domingo, 24 de julho de 2011

Grata vitória, e convincente! (ATL-MG X VAS)

Olá amigos,

Foi muito bom ver a atuação vascaína de hoje, porque ela nos mostra que temos alternativas, que temos possibilidades, que não somos estritamente dependentes do Rei e do Maestro. É claro, existiram problemas e críticas, mas apenas em duas condições: em situações individuais específicas e, novamente, nas substituições de Ricardo Gomes. Deixemos para o final, pois estes problemas foram minimizados pela boa atuação do conjunto, inclusive na questão tática, que nos trouxe uma alternativa interessante.

Vencer o Galo mineiro fora de casa foi um passo importante na campanha, que recupera para nós dois dos pontos perdidos em empates infantis passados e que, por isso mesmo, nos aproxima muito do vice-líder. Enquanto na quinta-feira (contra o Bahia) teremos uma partida cuja obrigação de vencer é do Vasco, São Paulo e fRamengo terão partidas fora de casa, o que dificulta sua situação e pode nos render uma melhor posição na tabela.  Essa vitória tem algumas componentes interessantes, que merecem destaque:

- Mantivemos a formação em 4-4-2, mas com a composição e formação do meio campo organizadas de maneira diferenciada, e com trocas de posição interessantes: Julinho e Diego Souza, Diego Souza e Éder Luís;
- Além da diferença na porção ofensiva do meio-campo, defensivamente tivemos também diferenças, pois Rômulo não mais atuou como volante entre os zagueiros, mas alinhou-se com Eduardo Costa, onde o primeiro defendia a esquerda e o segundo a direita;
- A função tática do estreante (com o "pé esquerdo") Julinho também merece ressalva nesta análise: um meia-esquerda muito aberto, jogando em constantes ultrapassagens com Márcio Careca fez com que a lateral direita atleticana tivesse que ficar presa defensivamente, enfraquecendo o frequente jogo aéreo mineiro, que funcionou mais pela nossa direita defensiva.

Destacar estes três pontos servem para reforçar a idéia batida no blog, mas pouco presente por aí, de que time que é bem treinado taticamente não precisa de padrão. Ora, vínhamos há três partidas jogando com o meio-campo em losango e com um volante marcador (mas três jogadores no meio aplicados defensivamente), mas pela impossibilidade da presença de Felipe (suspenso) e Juninho (poupado), observamos um esquema que fatalmente será repetido ao longo do ano, já que temos um campeonato longo e que as estrelas do time naturalmente precisam de mais descanso.

Hoje, por isso, entramos em campo com dois volantes marcadores e dois meias muito menos preocupados com a marcação, apesar de merecer destaque a aplicação defensiva de Diego Souza (que hoje estava com disposição, e não fez jus à alcunha de soneca) e Julinho em momentos específicos da partida. Defensivamente, não havia grande modificação de posicionamento. Entramos em campo com um 4-4-2 diferente do de costume. E mais que isso: diverso dentro do diferente. 



Este era o posicionamento no qual o time se apresentou na maior parte do tempo. Os zagueiros cobriam as laterais e os volantes ocupavam seus espaços; Fagner e Marcio Careca receberam boa liberdade de subida (o que prendia as ofensivas atleticanas pelos flancos); compensada por um meio campo consistente defensivamente e centralizado ofensivamente em Diego Souza enquanto Julinho abria quase na ponta esquerda; no ataque, Éder Luís posicionava-se para subir principalmente na ponta direita e puxar contra-ataques em velocidade, enquanto Alecsandro ora posicionava-se como centro-avante clássico ora vinha buscar o jogo a partir da meia, o que prejudicou um pouco sua participação na partida.
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Entretanto, foi possível encontrar algumas vezes durante a partida três variações táticas. 1) Julinho posicionado pela direita e Diego Souza na esquerda (troca de posições entre os dois); 2) Diego Souza na posição de atacante pela direita, significando Éder Luís recuado no mesmo flanco; e 3) uma combinação das duas anteriores, em que Julinho apresenta-se na meia-direita, Diego Souza no ataque pela direita e Éder Luís recua centralizado no meio campo (nessa situação, aconteceu nosso primeiro gol).

