segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A decisão será nos confrontos diretos! (Vas x Cor)

O primeiro deles, atualmente o mais direto, aconteceu hoje e foi decepcionante.

Tudo é minimizado pelo fato de termos nos mantido na ponta, com vantagem sobre o segundo colocado. Porém perdemos mais uma grande oportunidade de saltar na frente e abocanhar uma boa porção de tranquilidade. Continuamos líderes, mas poderíamos estar numa condição melhor. Assistimos a uma grande partida, um bom jogo de futebol, com bastante emoção e até mesmo vontade. Um jogo aberto do qual poderíamos ter saído com a vitória, mas onde qualquer resultado seria possível.

É nítido, porém, que perdemos dois pontos preciosos, e que precisaremos recuperá-los fora de casa contra o Internacional que, apesar do tropeço desta rodada, não é tarefa fácil nem de longe. Do jeito que as coisas andam, não acho nada improvável. Faltando 11 rodadas para o fim do campeonato, teremos ainda 4 confrontos claramente diretos na disputa do título (São Paulo, Botafogo, Fluminense e Flamengo) e poderíamos ainda incluir mais 2 (Inter e Palmeiras) para contemplar a imprevisibilidade e as surpresas do brasileirão. Quer dizer, teremos 6 partidas de suma importância pela frente (daquelas onde não há favorito), e mais 5 partidas contra clubes em situação menos favorecida na tabela (Avaí, Santos, Bahia, Atlético-MG e Atlético-PR)

Das partidas  de disputa clara, serão duas fora de casa, uma em casa e três em "campo neutro"; das partidas contra os que estão mais embaixo na tabela, três fora de casa e duas em casa. A tarefa de sustentar a liderança e, ao mesmo tempo, recuperar pontos perdidos será difícil, mas favorecida pelo fato de que ainda estamos por enfrentar quem nos preocupará no futuro. O empate de hoje foi fruto de falhas bisonhas que não podem ocorrer: apagões gerais nos sistemas ofensivo e defensivo do time, que durante boa porção da partida fez até uma atuação razoável, mas aquém do que pode mostrar.

Mas não é porque ocorreram falhas individuais que podemos isentar o coletivo. Todo clube bem treinado que se preze precisa contar com o fato de que, invariavelmente, todos os jogadores em todas as posições erram. Este erro precisa ser previsto e coberto pelos companheiros. Futebol é jogo coletivo. Os dois gols do Corinthians vieram de situações de falhas individuais não cobertas pelo sistema defensivo por causa de outras falhas, táticas.

Gostei da escalação do Cristóvão. Não inventou e colocou um time bastante semelhante ao que vinha fazendo boas partidas recentemente. Durante um bom tempo funcionou, ainda que não tenhamos feito uma grande pressão sobre o Corinthians. A mesma variação de posicionamento de Diego Souza evidenciada no último post; a mesma função articuladora de Juninho; Éder aberto na ponta direita jogando com Fagner e com a participação do Reizinho; os volantes saindo alternadamente da frente da zaga para o combate. Tudo certo, exceto o esquema de marcação do flanco esquerdo defensivo: Márcio Careca levando um baile, sem cobertura específica ou combate antecipado (que poderia ser feito por Diego Souza) para evitar o mano-a-mano. Está aí uma questão de posicionamento e funcionamento do time que precisava ser resolvida através de compensação na marcação.



Jogando assim ofensiva e defensivamente, fizemos nossos gols sem grandes dificuldades. Errando assim ofensiva e defensivamente, entregamos o jogo com muita facilidade. Nossa jogada pela direita funcionou como sempre, muito acionada, mas utilizamos ainda menos a centralização e a distribuição pela esquerda. Este último problema foi percebido por Cristóvão, porque o Corinthians dava espaços ali, mas tínhamos Márcio Careca fazendo o seu "de sempre" e Diego Souza extremamente marcado, principalmente quando aparecia na ponta esquerda. Parece que Tite organizou um esquema voltado para neutralizar nosso lado direito (nisso, ele teve sucesso parcial) contando que nas jogadas pela esquerda temos uma dificuldade natural imensa.

Quer dizer, nossas maiores dificuldades foram por irregularidades individuais: Marcio Careca, Diego Souza, Eduardo Costa, Elton, Alecsandro e o próprio Dedé não estiveram num grande Domingo. Até mesmo o próprio Juninho, que jogava no sacrifício, fez uma partida abaixo do que vinha apresentando: completamente justificável e aceitável. Acontece que irregularidades individuais são completamente naturais e precisam ser previstas no treinamento da equipe: é algo de rara beleza no futebol o dia em que um time TODO faz grandes atuações individuais.

