domingo, 14 de agosto de 2011

Não poderia deixar de tentar comparar... (Vas x Pal)

Olá amigos!
Os pais, filhos, mães, avós e tios vascaínos tiveram um fim de tarde mais feliz! Já dando os parabéns a quem merece, não poderia deixar de tentar comparar o Vasco de hoje com o da vitória sobre o mesmo Palmeiras na estréia da Sul-Americana. Porém não consegui assistir ao segundo tempo da partida devido aos (ótimos) compromissos familiares de dia dos pais. Ficamos, então, com uma análise perneta: sobre o primeiro tempo, consigo comentar e comparar. Mas tudo o que sei do segundo tempo da partida corresponde aos melhores momentos e aos acréscimos, que foram transmitidos pela TV aberta após o jogo do Figueirense.

Começo falando então, do indiscutível: o resultado. O 1x0 de hoje foi mais apertado e complicado que o 2x0 do meio da semana. Entretanto isso não significa que o resultado de hoje foi "menos bom" para o Vasco. Na Sul-Americana, onde temos um mata-mata com partida em casa e fora (onde o gol "vale mais"), ganhar por 2x0 foi fundamental para termos tranquilidade na próxima partida (se fizermos um gol lá, o Palmeiras precisa fazer 4). Hoje, porém, a vitória pelo resultado mínimo num jogo de "seis pontos" nos coloca numa posição interessante: a 2 pontos do treceiro colocado, a 4 pontos dos dois primeiros (que empataram) e a 3 pontos do sexto colocado Palmeiras. Recuperamos a boa colocação no "bolo" que briga ainda indefinidamente pelo título, e isso é o principal neste momento do longo Campeonato Brasileiro.
Elton recebeu sua chance no time titular "de verdade". Em campo por 90 minutos para mostrar seu serviço e provar seu valor novamente. Não fez gol, mas demonstrou algum esforço: ao menos não está pior que o Alecsandro (reitero minha afirmação de que estão no mesmo nível, e que a questão primordial é o "momento"). E, por falar em Alecsandro, reparei algo significativo no primeiro tempo da partida: Elton ficou mais deslocado que de costume da posição de centro-avante, assim como costuma fazer Alecsandro. Ele não ficou tanto enfiado entre os zagueiros, recuou mais e caiu para as pontas em algumas oportunidades. Será orientação do treinador? Se sim, temos uma situação que exime Alecsandro de parte da culpa por suas recentes más atuações.

Não tivemos, então, nenhuma grande surpresa no time titular. Entrou quem merecia. E a escalação do time por si só abre espaço para uma questão importante: Felipe e Juninho Pernambucano juntos. Ricardo Gomes não disse que eles não podem jogar juntos, apesar de ser essa a opinião geral das pessoas. Ele disse que precisaria administrar a presença dos dois em campo: poderia promover um revezamento, substituições, ausências e também a presença dos dois em campo. Nada mais natural: são craques, são ídolos e ainda aguentam 90 minutos se necessário. Principalmente porque o primeiro tempo de hoje nos mostrou que quando eles estão em campo, podem jogar com mais liberdade e se alternar na dedicação defensiva, o que reduz a possível sobrecarga sobre jogadores já bastante maduros.

Ainda assim, apresentamos dificuldades para enfrentar o Palmeiras no primeiro tempo, especialmente na sua primeira metade, momento a partir do qual começamos a equilibrar as ações sem, porém, garantir superioridade ampla. A isso, atribuo em parte a questão tática: Felipão não trouxe seu time para jogar da mesma maneira, enquanto o Vasco não foi tão diferente. O time de Scolari veio com uma marcação mais avançada, tentando nos encurralar na defesa e procurando variar mais as jogadas, enquanto na última partida pressionaram mais no meio-campo e insistiram demais pelas pontas e laterais. Enquanto isso, o Vasco entrou no seu mesmo 4-4-2 e apresentou dificuldades para sair jogando:

Se compararmos essa formação com a formação ofensiva inicial da partida  da Sul-Americana (veja aqui), temos de diferente: Felipe no lugar de Bernardo e Éder Luís no lugar de Diego Souza.  A presença de Felipe faz no meio campo um "espelho" de Juninho: eles trocavam de posição e/ou alternadamente poderiam subir pela meia, centralizar próximo ao atacante ou aparecer para organizar o time a partir do meio campo defensivo. O que um fazia, o outro poderia fazer também, apeser de que Felipe apareceu mais ofensivamente e Juninho apareceu mais defensivamente e na organização. Já a presença de Éder Luís fez uma função tática semelhante ao que fez Bernardo no primeiro jogo: apareceu mais pela ponta esquerda para tentar forçar o Palmeiras a defender seu flanco e, assim, garantir que Julinho tivesse mais proteção para compensar sua reduzida aptidão para a marcação. Assim, Fagner tinha muito mais liberdade para subir.

