o contexto de uma partida fora de casa contra um time muito bom e bem posicionado no campeonato, esperei uma retranca ferrenha. Fizemos, porém, algo que Ricardo Gomes havia introduzido no Cariocão mas deixado para trás: ganhamos o jogo no meio-campo. Toque de bola tranquilo e envolvente, possível apenas com boa movimentação e posicionamento, esperando o momento certo da incisão. Vi muitos comentários de um "Vasco cirúrgico".

Soma-se a isso o meio-campo combativo, que poupou muito do trabalho de Dedé, Martins e Prass. Demos graças à entrada de Eduardo Costa no lugar de Julinho, cansado. Com isso, temos nova alteração: Jumar vai para a lateral esquerda, Romulo volta a ser volante por este flanco e Eduardo "leão" Costa entra na sua posição ideal. Se a velocidade não é sua grande arma, a inteligência e a garra compensam: ele foi o responsável por pressionar o meio campo São-Paulino e impedir sua progressão. Além disso, qualificou um pouco o primeiro passe da saída de bola, contribuindo para mantermos a posse e chegando timidamente ao ataque.

Não há como negar, portanto, a fundamental importância do volante que, aposto, ganhará a vaga de titular contra o Santos. O cansaço de Éder Luís e a entrada de Leandro não trouxeram mudança de posicionamento: o atacante reserva entrou para fazer tudo o que fez Éder Luís. Com o mesmo grau de esforço, mas com um grau muito menos de efeito e objetividade. Uma alteração para manter a tática e prender a bola.

Estratégia perfeita. E coroada pela bela jogada do segundo gol: passe para Jumar, que ameaça ir ao Fundo e centraliza rasteiro para Felipe acertar um belíssimo chute de primeira. Jogada de lateral, sem cruzamento pelo alto (estou decidido a abrir um consultório esotérico-astrológico para profecias: nem só de cruzamentos se faz um lateral).

Terminamos com a moral lá no alto. Uma atuação mais bela do que o que vi em algumas das análises que acompanho, e importante para tentarmos afundar o perigoso Santos e, assim, quase anular suas chances de disputar no alto da tabela. Jogaremos em casa contra um time ofensivo e perigoso individualmente, que joga na velocidade. Espero uma estratégia defensiva semelhante: time compacto, com dedicação na marcação e dois volantes centrais (acredito em Eduardo Costa e Rômulo, já que Jumar deve aparecer na lateral esquerda).

E espero também que Ricardo Gomes cumpra o que disse há algum tempo atrás: o Vasco não joga com esquema de marcação individual. Acho perigoso designar um volante para grudar em Neymar e outro em Ganso, pois os volantes santistas são perigosos e porque num esquema desse, se acontecer o drible o time desorganiza muito mais. Preferiria uma marcação por setores com uma cobertura mais apertada. 

Especulo isso, porém, com algum receio. Teremos uma partida difícil, mas que precisaremos ganhar de qualquer maneira, já que o desmepenho de nossos adversários mais diretos foi positivo nas duas últimas rodadas, enquanto nesta apenas recuperamos o que foi perdido para o Bahia. É justamente essa a hora de ganharmos e secarmos, porque nosso final de turno é extremamente difícil, ao passo que nosso início é mais tranquilo. É fundamental nos mantermos no bolo dos primeiros colocados para tentarmos adquirir "gordura pra queimar" no início do segundo turno.

Um abraço a todos!