segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Nenhuma surpresa... (INT x VAS)

Perder para o Internacional no Beira-Rio não é vergonha para ninguém.
Oscilações de posições no disputadíssimo campeonato deste ano não são novidade para ninguém.
Jogar mal de vez em quando, ainda mais desfalcado, é algo que acontece com todos os que estão na ponta.
Ser descaradamente prejudicado pelo péssimo quadro de arbitragem da CBF é recorrente para o Vasco.

A partir destas quatro afirmações, digo também que não será surpresa que a completa negligência da mídia com relação à vergonha da partida de hoje será a tônica. Não foi o Vasco que fez vergonha: apenas perdemos. E todos perdem e ainda perderão. Basta que recuperemos um pouco. Não vi apenas o prejuízo ao Vasco, mas o nítido favorecimento indireto ao Corinthians. Ora, numa rodada teoricamente fácil para o clube paulista, temos seu principal concorrente prejudicado por um penalti ridiculamente não marcado e uma falta que originou um gol ridiculamente marcada. Vale lembrar que o fim do returno do Corinthians é também em teoria O MAIS FÁCIL de todos os seus concorrentes. O Internacional é apenas o menor dos beneficiados.

Para não falar mais dos outros e dos absurdos, começo a falar de Vasco diretamente. Ainda que tenhamos perdido e ficado nos 50 pontos, estamos nitidamente em posição de franca disputa pelo título. Basta tropeçarmos uma vez a menos que o Corinthians e não perdermos por completo a vantagem que temos sobre todos os outros. Precisaremos superar muita coisa: as partidas difíceis fora de casa (como a próxima contra o Atletico-PR), os demais confrontos diretos (que ainda estão todos por acontecer, como disse no último post sobre o Brasileirão), os constantes desfalques que vêm aparecendo e todas as outras forças escusas que estão para além do futebol em si.

Isso não é de agora: começou com o Campeonato Brasileiro, ficou marcado com a conquista da Copa do Brasil e precisa continuar para ser coroado com o penta. Não estamos ainda no momento do campeonato em que uma partida ruim nos tira do páreo, nem no momento em que uma vitória nos daria a grande chance de título. Do jeito que as coisas andam, isso só vai acontecer lá pelas três últimas rodadas. Se não é motivo de desespero, essa é ao menos mais uma situação em que poderíamos ter garantido uma posição bem mais confortável na tabela. Não deu. Vamos para a próxima: enquanto pegaremos o enfraquecido e desesperado Atlético-PR fora de casa, Corinthians terá uma partida difícil contra o Botafogo, São Paulo terá outra contra o Inter e Flamengo e Fluminense pegam partidas em casa contra times que estão mais para o meio que para a ponta da tabela. 

Teremos outra boa oportunidade de recuperação e, talvez, outra possibilidade de assumir a ponta novamente. Basta que afundemos o Atlético-PR e que o Corinthians tropece para que subamos. Precisamos aproveitar, e, para isso, precisamos de rendimento maior dos nossos jogadores-chave e da nossa maneira de jogar: a articulação no meio, a marcação nesse setor, o centro-avante e Diego Souza precisam recuperar junto com o time.

Na partida de hoje, faltou uma maneira de tomar a bola do colorado. Nosso sistema defensivo ficou enfraquecido não só pela ausência de Dedé e pela contusão de Eduardo Costa, mas pela tarde bastante mediana de Romulo, pelo comum vagar de Felipe Bastos e pela falta de preparo de Felipe, que está retornando de cirurgia. Com isso, ficou difícil marcar a velocidade e habilidade do Inter e o posicionamento falhou algumas vezes.

Mas mais do que isso: uma marca do Vasco jogando foi tomar a bola e saber o que fazer com ela, tomar a bola e jogar com qualidade coletivamente. Quem poderia fazer isso por nós hoje? Felipe voltando de cirurgia no joelho apareceu relativamente bem apenas no fim do primeiro tempo e não voltou para o segundo; Diego Souza jogou mais adiantado do que de costume; Felipe Bastos não tem tanta qualidade assim; e Romulo alterna momento de classe na saída de bola com momentos de total inaptidão para a função. Esse problema não foi resolvido. Na melhor das hipóteses, podemos afirmar que foi atenuado pelo posicionamento recuado de Éder pela direita.

Não é de hoje que precisamos superar os centro-avantes fracos que temos no elenco para conseguirmos bons resultados. Vínhamos conseguindo superar essa fraqueza com as boas articulações pela direita, com as boas atuações de Diego Souza e com lampejos destes mesmos centro-avantes. Hoje nada disso funcionou muito bem: não conseguíamos marcar bem e segurar a bola, menos ainda atacar com grande qualidade.

