quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Um retrato em 45 minutos: Vas X San

Olá amigos,

Escrevo hoje sobre um Vasco que começou avassalador sobre o Santos, sofreu uma pressão após a acomodação do primeiro e belíssimo gol de Diego Souza e, após equilibrar os esforços e a posse de bola achou também um belíssimo segundo gol, onde Dedé subiu mais que o goleiro santista dentro da pequena área. Fruto de nosso empenho e organização ofensivos e da fraca defesa do peixe paulista, que anda mal-organizada e encontra dificuldades tanto no combate individual quanto no acompanhamento das jogadas. Defensivamente, porém encontramos alguma dificuldade com a entrada em velocidade de Neymar e Borges entre a zaga.

É este um breve retrato do primeiro tempo da partida, ilustrada abaixo de maneira decomposta entre defesa e ataque, a fim dedistinguir posicionamento ofensivo e defensivo do Vasco, que apresentou uma variação importante.

Ofensivamente, vimos em Diego Souza um meia-atacante clássico, centralizado e com liberdade para se deslocar em todas as direções. A essa movimentação, adaptava-se o ataque vascaíno: mais notadamente, Felipe centralizava-se quando Diego Souza caía pela ponta esquerda. Tanto nessa jogada quanto na direita ofensiva tivemos situações muito interessantes, já que Fagner articulava-se principalmente com Éder Luís, mas também com Romulo como elemento surpresa pela ponta direita em jogadas complexas que podem finalmente fazer com que exijam menos dos cruzamentos de Fagner (que são ruins) e mais de sua habilidade e velocidade para invadir a área.

Defensivamente, Ricardo Gomes usou de uma estratégia muito comum para o meio campo nas laterais: o povoamento. Zagueiros mais próximos entre si, volantes um pouco mais abertos e dois jogadores designados para marcar as laterais, de modo que existiu cobertura constante destes jogadores tanto pelos laterais quanto pelos volantes. Isso nos previnia tanto de jogadas de linha de fundo quanto de jogadas pela ponta, forçando o Santos a centralizar o jogo e arriscar enfiadas de bola, algo que nos causou aluma dificuldade no início da partida, mas foi ajustado posteriormente.
Assim, o primeiro combate pelos flancos foi muito comumente feito por Éder Luís e Felipe, que tinham liberdade para pressionar incisivamente pela ampla cobertura disponibilizada a eles pelo posicionamento de seus companheiros. Assim, fizemos grande pressão na intermediária defensiva e tivemos possibilidades interessantes principalmente pela direita em contra-ataques que exigiam, porém, grande esforço e velocidade de Fagner e do próprio Éder Luís. Isso fez com que o primeiro tempo terminasse ao mesmo tempo em que eu me perguntava se esse esquema se sustentaria por toda a partida.

Minha dúvida não era motivada apenas pelas exigências que recaíram sobre estes dois jogadores, mas pelo esquema exigido para o time como um todo, numa variação constante de posicionamento: compressão na defesa, para evitar a necessidade de marcação individual, e espaçamento no ataque, a fim de maximizar os espaços dados pela defesa santista.

Voltamos, então, para o segundo tempo com a mesma escalação: um indicativo de que o esquema tático seria mantido. Entretanto, o Santos iniciou marcando mais avançado e dificultando o trabalho de descompactação e contra-ataque do time vascaíno: boa leitura de Muricy. Precisávamos mudar algo, e a primeira mudança foi forçada: Diego Rosa, uma imensa incógnita, no lugar do lesionado Eduardo Costa, que fazia atuação discreta mas importante. Tivemos uma alteração que tornou imprevisível o comportamento tático do Vasco dali em diante.

A saída de Eduardo Costa prendeu novamente Romulo exclusivamente à marcação, que perdeu sua função de homem-surpresa pela direita para Diego Rosa. Dessa maneira, a direita ofensiva continuou funcionando da mesma maneira: Éder Luís e Fagner em grande dia jogando pela ponta, com um volante se aproximando em velocidade por trás. Contando que Felipe continuou na esquerda e Diego Souza manteve sua função de comando, confirmamos que o Vasco se manteve o mesmo ofensivamente, apesar de com mais dificuldades pela marcação mais avançada e dedicada do Santos. Ao contrário da maioria dos times que está perdendo, o Santos se preocupou em marcar mais em vez de atacar mais: e funcionou.