Até certo ponto, isso foi decepcionante. Eu esperava ver Ricardo Gomes tirando algo "novo" da cartola para surpreender os Palmeirenses jogando de maneira diferente. Mas substancialmente, nosso jogo foi o mesmo. Não posso dizer que falhamos, mas esperava mais. Tivemos mais dificuldade para segurar o ímpeto suíno e equilibrarmos a partida. E, dessa vez, o equilíbrio não veio através de um reforço e ajuste no posicionamento defensivo, mas nas ações ofensivas. Quando conseguimos nos organizar, começamos a deixar o Palmeiras temeroso com relação aos buracos deixados por sua postura ofensiva, principalmente com relação às laterais. Apesar disso, fomos pouco efetivos no ataque: as bolas paradas foram destaque e se tornaram recorrentes exatamente devido à nossa postura nas pontas. Nosso jogo rondava por ali, e em jogadas individuais e de ultrapassagens sofremos muitas faltas. Jogando assim precisamos muito menos dos lançamentos, mas não temos, do mesmo modo, eficácia garantida.

Defensivamente, destaco mais uma vez que tivemos dificuldades com as enfiadas de bola. Espero que o retorno de Dedé solucione o problema, já que me parece questão de posicionamento e de entrosamento. Anderson Martins esteve mais uma vez muito bem, mas Renato Silva novamente nos deu alguns sustos, apesar de ter sido relativamente consistente nos outros momentos. Não podemos negar que é um bom reserva. Se no ataque a mudança foi pouca, na defesa a diferença foi ainda menor:


O posicionamento foi basicamente o mesmo com relação à ultima partida: Romulo, Jumar e Juninho (Felipe) alinhados, com Felipe (Juninho) centralizado à frente dessa linha. Reparemos apenas que, mantendo o revezamento entre os dois, quando Felipe se posicionava na linha de defesa com Romulo e Jumar ele o fazia pela esquerda, deslocando os dois volantes mais para a direita (assim, Jumar protegia o meio) e Juninho centralizava-se para distribuir o contra-ataque. Nesse caso, Éder Luís se posicionava também na ponta esquerda para partir em velocidade (Fagner o fazia pela direita) e Elton tentava receber de costas para distribuir o jogo para estes dois. Ressalvo que, no momento mais significativo de Éder na partida (parece que jogou muito mal), ele não estava na esquerda, o que me leva a crer que seu rendimento está diretamente ligado ao seu território no campo. Ainda que jogue recuado para partir em velocidade e que se empenha bastante na marcação por questões táticas, Éder tem rendido muito melhor nas oportunidades em que entra na direita para jogar com Fagner. Hoje ele teve pouca companhiapara sua velocidade.

Conseguimos conter bem os ataques do Palmeiras, mas saímos pouco tanto de maneira cadenciada como nos contra-ataques. Não podíamos abusar tanto dos lançamentos, pois Diego Souza (que protege a bola como poucos) não estava em campo, mas a marcação avançada do Palmeiras dificultava nossa transição ao ataque. Teríamos um primeiro tempo muito mais morno se não fosse nossa dificuldade recorrente com bolas enfiadas em velocidade entre a zaga. Mesmo com a dupla de zaga titular já apresentavamos alguns problemas deste tipo.

Acabou o primeiro tempo e fui fazer uma visita de dia dos pais. Cheguei ao meu destino e passava apenas o jogo do Figueirense. A partir daqui, posso mais especular do que falar com certeza. Por isso, digo pouco e sugiro que visitem outros blogs para melhores comentários. Promover as entradas de Bernardo e Leandro nas vagas de Éder Luís e Juninho são modificações que não trariam grandes modificações táticas no Vasco: Leandro sempre entra para tentar fazer o que Éder deveria e Bernardo entra mais para mudar a dinâmica da meia do que sua disposição tática. Ainda assim, não podemos deixar de notar que a tendência nesse caso era que Felipe recuasse mais, procurando se centralizar e Bernardo jogasse aberto pela meia, com liberdade para fechar no meio ou tentar jogadas nas pontas. Assim, teríamos dois jogadores velozes e habilidosos para jogadas ofensivas.

Não foi isso, porém, que mudou o placar. Um gol de falta sem Juninho em campo nos garantiu a vitória. Na segunda tentativa (Bernardo já havia quase feito um golem outra cobrança), Bernardo acertou um chute digno do Rei. Ele deve ter ficado emocionado. Eu fiquei. Estando à frente do placar aos 35 minutos do segundo tempo, não era de admirar que repetiríamos a retranca. Mas, aí sim, acredito que tenha sido diferente.

A retranca do último jogo era uma retranca com 3 zagueiros, 2 laterais e 1 volante de ofício. Dessa vez, ficaram em campo 3 zagueiros e dois volantes. Deixar Fagner e Julinho presos na posição de laterais seria um recuo excessivo. Se, na última partida fui contra a maré e afirmei que aquilo não foi um 3-5-2, mas um 5-4-1, diria que hoje provavelmente nos posicionamos com um 3-6-1. Não vou ao 3-5-2 porque Leandro tem jogado muito recuado.

Desse jeito, tínhamos consistência na proteção do meio e volantes marcadores o suficiente para designar os zagueiros para marcar as laterais sem grandes riscos. Em termos defensivos, penso que é essa a única possibilidade sólida com três zagueiros. Afinal, um time com muitos zagueiros não garante um time bem defendido. Para isso, basta ver que uma estratégia defensiva altamente bem sucedida no Vasco tem sido plantar um atacante para jogar nas costas do lateral adversário.
Hoje, uma análise mais pobre, uma partida com menor riqueza tática, mas um resultado pelomenos tão rico quanto o último.
Abraços!

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