Todos estes problemas não são apenas técnicos como vem sendo destacado até aqui. Há questões táticas a serem vistas. Entramos em campo com um 4-3-3 com dois centro-avantes: Diego Souza (com mais liberdade para recuar pela esquerda) e Alecsandro e com um meio-campo pouco povoado, mas sólido defensivamente pelas presenças de Romulo e Eduardo Costa, complementadas pelo recuo de Felipe, Éder pela meia direita e Diego pela esquerda. Esse esquema favorece a marcação recuada, próxima à zaga, porque se os volantes saírem para o combate faltam jogadores de cobertura efetiva dessa saída.

Quer dizer, o posicionamento abaixo, por si só já indicava uma outra maneira de jogar:




Por mais que seja uma formação com 3 atacantes, jogar assim é mais defensivo do que nosso 4-4-2 em suas variações. Isso porque com 3 jogadores originalmente no meio, precisávamos esperar mais para dar o combate. Enquanto o recuo aberto de Éder protegia Fagner e preparava contra-ataques por ali, Felipe recuava na marcação junto a Jumar e Diego Souza, originalmente centro-avante, vinha centralizado para puxar contra-ataques pelo meio. Isso difere da formação da transição gradual para o ataque: Felipe centralizado na meia, Diego Souza como centro-avante que recua para a ponta-esquerda e Éder Luís na habitual ponta direita. Isso só era possível por termos dois volantes de boa marcação em campo:



Porém todo esse esquema deveria ter sido mudado com a saída de Eduardo Costa. Mas não foi: Felipe Bastos como volante não poderia fazer aquela função. A ilusão de um possível bom rendimento veio com lampejos de Felipe na organização. O problema é que perdemos um volante que é bom defensivamente porque se esforça muito, se posiciona bem e marca razoavelmente e é limitado ofensivamente para a entrada de outro que é mediano defensivamente porque não se esforça, tem um posicionamento razoável e marca mal, apesar de ser melhor ofensivamente. Era o momento de recuar Diego Souza para a meia esquerda e formar o 4-4-2 clássico ou até mesmo em losango.

Voltamos para o segundo tempo sem Felipe e com Diego Rosa. Sem um grande articulador, tivemos ainda mais motivos para jogarmos no 4-4-2. Mas Cristóvão manteve o 4-3-3 com três volantes de origem, onde dois deles se apresentavam ao ataque e Éder recuava da ponta direita para a respectiva meia a fim de buscar jogo, enquanto Diego Souza saía da posição de centro-avante para chegar um pouco mais de trás como ponta esquerda. Estava decretada a não-ofensividade, mesmo com três atacantes, porque não criávamos; e decretava-se também a falta de marcação no meio, porque faltava quantidade e qualidade na zona intermediária para parar não apenas os meias do Inter, mas também os volantes que chegavam com frequência e qualidade.



Com isso, consolidou-se o domínio colorado na partida. Se esboçamos algo no fim do primeiro tempo, no segundo nem isso: apenas alguns lances isolados. O Inter fez seu gol, o Vasco sofreu seu penalti não marcado, o Inter não sofreu a falta marcada de onde saiu o gol e depois matou completamente a vitória sólida sobre o Vasco. Eles mereceram. Jogamos muito mal tecnicamente e taticamente também: estamos tão acostumados a jogar forçando a marcação na intermediária, por que não optamos por fazer isso novamente?

A teimosia só foi dar lugar a alguma razão quando saiu Alecsandro para a entrada de Bernardo. Com um centro-avante apenas, Éder na ponta direita e 4 jogadores no meio, jogamos no esquema que deveríamos desde o início. Mas sem resultado algum. Isso tem motivos: o jogo já estava morto e continuamos sem um articulador, pois Bernardo não sabe jogar nessa função: ele tem que ser o meia-atacante que chega muito em velocidade ao ataque seja pela ponta seja tabelando pelo meio. Se não for assim, é muito difícil que ele renda.

Ora, fizemos uma péssima partida, cheios de desfalques, sem peças de reposição que responderam à altura e com a arbitragem contra. Estamos em segundo lugar, apenas um ponto atrás do líder temporário. E a mídia diz que "a mulambada chegou". Há momento mais propício para fazermos valer o "contra tudo e contra todos" que sempre disse quem é o Vasco?

Termino por aqui.

Abraços a todos!

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