domingo, 25 de setembro de 2011

O troco, com muito mais estilo! CRU x VAS

Vitória por 3 a 0. Fora de casa. Começando o segundo terço do returno com uma recuperação interessante. Disputamos  21 pontos e conquistamos 14. Isso significa um aproveitamento bom nesse começo de returno, mas mais que isso: significa o inesperado.A próxima rodada terá um grande confronto direto 1º e 2º colocados, em casa. Hoje, a diferença de Vasco para Corinthians é de 2 pontos. Uma vitória no Domingo significaria abrir uma vantagem de 5 pontos com relação ao Corinthians, e uma vantagem de NO MÍNIMO três pontos para o segundo colocado. Novamente, teremos uma grande oportunidade num momento crucial do campeonato!

Que maravilha!
O toque de rara genialidade de Diego Souza temperou uma merecida vitória que nos garantiu mais uma rodada no alto da tabela. Quem dera essa genialidade tivesse aparecido com mais frequência! Mas bem comentou o Junior na transmissão da Globo (um dos únicos comentaristas que  não chega ao extremo do ridículo na emissora): Diego Souza apenas teve uma partida tão iluminada porque o Vasco jogou. O coletivo foi fundamental, porque foi apoiado no grupo. E na relação do coletivo com a individualidade que construímos essa vitória!

Dispensando mais comentários e elogios por enquanto, vamos ao objeto do blog!

Posicionamento ofensivo e defensivo em 4-4-2 (losango), atacando e defendendo em bloco. No ataque, participação ativa dos laterais, com companhia recuada do volante daquele lado. Ou seja, o lateral sempre tem uma opção de recuo para virar o jogo ou distribuir no meio caso fique encurralado, ao mesmo tempo que ganha um jogador para lançar em enfiar passes em ultrapassagens, jogada semelhante à clássica de Éder Luís. Deve ser destacado também um equilíbrio maior de ataque entre as laterais: ainda que tanto Fagner quanto Careca não tenham feito um grande primeiro tempo, participaram e se esforçaram bastante.

Nesse esforço, aparece outra característica interessante: os posicionamentos de Juninho e Diego Souza. Apesar da nítida função de articulador do meio, Juninho aproximou-se bastante da meia direita para articular jogadas com Fagner. É nesse momento que Diego Souza sai da posição de ponta esquerda, a original desta escalação para a posição de centro-avante ao lado de Élton: temos dois jogadores que podem fazer o pivô, tabelar para infiltrações ou receber cruzamentos da direita. Nos ataques pela esquerda, a situação se diferencia: existia uma grande avenida que deveria ser mais aproveitada por Marcio Careca. A culpa, porém, não é só dele: o ataque vascaíno foi muito marcado pela individualidade, principalmente neste primeiro tempo (no segundo tempo, essa avenida foi fechada com uma substituição cruzeirense e os ataques fluiram mais coletivos).

Todas estas características destacadas podem ser vistas nessa imagem, bastante semelhante com aquela da vitória contra o Grêmio. Naquela ocasião, Felipe Bastos entrou pelo lado esquerdo e foi mal: hoje, jogando pela direita, comprometeu menos, mas foi menos participativo e mais lento que seus companheiros. O posicionamento defensivo não saiu também do padrão do 4-4-2 em losango. O destaque apareceu pela pressão constante de Élton e Diego Souza  sobre a zaga cruzeirense, cobertos por Juninho e Felipe Bastos ou Eduardo Costa. Esse tipo de marcação, nítido no Vasco até a consolidação da bela vitória nos obriga a fazer um destaque para o preparo físico dos nossos jogadores: só é possível fazer isso com a parte física em alta, e Juninho foi o grande exemplo.

Nesse esquema, retornamos a algo muito feito por Gomes no primeiro turno: o combate direto na defesa pelos flancos era dos volantes, deixando o lateral, o zagueiro e Romulo na cobertura: um sistema que é extremamente sólido quando consolidado e bem posicionado. Por que então o Cruzeiro conseguiu boas oportunidades? Três respostas: a qualidade individual de alguns desses jogadores bagunçava o esquema quando conseguiam dribles; a marcação adiantada gerava mais espaço na defesa; e a postura ofensiva dos laterais e volantes frequentemente nos obrigava a defender sem ter o posicionamento ideal pronto. Era um risco conhecido e assumido por nosso técnico: é impossível dizer que não valeu a pena. O resultado veio, e veio em grande parte devido a estas duas últimas respostas, que se por um lado nos criavam fragilidades, por outro foram fatais ao Cruzeiro.

