domingo, 21 de agosto de 2011

Time campeão precisa... (Vas x Flu)

Time campeão precisa ganhar clássico!

Infelizmente minhas expectativas ficaram pra trás. Um Fluminense em crise e desacreditado conseguiu ser superior técnica e taticamente ao nosso Trem Bala da Colina. Isso quer dizer que estamos mal? Não. Mas é um importante alerta. Nosso fim de Brasileirão será muito complicado, e precisamos ganhar os clássicos cariocas se quisermos realmente a taça. Não foi hoje o clássico mais importante do primeiro turno, mas foi a preparação para ele. Poderíamos ter garantido a possibilidade de entrar em campo no fim de semana contra o urubu por cima na tabela.

Claro que o empate de hoje não foi de todo ruim, já que a rodada de nossos adversários mais diretos foi também ruim. Mas é nesses momentos que o time campeão mais precisa se diferenciar. Aproveitar as oportunidades mais difíceis nas rodadas mais favoráveis. Não é o fim do mundo, e nem foi um empate para nos tirar as esperanças porque continuamos no bolo de cima da tabela, próximos do primeiro colocado. Mas o momento mais propício a uma arrancada vascaína está próximo e precisamos garantir a ponta e uma certa folga no nosso momento mais fácil do segundo turno para que consigamos administrar a disputa pelo título no fim com mais folga.

Historicamente, nada para o Vasco é fácil. A conquista da Copa do Brasil mostrou isso e me motiva a desde hoje dizer: o Vasco começou o campeonato buscando, e o terminará na disputa sem facilidade, mas brigando pelo título. Para garantir isso, precisamos já vencer o Flamengo. E uma etapa dessa vitória será a disputa pela classificação contra o Palmeiras na Sul-Americana. Ainda que seja um outro campeonato, é uma partida importante, onde não podemos relaxar. Conhecendo nossa torcida, precisamos mais do que nunca de ânimo durante a semana para lotar o Engenhão no fim dela. E isso será importante.

Após as conjecturas, comentemos diretamente a partida. Há muito tempo não víamos o Vasco sendo inferior por todo o tempo. Foi essa a tônica da partida, que poderia ter terminado pior. Nossa sólida zaga estava num dia de produzir perigo contra o próprio patrimônio mas, alguma força superior fez com que o ataque colorido fosse menos efetivo que de costume. O meio-campo estava menos bem colocado defensivamente do que de costume, o que complicou nossa vida pelas laterais, ao mesmo tempo que não foi muito efetivo na organização e transição para o ataque: fomos "vítimas" de um grande povoamento tricolor no meio, abafando nossa transição e, por vezes, a própria saída de bola. E o ataque não se mostrou muito diferente: Alecsandro mal na função e Éder Luís esforçado, mas pouquíssimo efetivo.

Hoje, não vencemos nem convencemos. Nos momentos iniciais da partida perdemos Julinho, antes que o time pudesse se ajustar em campo ao jogo tricolor. A entrada precoce de Eduardo Costa deslocou Jumar para a esquerda, de maneira que tivemos uma figura já recorrente. Curioso, parece que Ricardo Gomes agora resolveu optar por definir um padrão tático. Há algumas partidas (não muitas, mas já temos algo significativo), atacamos num 4-4-2 clássico e nos defendemos com uma linha de 3 volantes, com um meia à sua frente. Após tantas vezes afirmar que o Vasco apresentava uma vantagem ao não possuir um padrão mas estar sempre bem-treinado, vejo o Vasco repetir não a escalação, mas a maneira de jogar, nas últimas 4 partidas.

Claro que existem pequenas diferenças, inclusive em função da escalação do time e na variação ao longo da partida. Mas este me parece um dado significativo. Será que jogaremos assim também contra Palmeiras e Flamengo? Será que Felipão conseguirá fechar mais o cerco ao nosso esquema caso o repitamos? Vejam as semelhanças:


Ofensivamente,  tivemos como tônica a função organizadora de Juninho e Diego Souza entrando mais pela ponta esquerda, mas com alguma liberdade para outros posicionamentos. Da mesma forma, a função de Éder Luís foi repetida ofensivamente, saindo em velocidade pela ponta direita para jogar principalmente com Fagner, mas também com Juninho em tabelas, o que foi bastante trabalhado. A única diferença, mais sutil, nessa questão foi o aparecimento de Eduardo Costa com funções mais avançadas no meio campo: distribuir jogadas simples pela meia esquerda, o que ele fez relativamente bem, já que subir não é a praia de Jumar. Fora isso, nada fora dos padrões, inclusive a má atuação de Alecsandro.

Defensivamente tivemos uma tática ligeiramente diferente. Éder Luís não foi mais o responsável pelo combate inicial na ponta esquerda, posicionando-se mais à frente e, ainda assim, terminando o jogo bastante cansado. Seria, talvez, o caso de poupá-lo em algum momento próximo para procurar uma recuperação do atacante (claro que as próximas duas partidas não são bons momentos para tal). Jumar foi importante na marcação, e posicionava-se como um terceiro zagueiro quando o Fluminense atacava pelo outro flanco, o que lhe criou problemas para acompanhar as viradas de jogo tricolores reposicionando-se como lateral. Á frente da zaga, uma linha de três volantes, onde Juninho muito exigido marcou menos que de costume, não deu tanta proteção aos laterais. Isso foi compensado pela boa marcação de Jumar na esquerda, mas Fagner encontrou dificuldades, apesar de uma boa avaliação pessoal do jogador.