Dificultando nossa saída de bola, o Santos nos mantinha em nosso 4-5-1 defensivo (que não mudou, mas perdeu qualidade com a saída de Eduardo Costa). Como resultado, começamos a cometer muitas faltas, algo que definitivamente não é característico de nossa defesa. A saída para o ataque começou a depender mais de triangulações e da velocidade de Fagner e Éder Luís. Tanta exigência respondeu rápido ao que me perguntei ao final da primeira etapa: Éder Luís sai lesionado aos 20 minutos do segundo tempo para a entrada de Leandro, seu substituto natural tanto tecnicamente quanto taticamente, como Ricardo Gomes já fizera inúmeras vezes.

Automaticamente, isso exigia muito mais do trabalho do centro-avante nos contra-ataques: Alecsandro precisaria dominar a bola de nossa saída de costas para o ataque a fim de distribuir o jogo para quem vem em velocidade. Infelizmente, nosso centro-avante ia muito mal nesse quesito: fraco no domínio, prendendo demais a bola e perdendo muitos passes apesar de seu inegável esforço. Com dificuldade para jogar no contra-ataque, sinto falta daquilo que nos deu a vitória contra o São Paulo. Quando uma estratégia perdeu efetividade deveríamos nter buscado outra que já deu ao Vasco vitórias importantes, procurando dominar o meio campo tanto em termos de pressão de marcação quanto na posse de bola, com passes simples e mais precisos.

Quando eu esperava, portanto, uma crescente pressão santista pela nossa própria ineficácia, Muricy Ramalho nos deu o que precisávamos. A entrada de Allan Kardec no lugar do seu lateral direito esvaziou as intermediárias em favor do extremo ofensivo do peixe. Assim, conseguimos conquistar mais espaços e posse de bola no meio campo, garantindo uma transição mais tranquila e sólida para o ataque sem, porém, imunidade contra as tentativas de ataque do Santos. Por mais que elas não tenham acelerado nosso coração vascaíno, elas existiram. Assim, morna, terminou a partida.

Fazendo uma análise geral, podemos observar:
1) O retorno da variação tática de 4-5-1 defensivo e 4-4-2 ofensivo, exigindo o trabalho de um meia e de um atacante praticamente como volantes abertos.
2) A insistência de Ricardo Gomes nesse esquema que funcionou muito bem no primeiro tempo mas foi neutralizado a partir dos primeiros minutos do segundo tempo. 
3) As substituições, ainda que por lesão, poderiam ter fugido do "seis por meia dúzia" habitual para tentar mudar o Vasco. A atuação de Leandro foi muito inferior à já mediana apresentada contra o São Paulo, a de Diego Rosa foi discreta (aceitável) e a de Elton foi bem definida pelo narrador do PFC: "tentando fazer o que não sabe" (passe de calcanhar e voleio magistral furando a bola).
4) Comento novamente, portanto, a insistência de Ricardo Gomes em queimar os dois centro-avantes. Alecsandro estava pior que de costume, apesar da lindíssima bicicleta, e saiu como o que não fez seu trabalho; e Elton entrou como de costume, faltando menos de 10 minutos pra tentar fazer "alguma coisa", e saiu sem fazer nada
5) Após falar dos destaques negativos, não poderia deixar de elogiar Romulo (em belíssima partida, importante na consistência defensiva e ajudando a anular Neymar no segundo tempo e com uma participação ofensiva muito boa, errando pouco e se apresentando bem para triangular), Fagner (que fez sua melhor partida depois do seu retorno, sem precisar usar de cruzamentos pra isso), Anderson Martins (o grande responsável por evitar as enfiadas de bola santistas), Dedé e Diego Souza, que dispensam quaisquer comentários.
6) É esta a primeira partida da temporada em que acho justo perguntar: "cadê o Chaparro?". Seria a primeira possibilidade de colocá-lo em sua posição de origem, volante pela direita. Entretanto, foi preterido por Diego Rosa que é cria da casa mas nunca fez uma grande partida pelos profissionais, ao contrário do hermano que, apesar de ter começado mal contra o Ceará no início do Brasileirão, recuperou-se e jogou muito bem.

Uma vitória importantíssima para uma sequência de jogos fundamental para nosso posicionamento no campeonato. Se pensarmos em nossa tabela, estamos atravessando agora, teoricamente, o momento mais complicado em termos de adversários. São as vitórias conquistadas nesse momento que poderão constituir "gordura" futura para a briga de fato pelo título nas últimas rodadas. Manter o embalo para enfrentar o clássico contra o Botafogo, que vem também em bom ritmo foi fundamental. É este o momento de fazer mais que a obrigação.

Contra o time da estrela solitária, partida em que um empate poderia ser aceitável segundo o planejamento clássico para brigar pelo título, teremos um momento interessante para acumular pontos para o futuro. Tanto por causa da Sul-Americana quanto por causa da disputa pelo título. Cabe agora aguardarmos as definições das lesões para imaginarmos a escalação da próxima partida.

Avante Gigante!!!
Abraços!

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