Um último destaque defensivo: gosto sempre de olhar para o sistema de cobertura na zaga: isso evidencia ainda mais o belo trabalho de Romulo. Nas situações de contra-ataque em que nosso flanco andava desprotegido, a cobertura ou mesmo o combate direto eram de responsabilidade da zaga. Óbvio, isso implica deslocamento do zagueiro e um espaço a ser coberto por Romulo (tanto na esquerda quanto na direita). Aí entra o resto do jogo coletivo impecável do Vasco: bem-treinado taticamente, era automática a ocupação da posição de Romulo por Eduardo Costa e a composição defensiva do meio por Juninho (e Diego Souza em alguns momentos menos frequentes) e Felipe Bastos. Adianto que, jogando assim, terminamos a partida dando o troco do primeiro turno com muito mais estilo. Joel teve, naquela ocasião, o grande mérito de sempre: uma retranca muito bem armada. Cristóvão teve, hoje, o mérito de armar um time escalado e treinado para o combate: combate no sentido de briga, esforço, luta; combate no sentido de marcação. Isso nos deu uma belíssima vitória. 

Foi esse o retrato da maior parte da partida, já que as substituições pouco alteraram o Vasco taticamente:
 Tive, porém alguma dificuldade para entender Diego Rosa taticamente. Ele correu muito, já entrou lutando no lugar de Juninho, mas parecia taticamente perdido principalmente porque ficou apenas 5 minutos jogando. De resto, ficou nítido que Allan entrou no lugar do cansado Felipe Bastos e Leandro entrou para evitar um amarelo para Diego Souza: curiosamente, ele ficou contido nas reclamações por toda a partida para evitar uma suspensão.

Mais uma vez, Cristóvão foi pesadamente criticado por sua escalação e sistema de jogo. Mais uma vez, funcionou de maneira convincente. Nosso técnico havia afirmado que o tropeço contra o Atlético-GO havia sido uma oscilação normal: a vitória linda de hoje pode nos conduzir a pensar dessa maneira, mas mais é necessário para confirmar a idéiatime não é ruim. Uma recuperação importantíssima, que eu não esperava para agora. Valiosíssima situação para nosso primeiro confronto direto do returno, no qual precisamos vencer o Corinthians e todo o resto.

Com uma semana de descanso e treinamento, confiança e trabalho precisam ser as palavras de ordem!

Guardei algo para finalizar com "chave de ouro". Guardei Diego Souza. Explico: os seus três gols de hoje são exemplos de um grande jogador trabalhando, mas são também exemplos perfeitos do funcionamento tático demonstrado aqui. Vejamos:

-O primeiro gol é Diego Souza na ponta esquerda jogando junto com Marcio Careca e o volante Felipe Bastos, que trouxe a jogada da meia direita. Nos nossos dois flancos ofensivos (direita com Fagner, Juninho e Felipe Bastos; esquerda com Marcio Careca, Diego Souza e Eduardo Costa) esteve presente a articulação entre três jogadores, o que gerou bons frutos. Esse lance é um exemplo dentre muitas situações no jogo em que esse posicionamento e esse tipo de jogada ofensivos apareceram.
-O segundo gol é o "dono" desta vitória posicionado como centro-avante um pouco mais recuado e aberto que Élton quando é tramada uma jogada pela direita nos moldes da jogada do primeiro gol. Com o bom cruzamento por baixo, um gol típico de centro-avante. Esse posicionamento momentâneo vem se repetindo desde outras partidas.
-O terceiro gol é aquele de contra-ataque em que o ponta sobe em velocidade acompanhando a jogada ganha pelo outro lado. Passe magistral de Juninho para um gol ainda mais magistral de Diego Souza. Gol de craque.

Cabe uma pergunta, ainda sem resposta clara: o grande rendimento recente de Diego Souza reflete apenas uma grande fase de base individual ou significa uma adaptação tática às grandes qualidades do jogador somadas ao crescimento do grupo como um todo? Resumindo: é fase ou é competência técnica, tática e coletiva?

Três gols que desenham ofensivamente o Vasco. Três gols que massageiam o ego de um jogador que precisa disso. Três gols que servem pra dizer mais uma vez: AQUI É VASCO! E domingo jogaremos pra dizer isso aos Corinthianos.

Abraços!

Obs.: Os comentaristas da Globo ainda não perceberam que estão passando um papelão ao tentar continuamente queimar o Dedé?

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