Assim, Dedé e Romulo foram constantemente vistos na cobertura do setor. Isso, que não vinha acontecendo, me parece a mudança táticatime compacto.

A estratégia não foi muito efetiva, pois naturalmente exige mais esforço e preparo físico ao chamar o adversário e necessitar de saída em velocidade descompactando a formação. Isso, pra mim, não é retranca como se poderia pensar. É apenas um estilo de jogo: esse foi um bom comentário feito no PFC, que constatou essa diferença entre os esquemas de Gomes (compacto, marcando atrás) e Abel (esparso, com marcação consideravelmente mais adiantada).

No segundo tempo a queda de rendimento de Éder Luís e Juninho motivou mudanças: Bernardo e Leandro. Mudanças diferentes das últimas partidas, pois o contexto era outro. Mas taticamente, o mesmo quadro. Leandro buscava fazer a função de Éder e Bernardo caía para a meia esquerda de Diego Souza, que ficou na função de Juninho. Infelizmente, Diego estava também num dia desligado, que fez lembrar a sonolência de um passado recente. Ofensivamente, uma pequena mudança. Na defesa, algo um pouco mais consistente: Diego Souza não compôs tanto a linha de 3 volantes, posicionando-se, em alguns momentos, à frente de Romulo e Eduardo para distribuir as jogadas para Bernardo e Leandro, que jogavam pelas pontas:

Durante toda a partida, portanto, tivemos um Vasco desequilibrado entre as laterais ofensiva e defensivamente. Este me parece o maior destaque. Enquanto o flanco direito ofensivo era superpovoado com Fagner, Éder Luís (Leandro) e Juninho, o lado esquerdo ficava dependente de Diego Souza (Bernardo) com jogadas individuais que poderiam ter funcionando se eles estivessem num bom dia. Já defensivamente, o lado direito mostrou-se mais frágil porque em vez de Fagner ser o responsável pela cobertura, era dele o primeiro combate na maioria das situações enquanto no lado esquerdo tínhamos Jumar que quase nunca compromete em suas funções defensivas.

Além desse desequilíbrio, observamos, novamente, as teimosias de Ricardo Gomes. É um dos melhores do Brasil, mas seria ainda melhor se escolhesse com alguma lógica aparente seu centro-avante. Após um post inteiro sobre o trabalho do centro-avante no meio desta semana, onde mais uma vez comentei que escolher entre Elton e Alecsandro é uma questão de momento, não vejo justificativa para a escolha do segundo, ainda que no geral e na carreira ele seja realmente melhor que Elton. Insisto que o ideal é mantermos um dos dois por 90 minutos, mas não vi motivo para que Elton fosse novamente barrado. Soma-se a isso a mesma insistência com Leandro, atenuada pelo cansaço de Éder, mas ainda assim inexplicável.

Termino o post reiterando: apesar de uma má atuação, não há motivos para pessimismo com relação ao todo do campeonato. Todos tropeçam, e todos tropeçaram nessa rodada. Dos maus resultados, o nosso foi o "menos pior", pois foi num clássico e nos manteve basicamente inalterados no bolo que, hoje, disputa o campeonato. O momento bom para o destaque ainda não é esse.

Updates: algumas coisas que pensei e acabei esquecendo de comentar no decorrer da análise:

-A falta de Felipe foi nítida hoje por dois motivos: não temos nenhum outro jogador canhoto para a meia e ele é craque. Nos resta esperar que sua cirurgia seja um sucesso e que retorne logo. Foi surp´reendente saber que ele estava jogando no sacrifício desde o ano passado.

-O nosso problema com os centro-avantes poderia, talvez, ser resolvido com Diego Souza. Lembrando do comentado no último post, ele tem um domínio e proteção da bola infinitamente superior ao de Elton e Alecsandro. Se não jogarmos sobre ele a responsabilidade do gol em si, ele pode dar um bom pivô como já foi insinuado em outras situações em que ele entrou como centro-avante

Que nos incentivemos com uma vitória sobre o Palmeiras!
Abraços!

Um comentário:

  1. Minha ideia pra compensar a falta de um centro avante é a seguinte: O Vasco RARAMENTE, usa de cruzamentos na área, ele até chega a linha de fundo no contra ataque, mas não tem constume e necessidade de jogar com um centro avante fixo, pq não colocar o Kim que tbm é um jogador forte, mais habilidoso que o Cone e MUITO mais rapido pra fazer dupla com o Eder lá na frente ? revezando com o DS quem vai ser a referencia, já é assim mesmo com o Cone, ele e DS ficam revezando quem fica mais à frente pq o Cone sai mto da area e não consegue entrar nela de novo à tempo. Eu não conheço o futebol do Kim, mas conheço o do Diego e do Eder que já jogou como referencia com o Zé Roberto no vasco e fazia gol pra caramba..

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