domingo, 7 de agosto de 2011

Pela primeira vez, não soubemos... (Bot x Vas)

É amigos,

Essa vergonhosa derrota para o time da torcida e da estrela solitária parece me permitir dizer que pela primeira vez desde que escrevo este blog não conseguimos alterar nosso funcionamento tático em função do adversário de maneira satisfatória. O que quer dizer?

Pela primeira vez, as alterações de Ricardo Gomes para construir uma adaptação contra a maneira de jogar do adversário e, assim, superá-lo a partir do posicionamento e função tática dos jogadores falhou. E falhou feio.

É nítido, porém, que do mesmo modo que vitórias do técnico devem ser creditadas ao grupo, não podemos creditar a derrota apenas a Ricardo Gomes. Porque quando se trata de série A do Campeonato Brasileiro (e até mesmo na série B, mas em menor escala) a goleada é algo esporádico, incomum e associada a sérios apagões. Tivemos um apagão tático? Sim. Mas não só isso, porque tivemos problema técnicos e até mesmo de esforço e nervos.

Após este panorama, gostaria de começar pela escalação do time: Prass; Fagner, Dedé, Anderson Martins; Márcio Careca; Romulo, Jumar, Felipe, Diego Souza; Éder Luís e Alecsandro. Tivemos o retorno ao jogo com dois laterais de ofício, o meio defensivo reforçado e a presença de Felipe e Diego Souza formando a dupla de armação e ataque no setor. No ataque, o desempre. O que essa escalação nos proporciona?
1) Teórico equilíbrio entre direita e esquerda, já que ambos os laterais têm a obrigação de defender e sobem alternadamente. Seria diferente se tivéssemos Jumar (quase exclusivamente defensivo) ou Julinho (muito mais ofensivo) na posição.
2) Na prática, porém isso não se verificou. Márcio Careca é muito fraco ofensiva e defensivamente e a dupla Fagner e Éder Luís estavam em um mau dia.
3) Um meio campo de marcação reforçada, com dois primeiro-volantes, associado a um jogador que cadencia e faz a bola correr e outro notável por arrancadas e força física para proteger a posse de bola. Nenhum dos dois, inicialmente, teve grande papel ofensivo pelas pontas.

Taticamente, destaco:
1) Éder Luís recuado na marcação da intermediária defesiva pela direita, apesar de não tão recuado quanto contra o Santos. Apesar disso, Elkeson fez o mesmo que o Santos faz com Neymar: caía pela ponta esquerda com muita frequência. Ali, o bloqueio foi mais frágil que contra o Santos, pois o povoamento era menos. Assim, nossa direita defensiva foi mais fraca e extremamente violada por Elkeson e Cortês que jogavam juntos ofensivamente no setor.
2) Assim, eram os flancos o foco dos ataques botafoguenses, e também os nossos problemas de marcação: aí temos uma questão tática apontada logo acima, mas que soma-se à questão técnica (problemas individuais dos jogadores) e ao próprio desempenho em decorrer do psicológico, o que justifica apagões.
3) Da mesma forma, apresentamos dificuldades defensivas com as enfiadas de bola, principalmente após as substituições que tentaram solucionar outros problemas: como o problema defensivo nos flancos e a dificuldade ofensiva que encontrávamos.
4) Dificuldade esta que devia-se à ineficiência das laterais: ambos os laterais estavam mal, Éder Luís estava mal, Diego Souza esteve menos preocupado em subir em diagonal para a ponta esquerda e Alecsandro reafirma sua má fase. O Vasco afunilava o jogo e dava de cara com volantes botafoguenses em bom dia e marcando adiantados na maioria das vezes. Quando tentava atacar pelos flancos, esbarrava tanto nas nossas deficiências técnicas momentâneas (foi um dia atípico) quanto no bom dia botafoguense. A organização defensiva deles nos complicava. 
5) Mas nos complicava mais ainda a ofensividade do Botafogo. Atacando pelos flancos, principalmente pela nossa direita, eles nos impediam de atacar com eficiência por ali e aproveitar bolas nas costas deles porque estavam sendo ali muito efetivos.

