quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Cumprindo dever! (VAS x CFC)

Amigos,

Era obrigação vencermos hoje o Coritiba: recuperamos um tropeço com o time reserva no primeiro turno e minimizamos os maus-efeitos da última derrota. Isso era fundamental. Se o projeto de 18 pontos em 6 partidas ditas fáceis era muito irreal, conseguir 15 nas 6 primeiras rodadas do turno seria um ganho muito interessante. isso provavelmente nos consolidaria na liderança e nos daria mais tranquilidade para seguir no meio e no fim do turno, muito mais difíceis para nós.

Entramos em campo com essa ideia, parece, mas sentindo a pressão e a necessidade de garantir estes bons resultados.

O primeiro tempo terminou sinalizando dever cumprido, mas não começou assim. O Coritiba começou se impondo e o Vasco acuado, sem saber o que fazer. O que causava isso? Sem entrar no mérito do psicológico, que parece ter uma influência grande, listo algumas coisas: nossos volantes estavam pouco combativos, de modo que o coxa conseguia fazer a transição defesa-ataque com facilidade; nossa defesa posicionava-se muito recuada; errávamos muitos passes, dificultando a articulação de jogadas; o lado esquerdo ofensivo estava mais manco do que de costume, devido à presença de Jumar na posição e à pouca presença de Diego Souza na ponta esquerda.

Partindo destes problemas iniciais, podemos notas que o Vasco funcionava apenas em momentos específicos. Façamos o mesmo: as jogadas em velocidade com Fagner, Éder Luís e a aproximação de Juninho pela direita deram mais certo do que errado; e quando fazíamos a bola circular com calma e sem procurar fazer o mais difícil, o Coritiba ficava acuado e sem saber o que fazer, mas quando os passes ficavam mais difíceis, aconteciam nossos erros. Com o passar do tempo, estes dois momentos foram ganhando espaço no nosso repertório e começamos a equilibrar a partida, ganhando também um pouco da participação de Elton e Diego Souza fazendo jogadas de recepção e distribuição ainda na intermediaria ofensiva. Destaco este fato porque já havia comentado isso em outra oportunidade, quando produzi um post sobre o trabalho do centro-avante.

A partir destes comentários mais desconexos, observemos com mais calma as questões táticas mais específicas. Defensivamente, o time se comportou como no geral feito logo acima: começou com problemas, mas foi superando um pouco as adversidades e ganhou em eficácia. Com relação ao trabalho de Ricardo Gomes, Cristóvão mescla novidades com o retorno de uma prática muito interessante de Ricardo. A defesa posicionava-se em duas linhas de 4 para conter o Coritiba, mas não eram duas linhas fixas como é costumaz nas maiores retrancas. No geral, estávamos pouco compactos na defesa, mas nessa linha de 4 jogadores havia sempre um se destacando: para fazer uma marcação com pressão mais avançada, Juninho continuava sair mais adiantado deixando uma linha de 3 volantes; para gerar maior proteção à zaga, Romulo se destacava entre os zagueiros em outras situações.

Nesse esquema de posicionamento em 4-4-2, tivemos problemas de organização, principalmente no início. Conter assim os ataques do Coritiba estava difícil tanto quando eles entravam em velocidade quanto quando o faziam com cruzamentos. O que há ali de inovação com relação a Gomes? A linha de 4 jogadores e a variação de posicionamento. O que há de permanência? O primeiro homem da linha era Éder Luís. Muitas vezes esquematizamos aqui Éder Luís posicionado para marcar a direita e sair em velocidade nos contra-ataques. Era essa sua função, que implicava no posicionamento de Diego Souza como atacante nos momentos de saída em contra-ataque. Vejamos:



Ofensivamente, foi menos característico o toque de bola. Por mais que ele não tenha sumido, ficou menos marcado enquanto característica de jogo. Infelizmente, porque isso nos garantia momentos bastante interessantes, como já visto. Em compensação, a ênfase nos passes longos e lançamentos nos rendeu boas situações de ataque. Talvez nossa maior necessidade fosse a do equilíbrio entre estas duas situações. Em termos de posicionamento e função tática, não tivemos grandes novidades, a não ser a participação reduzida de Diego Souza na ponta esquerda e o posicionamento mais recuado de Éder Luís.


