domingo, 18 de setembro de 2011

Para conter a euforia, mas não o... (Vas x Gre)

Apoio!!!

Essa deve ser a palavra de ordem para a torcida vascaína! Estamos prestes a terminar o primeiro terço do segundo turno na primeira colocação. Para disputar o título, isso seria praticamente uma obrigação, já que está para terminar nosso momento mais fácil do campeonato. No segundo turno, já disputamos 15 pontos e, destes, conquistamos 10: aproveitamento de 66%. Um bom nível se considerarmos o desempenho dos nossos concorrentes mais próximos, mas que precisa ser consolidado por uma vitória contra o Atlético-GO. Não podemos tropeçar porque está nítido e repetitivo que precisamos agora conseguir alguma distância dos concorrentes: São Paulo, Corinthians e Botafogo terão partidas difíceis, sendo um confronto direto entre os dois primeiros.

Ainda que dependamos apenas de nós mesmos, não custa nada secar a concorrência. Isso porque, como sempre digo, no Campeonato Brasileiro goleada é atípico e não mostra o retrato geral de nada. Foi muito bom golear o Grêmio para abocanhar a liderança e dar moral ao time e acalmar os ânimos da torcida contra o técnico. Mas sabemos que, apesar de termos jogado muito bem, a partida não foi assim tão fácil. Um bom comportamento técnico, tático e de esforço da equipe foram fundamentais. Apesar de termos feito quatro gols, a grande mensagem da partida de ontem para o futuro do Vasco nesse ano não deve ser a goleada, mas o apoio da torcida, que precisa ser constante daqui para o fim, porque de agora em diante teremos sequências mais difíceis.

Se na partida de ida, no Sul, conseguíamos um bom placar e tropeçamos, ontem conseguimos um grande placar sem correr riscos. O Grêmio de um certo mercenário até jogou bem, mas foi anulado pelos esquemas defensivo e ofensivo Vascaínos. Na última partida, recém campeão da Copa do Brasil, eu comentava o fato de não termos consolidado um padrão tático. Daí, as análises evoluíram, na maioria dos casos, para comprovar essa situação e para que eu afirmasse que um padrão tático não é fundamental para um time que tem qualidade e que treina muito esse fundamento coletivo do futebol. A partida de ontem serve para, ainda mais, reiterar este fato.

Ao longo da semana, Cristóvão declarava que estava testando o time e analisando o Grêmio para anular suas armas e encontrar suas fraquezas. Ele conseguiu. Seguindo, mais uma vez, a escola de Gomes de jogar de acordo com o adversário, fomos mais equilibrados do que contra o Figueirense. Se na última partida nos preocupamos muito em não deixar o Figueira jogar, dessa vez também jogamos. Isso foi facilitado porque uma das grandes maneiras de impedir que o Grêmio jogasse era exatamente jogar. Precisávamos procurar as pontas com tabelas e velocidade, para furar a retranca, ao mesmo tempo que precisávamos marcar com pressão do meio pra frente, para travar os contra-ataques. Isso significou algum equilíbrio na posse de bola durante a partida, mas um Vasco de tônica mais agressiva. Nada mais natural.

Para isso, os três volantes dos quais a torcida reclamou tanto. Para isso, Éder Luís de volta à ponta direita. Para isso, uma diferença considerável na postura defensiva. Vejamos devagar. Ofensivamente, um 4-4-2 em losango, onde Felipe Bastos tinha uma boa liberdade pela esquerda (apesar de ter sido pouco importante no início, cresceu ofensivamente no 2º tempo) e Eduardo Costa livre, mas não muito, pela direita. Frequentemente, destacava-se para distribuir pelo meio, onde fez bom papel. Isso porque o ataque na direita era de responsabilidade principal de Fagner e Éder Luís: destaco que essa foi também uma arma defensiva, prendendo o lateral esquerdo Gremista e anulando-o.


Vemos, então, Diego Souza com bastante liberdade no meio, subindo com velocidade e se esforçando bastante: isso foi um grande diferencial. Esforço que foi tônica da equipe também defensivamente. Para analisar a situação defensiva, precisamos de mais espaço e mais calma. Temos duas situações básicas: 1) quando o Grêmio saía com o domínio de bola consolidado em transição mais lenta ao ataque; 2) quando os tricolores gaúchos tentavam o contra-ataque. 