Foi esse problema tático que justificou a primeira alteração de Ricardo Gomes: Juninho no lugar de Careca, tranferindo Jumar para a lateral esquerda para reforçar o flanco. Perde-se na ofensividade da esquerda, mas ganha-se na marcação por ali. Ao mesmo tempo, fortalece a distribuição no meio-campo e enfraquece-se a marcação por ali. Essa alteração teve erro e acerto. Acerto porque precisávamos de uma lateral esquerda mais sólida. Mas erro porque a entrada de Juninho sempre significa empenho, bons passes, perigo para o adversário. Mas não é um jogador que invade em velocidade. Era disso que precisávamos.

E Ricardo Gomes percebeu isso. Mas percebeu já um pouco tarde.Tirou Éder Luís e colocou Julinho, bem aberto na ponta esquerda, como quando fez boa partida em sua estréia. Com isso, ficamos com um 4-5-1 interessante: Rômulo como volante, Felipe e Juninho se alternando na obrigação defensiva mais centralizados e Diego Souza e Julinho abertos nas pontas, apesar de o primeiro varias seu posicionamento para o de atacante também.

Logo esse esquema foi desmontado com a irresponsável expulsão de Diego Souza e com a consequente idéia de evitar mais gols. Entra Leandro no lugar de Felipe e formamos duas linhas de 4 jogadores para defender. Não funcionou. E acabou a partida.

Uma partida que mais deu errado do que certo.
1) A proposta de jogo inicial: viemos para jogar equilibrados, sem explorar as pontas que são a grande arma ofensiva do botafogo
2) Não aproveitamos a lição de partidas anteriores sobre como jogar contra times que depende das jogadas pelas pontas e laterais
3) Más substituições. Nenhuma delas foi no "seis por meia dúzia", o que foi surpeendente, mas saiu errado. Não há como questionar que era fundamental tirar Márcio Careca de campo, mas o substituto natural deveria ser Julinho pra jogar na meia esquerda quase como um ponta. Não há também como não pedir a entrada de Juninho: com a queda de produção de Felipe no segundo tempo, era a hora do "seis por meia dúzia". E, por fim, não se sabe o motivo da insistência com Leandro. Ele tenta fazer rigorosamente o papel tático de Éder, mas por limitações que não têm nada a ver com a tática, ele não consegue: é necessário aprender que substituir Éder Luís no "seis por meia dúzia" NUNCA nos será útil enquanto Leandro for seu reserva. Por que não Bernardo jogando exatamente como Julinho pela meia direita?
4) Existiram más atuações individuais e apagões, que não podem ser creditados à torcida, que só pegou no pé do Marcio Careca mesmo.
5) Vislumbro, porém um esquema tático interessante para nosso repertório, que já foi utilizado: Julinho como meia abertom na esquerda e Éder como ponta direita, centralizando Felipe, Juninho ou Diego Souza (um ou dois destes três) para organizar o jogo. É essa uma boa organização para furar retrancas e/ou jogar contra quem joga aberto nas pontas: se nossos jogadores abertos e os laterais estiverem em bom dia, é extremamente difícil de defender. Foi o que fez o Foguinho em nossa defesa, principalmente na nossa direita.

Em uma partida extremamnente importante, tropeçamos. Em meio a uma sequência dificílima. Claro que é recuperável, mas precisaremos compensar futuramente os pontos perdidos com essa derrota. E uma derrota inquestionável, diferente de outros tropeços passados.

Já dizia a música: "Reconhece a queda, mas não desanima. Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima". Precisamos levantar a cabeça tanto para iniciarmos bem na Sul-Americana quanto para nos recuperarmos no Brasileirão. Em termos de planejamento, precisaremos "sentir" qual nos dará mais frutos para investir pesado. Por mais que esperemos empenho nas duas competições, uma prioridade terá que ser lançada.

A falta de uma prancheta para esta partida até aqui tem motivo: boa parte foi acompanhada pelo rádio, e boa parte do desenho tático está presente em pranchetas anteriores:
1) O posicionamento e  marcação nos flancos se assemelha, com menos força, ao feito contra o Santos
2) O desenho tático vislumbrado por Gomes com a entrada de Julinho apareceu contra o São Paulo e mais ainda contra o Atlético-MG
3) O momento com Romulo, Juninho, Felipe, Diego Souza e Julinho em campo foi o único nunca ilustrado. Para não deixar ao sabor da imaginação, ilustro abaixo, sem deixar de ressaltar que isso foi pouquíssimo significativo para esta partida pelo pouco tempo que isso durou. Porém, temos aí algo relevante como perspectiva. E este é um bom momento para encerrar com perspectivas.
Um grande abraço a todos!

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