Esse equilíbrio precisaria também aparecer com relação à origem dos nossos ataques. Mas ficou muito nítido um deslocamento para o flanco direito em prejuízo do centro e da esquerda. Natural até certo ponto, já que nossos melhores jogadores estavam ali, mas isso facilitava a marcação do Coritiba: eles podiam ficar pouco preocupados com a esquerda. Daí decorre que nossas jogadas pela direita só funcionaram porque além do trabalho tático, Fagner e Éder estiveram bem nas jogadas individuais.




O início do segundo tempo foi bastante semelhante ao fim do primeiro. O que transformou drasticamente o panorama de um jogo bastante calmo para o Vasco, com um placar perigoso, mas sem pressa, foi nosso segundo gol. Um cruzamento forte e uma bela cabeçada de Romulo. Em termos da qualidade do nosso jogo, o que poderia instigar a melhora nos prendeu no campo defensivo: excessivamente recuados e, novamente, com dificuldades na saída para o ataque. Não é novidade, pois um time extremamente compacto não tem naturalmente, e por culpa própria, espaço para sair tocando a bola enquanto perde também efetividade nos lançamentos, pois os atacantes estão excessivamente recuados.
Cristóvão percebe essa situação e muda. Uma mudança interessante, pois sai Diego Souza que não estava em boa noite e entra Bernardo, veloz, para um posicionamento mais adiantado e livre, abrindo mais que Diego na ponta esquerda, mas também mais defensivo fazendo algo próximo do que faz Éderzaga. Resta esperar que não tenha ocorrido nada sério com ele.
O segundo tempo, portanto, sai de um breve momento morno a um momento de pressão paranaense e depois a um novo momento de equilíbrio, quando saímos da reclusão da defesa e conseguimos manter mais a posse de bola. Para isso, além de defender, o jogo pela esquerda funcionou, a partir do meio e mais ainda no fim do segundo tempo, mantendo a posse na intermediaria.

Sem precisar de um outro esquema para mostrar a situação do Vasco em campo no segundo tempo, gostaria de fazer observações finais.
1) Cristóvão tem nitidamente mais dificuldades para organizar o time taticamente. Hoje sua atuação como técnico foi melhor que nas últimas vezes, pois o time se acertou em campo após um início de adaptação e porque substituiu bem: não inventou. Gostaria de destacar que ele mostra um posicionamento de continuidade com relação a Gomes no discurso, mas na prática, o adota parcialmente. Normal, porque ele NÃO É Ricardo Gomes, mas isso deve ser destacado com mais clareza, apesar de já ter sido comentado ao longo do texto.
2) A atuação relativamente fraca do Vasco foi mais de aspecto técnico do que tático. Em termos de conjunto, precisa ser destacada a quantidade de passes errados (parcialmente compensada por um grande número de desarmes e interceptações). Já individualmente, ressalto que Eduardo Costa não estava em boa noite quando se trata de bola no pé: ele já fez boas atuações no Vasco sendo responsável por uma primeira organização do jogo ofensivo. Porém insisto em destacar seu esforço, inteligência e bom-posicionamento que acabam por compensar a idade e a dificuldade com a bola nos pés: mais ativo no combate, começou um pouco perdido taticamente mas logo se acertou.
3) Diego Souza e Bernardo (teve pouco tempo) também não estiveram muito bem, enquanto Élton, Jumar, Dedé (jogou bem, mas se considerarmos partidas anteriores, esteve um pouco abaixo: uma oscilação normalíssima) e Renato Silva tiveram atuações apenas regulares. Fazem jus ao elogio o Rei Juninho, muito ativo ofensiva e defensivamente, que foi o desequilíbrio da partida em nosso favor nas bolas paradas; Éder Luís, que voltou muito bem a fazer a função em campo que fizera muito com Gomes; Fagner, que apesar de dificuldades para marcar (compensadas por uma cobertura relativamente eficiente), foi fundamental no ataque; e Romulo, que apesar do seu comum jogo simples, fez um belo gol e deu boa margem de segurança à zaga quando recuava para protegê-los.

Apesar de não termos feito uma boa apresentação, cumprimos nosso dever sem contratempos. Seguimos firmes no momento de buscar uma boa arrancada e minimizamos os efeitos da derrota anterior: 9 pontos disputados, 6 conquistados: disputaremos mais 9 no primeiro terço do turno, e precisamos conquistar todos!

Força da torcida, moral do time recuperada e avanços no quadro clínico de Ricardo Gomes podem ser fundamentais nessa sequência!

Abraços!

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