No primeiro caso, víamos uma linha de três volantes à frente da zaga. Com esse alinhamento já visto muitas vezes, os volantes mais abertos protegiam o flanco à frente do lateral, com liberdade para o combate direto ostensivo por causa da cobertura: no meio, responsabilidade de Romulo, que foi muito bem; nos flancos a cobertura era dos laterais protegidos também pelo zagueiro, que poderia sair da posição para o combate devido à cobertura do mesmo Romulo. Como resultado, um time que, muito compacto, dificultava as ações pelo meio e, ao mesmo tempo, oferecia boa proteção às laterais através de trocas de posição e cobertura em rodízio.


No segundo caso, víamos uma marcação adiantada sobre os volantes e meias gremistas, que saíam em velocidade da intermediária defensiva para o contra-ataque. Eduardo Costa principalmente, um leão em campo, fechava o meio e  flanco direito, enquanto Felipe Bastos procurava defender o lado esquerdo dos contra-ataques. Esse tipo de posicionamento nos deixa vulneráveis a lançamentos em velocidade, porque a proteção à zaga fica prejudicada e porque tivemos nosso lateral direito bastante ativo no ataque. Para resolver: pela direita, Dedé saindo absoluto no combate direto; pela esquerda, Jumar e Renato Silva foram eficientes; e Romulo sempre responsável pela proteção. Uma variação tática que nunca havíamos visto no Vasco, que sempre se comportou de maneira compacta defensivamente.


Isso foi suficiente para a garantia da superioridade Vascaína no primeiro tempo e em quase todo o segundo, já que Cristóvão demorou bastante a substituir. Ainda que a partida tenha sido muito boa para nós, vejo aí motivo de crítica. O jogo praticamente ganho, Mercenário Roth afirmando para o próprio time que o objetivo era não jogar mais para não aumentar o vexame. Um momento extremamente tranquilo para dar ritmo e motivar os reservas. As substituições demoraram a sair. Quando já ganhávamos por 4 a 0, a saída de Elton para a entrada de Bernardo deslocou Diego para a posição de centro-avante, e Bernardo para a armação, um pouco deslocado para a meia esquerda. Quando entraram Allan (Diego Souza) e Leandro (ÉderLuís), passamos a jogar sem uma referência na frente. Bernardo foi avançado para a ponta esquerda e Leandro ocupou a ponta direita de Éder (que estava cansado após muita correria no ataque e boa dedicação defensiva), enquanto Allan ganhou mais responsabilidades no meio, procurando distribuir as jogadas.

Essa formação, pelo pouco tempo que durou e pela situação da partida foi pouquíssimo relevante, e até difícil de analisar por isso. Gostaria apenas de ressaltar que especialmente Bernardo deveria ter entrado antes: parece que ele precisa de incentivo para render bem novamente. Desse modo, por 3/4 do jogo, tivemos a mesma disposição tática e um grande empenho de esfoço e técnica. Diego Souza voltou a liderar o time, onde fazer um belo gol acabou pro ser secundário, dado seu espírito de esforço e vontade de fazer o time vencer.

Sendo Diego um grande destaque, gostaria de dizer que todas as outras individualidades afloraram também a partir do jogo coletivo. Não vejo ninguém para falar mal: Élton e Felipe Bastos se esforçaram muito e jogaram muito acima do seu normal (que comumente gera críticas com razão); nossa defesa foi muito dedicada, e Dedé e Romulo mostraram porque foram convocados; a transição ao ataque foi feita com objetividade, onde Eduardo Costa teve uma importância incomum para suas características; e tivemos um ataque também muito efetivo.

Vamos embalados para uma nova partida que precisa ter São Januário lotado! Se conquistarmos 13 pontos de 18, estaremos consolidando um bom início de turno, acima do aproveitamento virtualmente necessário para ser campeão. Seria na prática um pouco da gordura que poderia ser queimada no futuro: após a partida contra o Atlético, teremos algumas sequências complicadas, onde a superação e o apoio serão muito mais fundamentais do que são hoje. Avante Vasco!!!

Abraços!


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