Assim, como o próprio Felipe já jogou nesse Vasco, tínhamos um sujeito canhoto na meia direita, o que favorece levantamentos da intermediária (primeiro gol) e a centralização do jogo com enfiadas de bola (o que não foi o caso do Julinho, mas é o que Felipe fazia). O recuo de Éder Luís com o avanço de Diego Souza garantia uma outra característica ao time, pois ficávamos com dois homens de frente com força física e, temporariamente, com dois centro-avantes em campo aliados a um meio campo de grande velocidade com Julinho (que deu lugar ao destro Bernardo na meia esquerda, fazendo o que fez o estreante no lado oposto do campo) e Éder Luís.

Aí entra a crítica a Ricardo Gomes: fora a substituição, natural diga-se de passagem, de Julinho por Bernardo nosso técnico fez mais substituições "seis-por-meia-dúzia", que foram a entrada de Jumar e Élton. Poderíamos adaptar a célebre frase para: "em esquema que está jogando melhor não-se-mexe", pois o Vasco no segundo tempo dominava amplamente o Galo. Mas, considerando o fato de que Alecsandro e Eduardo Costa não se cansaram, não vi motivo para substituí-los a não ser a entrada de jogadores completamente descansados. Manter em funcionamento um esquema tático que estava superando o do adversário é um atenuante, junto ao fato de que ele atrasou menos a entrada de "sangue novo" na partida, já que antes dos 20 minutos do segundo tempo Bernardo estava em campo. Ainda assim, demorou um pouco e as críticas merecem o registro.

Este jogo aberto nas laterais e com variações táticas pontuais mas destacadas no decorrer da partida fez com que o Atlético dependesse de um jogo centralizado com lançamentos ou de levantamentos na área vascaína. Felizmente, dessa vez não tivemos problemas sérios com a marcação dos cruzamentos. Méritos, novamente, da ótima disciplina tática que Ricardo Gomes consegue impor. Levamos, porém, nosso gol numa situação que foi recorrente no decorrer da partida  e merece, mais ainda, a crítica: foram constantes os "cochilos" individuais. Márcio Careca no lance do gol e em outros momentos; Rômulo repetidamente na sua nova função em que às vezes precisa fazer alguma coisa com a bola; e em menor escala, Fagner, Diego Souza e Alecsandro também apresentaram pequenos apagões que poderiam ter comprometido.

O que não foi surpreendente foi a entrada de Élton: nitidamente no apagão constante, lento e pouco aplicado. Repito, substituir Alecsandro por Élton no decorrer do jogo para tentar reverter a situação (em que ainda empatávamos) não é nada mais que queimar uma substituição e, mais ainda, queimar tanto Élton (que entra pra tentar ser o salvador da pátria em menos de 10 minutos de partida) quanto Alecsandro (que sai como o centro-avante que não fez seu dever). Ambos são de um nível muito parecido, mas Alecsandro está estimulado e Elton desanimado com a reserva. É nítido que o treinador precisa escolher um e sustentá-lo em campo pelos 90 minutos.

Até porque tivemos muitos exemplos de que alterações no meio-campo, mais especificamente a entrada de Bernardo, tem surtido mais efeito para reverter placares indesejados. Mais uma vez, Bernardo entrou em campo com bastante vontade e sofreu o pênalti que garantiu nossa vitória. Aconteceu a tempo de evitar que Alecsandro fosse crucificado pelo pênalti perdido, pois nos garantiu a vitória.

Ao final da partida, estava nítido um Vasco que se comportou como sua grandeza manda. Progressivamente foi se impondo sobre o dono da casa, animado por uma torcida vascaína bastante presente e atuante para uma partida fora de casa. Valeu a máxima de que o Vasco da Gama NUNCA joga fora de casa estando dentro do Brasil.

Como já disse, precisamos novamente, no meio da semana, fazer vencedora a Cruz de Malta numa importante partida contra o Bahia. Isso passa pela torcida, pelas atuações individuais, e também pela recomposição tática do time após esta boa partida. Fico me perguntando se Ricardo Gomes insistirá no losango com Rômulo, Juninho, Felipe e Diego Souza. Particularmente, espero que sim.

Saudações Vascaínas!

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