O normal é possuirmos esquemas de pequenas variações táticas que compensem a insegurança do jogador A ou do jogador B. No caso de ontem, Marcio Careca e, talvez, Eduardo Costa precisavam disso. E eu apostaria numa solução simples: e vez do 4-4-2 clássico que vínhamos apresentando, uma transformação para o Losango recuando um pouco Juninho na direita, avançando um pouco Costa na esquerda e centralizando Diego Souza poderia nos dar uma proteção extra na defesa do lado esquerdo e um povoamento maior no meio campo, por onde o Corinthians jogava menos. Vejamos essa possibilidade:



Mais ainda isso deveria ter sido feito quando Juninho sentiu de vez a panturrilha. Cristóvão acertou em colocar Allan em campo. Ainda era cedo para o Felipe. Mas errou ao manter o mesmo esquema de posicionamento: a juventude e o corriqueiro esforço de Allan poderiam ter compensado a saída do organizador do time se ele fosse mais recuado para marcar e buscasse mais a saída em velocidade com Éder e Fagner. Sem Juninho e sem uma marcação muito forte, começamos a apresentar dificuldades para manter a posse de bola.

Como Alecsandro já havia entrado no lugar de Elton (provavelmente com o intuito de ganhar ritmo para as próximas partidas, já que Elton está suspenso) sem mudar o panorama da partida, só restava uma possibilidade para colocar FelipeAtuações que me deixam na dúvida: Bernardo é bom e está em má fase ou é ruim e estava em grande fase?

Com Éder ainda fora de ritmo pela contusão, Cristóvão apostou na velocidade de Bernardo (escalando-o na esquerda ao deslocar Diego para a direita, mas permitindo a troca de posição dos dois), quando poderia ter apostado na genialidade de Felipe. Manter a bola no pé estava difícil: poderíamos ter armado um 4-5-1 com Diego na meia esquerda, Felipe centralizado e Allan na meia direita. Diego poderia subir para a posição de centro-avante, como vem fazendo, ao mesmo tempo em que poderia acontecer de Alecsandro receber uma bola perfeita para o gol. Seria uma aposta, uma possibilidade. Não foi isso que aconteceu, e futebol não existe pensando no "se", mas vi aí o erro de Cristóvão: faltou apostar na variação tática.


Penso diferente do comentário geral de outros torcedores, que colocaram erros desde a substituição de Juninho por Allan, desde a escalação de Marcio Careca sem ter outra opção, desde a escalação de Eduardo Costa, que é um líder e vem jogando bem. Não. Pra mim, seus únicos erros foram não compensar taticamente os jogadores que vinham mal na partida e não colocar Felipe em campo aos 30 do segundo tempo.

Talvez a escalação de Felipe não tivesse resolvido nosso problema que já estava presente no 2 x 2. Mas compensações poderia ter amenizado nossos apagões técnicos e táticos: dois gols sofridos em contragolpes quando começávamos a sair para o ataque. Essa é a situação mais mortal: uma delas dada ao Corinthians pelo Marcio Careca e outra dada pelo Alecsandro. Na primeira, ainda tivemos uma falha de marcação da zaga: Dedé estava marcando no lugar certo e SAIU para marcar a bola. Um erro básico que nunca tinha visto cometer. Na segunda, um passe de calcanhar mal-dado e mais uma jogada pela nossa esquerda defensiva: ninguém abafou o cruzamento, e Dedé deixou o gigante Fagner para marcar o anão Danilo, quando não havia mais nenhum Corinthiano posicionado na área.

Nem Dedé, o melhor zagueiro do Brasil, se salvou das falhas ontem. Ele não merece nem de longe críticas duras, mas isso mostra uma realidade que parecia que estávamos esquecendo. Ainda que seja o melhor do Brasil, Dedé é um ser humano sujeito a erros. Ele errou ontem e errará mais, assim como qualquer jogador. Pelo seu futebol, é possível que a intensidade e gravidade dos seus erros sejam menores, mas existirão erros. Se precisamos aprender algo com esse resultado frustrante é que todos erram individualmente, mas quando ocorre um erro individual não corrigido pelo grupo, todos erram coletivamente. Sofremos os gols assim.

Agora é olhar pra frente, porque temos um novo confronto difícil no final de semana, entremeado por uma partida fora de casa pela Sul-Americana. Penso que é ela o momento para dar ritmo a bons jogadores como Felipe e Nilton. Espero que viajem, e espero que entrem na metade do segundo tempo para que tenhamos melhores opções contra o Inter.

Somos líderes. Se pensarmos friamente, nosso dever ainda está cumprido. O que não pode ocorrer é falharmos quando todos acertarem. Por enquanto, andamos com alguns tropeços, mas com recuperações importantes! Então, avante, líder!

Abraços!

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